Investigação sobre queda de avião foca em erro da defesa aérea russa

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Investigadores e especialistas de EUA e Azerbaijão passaram a se concentrar ontem na possibilidade de um míssil do sistema de defesa aérea da Rússia ter atingido o avião da Azerbaijan Airlines, que caiu no Casaquistão no dia de Natal, matando 38. Rússia e Casaquistão tentaram minimizar as especulações. Assim como o Azerbaijão, eles conduzem investigações criminais, que terão apoio do Brasil, já que o avião foi fabricado pela Embraer.

Especialistas em aviação questionam a alegação de uma agência russa de aviação de que a aeronave se chocou com um bando de pássaros e por isso precisou fazer um pouso de emergência a cerca de 434 quilômetros de seu destino inicial. O avião partiu da capital do Azerbaijão, Baku, e seguia para Grozny, na Rússia. No entanto, o acidente ocorreu perto de Aktau, no Casaquistão, do outro lado do Mar Cáspio.

Segundo os especialistas, as imagens do local do acidente mostram buracos na fuselagem do avião que dificilmente teriam sido causados por pássaros. Agências de notícias russas também chegaram a atribuir a queda a problemas com neblina, o que também não explicaria os danos citados.

A aeronave voava no momento em que ataques de drones ocorriam ao redor de Grozny e os sistemas de defesa aérea russos estavam respondendo, de acordo com relatos da mídia local. A aeronave foi obrigada a desviar a rota. Havia 62 passageiros e 5 tripulantes a bordo.

INQUÉRITO

Segundo o jornal britânico Guardian, no mesmo dia do acidente houve especulação na mídia russa de que o avião poderia ter sido abatido pelo sistema antimísseis russo. Ontem, funcionários da inteligência americana, que falaram sob condição de anonimato, afirmaram que indicações preliminares mostravam que o avião foi abatido por um sistema antiaéreo russo, muito provavelmente por um míssil terra-ar, em um ato de imprudência, não ação deliberada, segundo o New York Times.

Dois azerbaijanos, com conhecimento do inquérito do governo, disseram à agência Reuters que autoridades do país e investigadores do caso acreditam que um sistema de defesa russo Pantsir-S danificou o avião. As fontes também falaram sob condição de anonimato.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, criticou as especulações sobre as causas do incidente antes da conclusão do inquérito. O presidente do Senado do Casaquistão, Mäulen Äimbaev, também enfatizou que a causa ainda era desconhecida, indicando que nenhum dos países envolvidos tinham "interesse em ocultar informações". O governo do Casaquistão tem uma relação amistosa com Moscou de Vladimir Putin.

Falando em uma entrevista coletiva no dia do acidente, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que era muito cedo para especular sobre as razões por trás do acidente e chegou a citar as condições climáticas como causa.

Os comentários foram feitos logo depois que o membro do governo ucraniano Andri Kovalenko afirmou no X que a aeronave havia sido "abatida por um sistema de defesa aérea russo". Ele citou imagens de dentro do avião que mostravam "coletes salva-vidas furados".

REGIÃO SOB ATAQUE

O Flightradar24, um serviço de rastreamento de voos, informou que o jato Embraer 190 foi submetido a interferência de radar e falsificação de dados de GPS perto de Grozny, e durante parte de sua rota não enviou informações.

Segundo os dados disponíveis, o avião teve problemas com o controle de altitude, e o serviço citou imagens do local do acidente que mostrariam "danos por perfuração" em parte da aeronave.

Interferências de radar podem ocorrer em regiões de conflito intenso, especialmente envolvendo drones.

A área ao redor de Grozny tem sido cenário de batalhas aéreas nas últimas semanas com drones, geralmente lançados pela Ucrânia, e mísseis disparados pelos russos. Uma autoridade na Chechênia disse que outro ataque de drones na região foi repelido naquele dia, embora autoridades federais não o tenham relatado.

A Osprey Flight Solutions, uma empresa de segurança de aviação, disse em uma nota aos seus clientes que o avião provavelmente foi atingido por disparos da defesa aérea russa "durante um incidente de identificação incorreta".

BRASIL

A Força Aérea Brasileira (FAB) afirmou ontem ter enviado três investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) para oferecer suporte técnico à investigação. A colaboração do país fabricante da aeronave faz parte dos protocolos do Anexo 13 da Convenção sobre Aviação Civil Internacional, do qual Brasil e Casaquistão são signatários.

A Embraer também afirmou ter enviado uma equipe de especialistas ao local para prestar assistência técnica na investigação. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O advogado do general da reserva Walter Souza Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o tenente-coronel Mauro Cid é um "mentiroso contumaz". Ele também declarou que pretende solicitar uma acareação - procedimento utilizado para confrontar informações prestadas à Justiça - entre seu cliente e Cid. O acordo de delação premiada de Cid é peça no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado, no qual Braga Netto é investigado.

Em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, o criminalista afirmou também que, após o Ministério Público Federal (MPF) apresentar a denúncia e os investigados se tornarem efetivamente réus, a participação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo será questionada. De acordo com Lima, o motivo é o fato de o ministro ser parte envolvida como vítima, uma vez que o plano de golpe previa o assassinato de Moares.

"Caso ele (Alexandre de Moares) participe do julgamento, no momento oportuno, terei que alegar a nulidade do julgamento com base em uma defesa técnica", disse Lima, acrescentando que sua preocupação é que o julgamento não seja político, mas, sim, técnico "Realmente não fico confortável, após a apresentação da denúncia, que o ministro Alexandre de Moraes, que teria sido vítima desse suposto golpe, atue no julgamento", afirmou.

José Luis Oliveira Lima, conhecido como Juca, esclareceu também que solicitará o procedimento de apuração dos fatos assim que tiver acesso aos autos. "Vou pedir uma acareação entre Braga Netto e o Cid. Quero os dois ali, um na frente do outro", disse. Ele sugeriu ainda que a delação premiada do tenente-coronel, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, teria sido feita sob coação policial, após Cid permanecer preso por mais de 100 dias.

Durante a entrevista, também afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes de prender Braga Netto sob a acusação de obstrução da Justiça é "desprovida de prova concreta". Ele argumentou que o ministro teria sido induzido ao erro por um relatório enviesado produzido pela Polícia Federal.

"Preciso registrar, evidentemente, o meu respeito pelo Supremo, pela Polícia Federal e pelo ministro Alexandre de Moraes... (Mas Moraes) é humano, e humano também erra", declarou o advogado, que conta com mais de três décadas de experiência e trânsito nos tribunais superiores do País. Lima já trabalhou em casos de grande repercussão. Ele defendeu nomes como o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães e o humorista Marcius Melhem.

Porém, ao ser questionado por jornalistas, o advogado evitou responder diretamente. Durante a entrevista, Lima indicou que a defesa de Braga Netto tentará desacreditar a delação premiada de Cid, tratando o tenente-coronel como mentiroso. O advogado foi lembrado de que as acusações contra o general não se baseiam apenas nas declarações de Cid, mas também em documentos e provas concretas.

Um exemplo citado foi uma conversa entre Braga Netto e um agitador, no contexto de pressionar comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe para manter Jair Bolsonaro no poder. Quando confrontado com essas provas, o advogado se esquivou, afirmando não ter tido acesso aos autos e que, se entrasse nesse debate, estaria atuando como comentarista, não como advogado.

Ele também afirmou ter conversado com Braga Netto apenas cinco vezes e estar à frente da defesa do general há apenas dez dias. Em entrevista ao canal GloboNews, Lima repetiu a declaração feita ao Estadão, dizendo que não pretende utilizar uma delação premiada como estratégia de defesa. Segundo o advogado, como seu cliente não cometeu crime, não há o que ser delatado.

O vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), assumiu nesta sexta-feira, 27, o cargo de governador interino enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) tira 15 dias de licença.

Segundo comunicado enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o afastamento, iniciado em 18 de dezembro, foi motivado por assuntos particulares, incluindo uma viagem ao exterior, onde Tarcísio passa o recesso com a família. Ele deve retomar o cargo em 11 de janeiro.

Ramuth foi prefeito de São José dos Campos entre 2017 e 2022 antes de integrar a chapa de Tarcísio pelo PSD. Previamente, Ramuth teve uma longa carreira no PSDB, partido pelo qual atuou por 28 anos. É evangélico e tem formação em administração com MBA em gestão pública pela FGV.

Apesar de ter criticado Tarcísio e Jair Bolsonaro (PL) durante a pré-campanha, Ramuth alinhou-se ao grupo, chegando a participar de um ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista em fevereiro, na capital. Durante o evento, comentou sobre um suposto esforço do governo federal para enfraquecer lideranças de direita.

A experiência administrativa de Ramuth inclui passagens como presidente da Urbam (Urbanizadora Municipal de São José dos Campos), secretário municipal de Transportes, secretário de projetos especiais de Comunicação e gestor de mobilidade urbana na Frente Nacional de Prefeitos.

No cenário político, Ramuth equilibra a convivência com bolsonaristas e a independência de seu partido. Durante as eleições municipais de 2024, apoiou Anderson Farias, (PSD) reeleito em São José dos Campos, enfrentando antigos aliados como Eduardo Cury (PL).

Antes da política, sonhava em ser ator e dançarino. Estrelou a peça O Gênio do Crime com Caco Ciocler e se dedica à dança folclórica israelita.

Ramuth, que lidera ações do Estado na cracolândia, descarta ampliar estratégia de internação compulsória de usuários de droga e aposta no uso de câmeras inteligência no controle dos problemas da região. Quanto aos ataques de dependentes químicos a ônibus e caminhões de lixo em 2023, que geraram caos na região, Ramuth afirmou ao Estadão que foram "reações às ações corretas" do poder público.

O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou o atual prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (sem partido), como secretário de Segurança Urbana da cidade, em seu Instagram, nesta sexta-feira, 27. "Espero trazer bons resultados de experiências bem-sucedidas que tivemos, dentre elas o programa 'Noite Tranquila'", disse Morando, resposta a Nunes em vídeo publicado na rede social.

O programa mencionado consiste em operações de bloqueio a veículos equipados com aparelhagem de som aos fins de semana na cidade sob a gestão de Morando, fazendo uso das polícias Militar e Civil desde maio de 2017. Trata-se de iniciativa de combate aos chamados "pancadões" e festividades periféricas, que, muitas vezes, geram ocorrências de perturbação.

Além disso, o prefeito de São Bernardo deixou o PSDB recentemente e criticou correligionários, afirmando que seus valores haviam sido feridos. "Expuseram práticas incompatíveis com os princípios da ética e da democracia, nos comandos de Eduardo Leite, Aécio Neves e Paulo Serra", afirmou o ex-tucano, referindo-se ao governador do Rio Grande do Sul, o deputado federal por Minas Gerais e o prefeito de Santo André, respectivamente.

Na eleição municipal de 2024, Morando tentou eleger a sua própria sobrinha como sucessora, a candidata Flávia Morando (União Brasil). No entanto, ela terminou em quarto lugar, com 21,38%. Após a derrota, Flávia foi nomeada como secretária especial parlamentar de sua tia, a deputada estadual Carla Morando (PSDB), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).