Parlamento derruba premiê francês

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O Parlamento francês aprovou nesta quarta-feira, 4, uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro Michel Barnier. Ele será obrigado a renunciar nos próximos dias, menos de três meses após assumir. A queda representa uma derrota dura para o presidente Emmanuel Macron, que entra em nova turbulência política.

A moção de desconfiança foi apresentada pela Nova Frente Popular (NFP), aliança de esquerda, e apoiada pelo Reagrupamento Nacional (RN), partido de extrema direita de Marine Le Pen. No total, 331 deputados votaram para destituir Barnier, bem acima da maioria de 288 votos necessários.

Barnier, o breve

Foi o primeiro voto de desconfiança bem-sucedido na França em mais de 60 anos, o que fez do governo de Barnier o mais curto da história da Quinta República - em vigor desde 1958. A queda ocorre em um momento delicado para o país, que luta contra o déficit orçamentário e o aumento da dívida.

Para completar o cenário externo ruim, o apoio de Macron à Ucrânia será testado pelo novo presidente dos EUA, Donald Trump, e sua maior parceira na Europa, a Alemanha, também está em crise - o chanceler alemão, Olaf Scholz, foi obrigado a antecipar as eleições para fevereiro.

Macron continua no poder, mas sai menor da votação de ontem. Seu capital político vem se deteriorando desde que ele decidiu, de forma surpreendente, dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, em junho.

Três partes

O resultado foi uma divisão do Parlamento em três forças quase irreconciliáveis entre si: os esquerdistas da NFP saíram das urnas como o maior partido, elegendo 180 deputados; seguidos da coalizão centrista Juntos, de Macron, com 159 parlamentares; e dos ultraconservadores do RN, com 142.

A NFP tentou emplacar o novo premiê, indicando alguns nomes, todos rejeitados por Macron. Ignorando o resultado da eleição, ele acabou optando por Barnier, um moderado de centro-direita, que só foi aprovado pelo Parlamento graças ao apoio constrangido de Le Pen. A manobra enfureceu a coalizão de esquerda, que passou a fazer oposição intransigente ao novo governo.

A queda parecia inevitável depois que Barnier decidiu usar um atalho constitucional para aprovar o orçamento sem o aval do Parlamento, na segunda-feira, 2. O premiê não tinha opção, já que a proposta previa reduzir de uma tacada só o déficit em € 60 bilhões (R$ 380 bilhões) - € 20 bilhões em aumento de impostos e € 40 bilhões em cortes de gastos.

O principal objetivo era restaurar as finanças públicas da França, atacando o déficit orçamentário de 5,5% do PIB em 2023, projetado para aumentar para 6,1% do PIB este ano, quase o dobro do máximo permitido na zona do euro. "Precisamos ir além de nossas divisões", disse ontem o premiê, em um último apelo para evitar a derrota.

Renúncia

Com a votação de ontem, Le Pen conseguiu o que queria. Ela mesma reconheceu que seu verdadeiro alvo não era Barnier, mas Macron, que a derrotou duas vezes nas eleições presidenciais e não pode disputar a reeleição em 2027.

Le Pen quer abreviar a carreira política de Macron. Alguns membros do RN e seu partido exigem sua renúncia. "Macron não tem escolha a não ser renunciar", disse Le Pen ao jornal Le Monde, na semana passada. Analistas e aliados de Macron dizem que é improvável que ele deixe o cargo. O próprio presidente chamou a ideia de "ficção". Sua posição, porém, é mais frágil do que nunca. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.