Avistamentos misteriosos de drones continuam nos céus dos EUA; veja o que se sabe até agora

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Um grande número de drones misteriosos foi relatado sobrevoando Nova Jersey e a região leste dos Estados Unidos nas últimas semanas, despertando especulações e preocupações sobre sua origem e propósito. O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, e o senador americano Andy Kim realizaram buscas por respostas.

O FBI, o Departamento de Segurança Interna, a polícia estadual e outras agências estão investigando os avistamentos. Murphy e autoridades policiais afirmaram que os drones não parecem representar uma ameaça à segurança pública, mas muitos legisladores estaduais e municipais pediram regras mais rígidas sobre quem pode operar aeronaves não tripuladas - e até permissão para abatê-las.

O que está acontecendo com os drones em Nova Jersey?

Dezenas de testemunhas relataram ter visto drones em todo o Estado desde meados de novembro, inclusive próximo ao Arsenal de Picatinny, uma instalação militar de pesquisa e fabricação, e sobre o campo de golfe de Donald Trump, presidente eleito, em Bedminster.

Murphy, democrata, afirmou na segunda-feira (16) que equipamentos fornecidos pelo governo federal trouxeram poucas novas informações. Ele se recusou a descrever os equipamentos, exceto por dizer que eram poderosos e poderiam até "neutralizar" os drones, embora tenha acrescentado que isso não é legal atualmente em solo americano.

O Estado registrou 12 avistamentos no sábado, 14, e um no domingo (15). Murphy pediu ao Congresso que dê mais autoridade aos Estados para lidar com os drones.

Os drones representam uma ameaça?

A crescente ansiedade entre alguns moradores não passou despercebida pelo governo Biden, que enfrentou críticas de Donald Trump por não lidar com o assunto de forma mais agressiva. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse na segunda-feira (16) que o governo federal ainda não identificou riscos à segurança pública ou nacional relacionados aos relatos de drones no nordeste dos EUA, afirmando que as autoridades acreditam que eram drones voando legalmente, aviões ou até estrelas.

"Existem mais de 1 milhão de drones legalmente registrados junto à Administração Federal de Aviação (FAA) nos Estados Unidos", disse Kirby. "E há milhares de drones comerciais, de hobby e de aplicação da lei no céu em qualquer dia. Esse é o ecossistema com o qual estamos lidando."

O governo federal implantou pessoal e tecnologia avançada para investigar os relatos em Nova Jersey e outros Estados e está avaliando cada denúncia feita por cidadãos, acrescentou Kirby. O FBI recebeu mais de 5 mil denúncias nas últimas semanas, sendo que apenas "cerca de 100" foram consideradas críveis o suficiente para exigir investigação adicional.

Quem está operando os drones?

As autoridades dizem que não sabem. O Departamento de Segurança Interna e o FBI afirmaram que não há evidências de que as aeronaves representem "uma ameaça à segurança nacional ou pública ou tenham conexão estrangeira."

Ainda assim, especulações surgiram online, com algumas pessoas preocupadas que os drones possam fazer parte de um complô nefasto por agentes estrangeiros. Funcionários enfatizam que as investigações em andamento não encontraram evidências para tais preocupações, mas o legislador republicano Chris Smith ecoou, no sábado, essa especulação.

"As manobras evasivas desses drones sugerem uma sofisticação de grandes potências militares que levanta a questão de se eles foram implantados para testar nossas capacidades de defesa - ou pior - por ditaduras violentas, talvez por Rússia, China, Irã ou Coreia do Norte", disse ele.

Na segunda-feira, o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, lançou dúvidas sobre a possibilidade de os drones estarem coletando inteligência, dado o barulho e a luminosidade que emitem. Ele destacou que cerca de 1 milhão de drones estão registrados nos EUA, com cerca de 8 mil voando cada dia. A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, afirmou que as aeronaves não são drones militares dos EUA.

Operadores de drones presos

Em Boston, a polícia da cidade prendeu dois homens acusados de operar um drone "perigosamente perto" do aeroporto Logan no sábado à noite. Autoridades disseram que um oficial usando tecnologia de monitoramento de drones detectou a aeronave e a localização dos operadores.

Um terceiro homem fugiu da polícia e continua foragido. As autoridades informaram que os dois homens enfrentarão acusações de invasão de propriedade e podem enfrentar mais acusações e multas.

Base da Força Aérea de Ohio fecha o espaço aéreo

Drones voando em torno da Base Aérea de Wright-Patterson, perto de Dayton, Ohio, forçaram os oficiais da base a fechar o espaço aéreo por cerca de quatro horas, entre a noite de sexta-feira e o início do sábado, disse Robert Purtiman, porta-voz da base.

Foi a primeira vez que drones foram avistados na base, uma das maiores do mundo, e nenhum avistamento foi relatado desde então, informou Purtiman na segunda-feira. Ele disse que os drones não tiveram impacto em nenhuma instalação da base.

Autoridades pedem ação contra os drones

O presidente eleito, Donald Trump, afirmou na segunda, 15, acreditar que o governo sabe mais do que está revelando. "Deixem o público saber, e agora. Caso contrário, abatam!!!", postou ele no Truth Social.

O senador Richard Blumenthal, de Connecticut, pediu na semana passada que os drones fossem "abatidos".

O legislador republicano Chris Smith instou o Pentágono a autorizar o uso da força para derrubar um ou mais drones a fim de descobrir quem os enviou. Os objetos poderiam ser abatidos sobre o oceano ou em uma área despovoada em terra, disse Smith no sábado. "Por que não conseguimos capturar pelo menos um desses drones e chegar ao fundo disso?" questionou Smith.

O xerife do condado de Monmouth, Shaun Golden, alertou que os membros do público não devem tentar derrubar drones, pois isso violaria leis estaduais e federais.

Drones avistados sobre Nova York

Avistamentos de drones também foram relatados em Nova York, onde uma permissão é obrigatória. O prefeito Eric Adams disse que a cidade está investigando e colaborando com Nova Jersey e autoridades federais. As pistas do Aeroporto Internacional Stewart - cerca de 100 quilômetros ao norte da cidade - foram fechadas por cerca de uma hora na sexta-feira à noite devido à atividade de drones, afirmou a governadora Kathy Hochul.

"Isso foi longe demais", disse ela em comunicado. A governadora pediu ao Congresso que fortaleça a supervisão sobre drones e dê mais autoridade investigativa às autoridades estaduais e locais.

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Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.

Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".

O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu neste sábado, 19, às críticas feitas em artigo da revista The Economist que diz que o ministro Alexandre de Moraes tem "poderes excessivos" e que o tribunal enfrenta "crescentes questionamentos". Em nota assinada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o STF defendeu a atuação de Moaes e negou que haja uma crise de confiança na instituição.

"O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais", afirmou o tribunal.

A revista inglesa afirmou que o Supremo poderia agravar sua crise de confiança diante dos brasileiros caso o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguisse na Primeira Turma do tribunal, em vez de ser levado ao plenário. O texto também fez críticas a Barroso, aos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e apontou que Moraes tem "poderes excessivos" nas decisões da Corte.

Em resposta, o STF afirmou que o julgamento de ações penais contra autoridades segue o rito previsto no procedimento penal, que determina que esses casos sejam analisados pelas turmas, e não pelo plenário. "Mudar isso é que seria excepcional", destacou a nota assinada por Barroso.

Barroso rebateu a sugestão de suspender Moraes do julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente ofendeu quase todos os integrantes do Supremo e, "se a suposta animosidade em relação a ele pudesse ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder ser julgado". Ele ainda classificou Moraes como um juiz que "cumpre com empenho e coragem o seu papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente".

O STF também negou que exista uma crise de confiança na instituição e citou dados do Datafolha, divulgados em março de 2024, para sustentar o argumento. Ao mencionar os dados, no entanto, Barroso usou o percentual atribuído ao Poder Judiciário como um todo, cuja confiança é maior, se comparada à da Corte, com 24% que confiam muito, 44% que confiam um pouco e 30% que não confiam.

Segundo a pesquisa, 21% dos entrevistados disseram confiar muito no Supremo, 44% confiam um pouco e 30% não confiam. Para a Corte, isso demonstra que a maioria da população mantém algum nível de confiança no tribunal.

A nota ainda destacou que decisões monocráticas citadas pela revista foram posteriormente ratificadas pelos demais ministros. Entre elas, a suspensão do X (antigo Twitter), que foi determinada pela ausência de representante legal da empresa no Brasil, e não por algum conteúdo publicado na plataforma. A medida foi revertida após a indicação de um representante.

"Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado. O presidente do Tribunal nunca disse que a Corte 'defeated (derrotou) Bolsonaro'. Foram os eleitores", declarou o STF.

Barroso afirmou ainda que, apesar de a reportagem citar "algumas das ameaças sofridas pela democracia" no País, deixou de mencionar as tentativas de invasão da sede dos três Poderes em Brasília nos ataques de 8 de janeiro por uma "multidão insuflada por extremistas" além das tentativas de explosão de bomba no STF e no aeroporto de capital. A nota cita ainda o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes.

"Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina", concluiu Barroso.