Hamas diz que devolverá corpos de família-símbolo do atentado de 7 de outubro em Israel

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O Hamas disse nesta terça-feira, 18, que entregará os corpos de quatro reféns israelenses na próxima quinta-feira, 20, incluindo de membros da família Bibas, e seis reféns vivos dois dias depois, no sábado, 22. O grupo terrorista não especificou, mas se acredita que os corpos serão de Shiri Silberman Bibas e seus dois filhos pequenos, Ariel e Kfir.

O gabinete do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu confirmou em uma declaração que "entendimentos" foram alcançados para o Hamas libertar os 10 reféns vivos e mortos esta semana e mais quatro corpos devem ser libertados na próxima semana. Os seis são os últimos reféns vivos a serem libertados sob a primeira fase do cessar-fogo. Ambos os lados ainda precisam negociar a segunda e mais difícil fase, na qual o Hamas libertaria dezenas de outros reféns em troca de um cessar-fogo duradouro e uma retirada israelense.

Por mais de um ano, muitos israelenses e outras pessoas ao redor do mundo ficaram angustiados com os destinos de Shiri e seus dois filhos pequenos que foram capturados pelo Hamas e levados para a Faixa de Gaza durante o ataque de 7 de outubro de 2023 a Israel.

As esperanças de que eles seriam libertados todos vivos se dissipou nesta terça, quando o grupo informou que devolveria ao menos um de seus corpos esta semana. Oficiais israelenses depois advertiram contra a disseminação de "rumores" a respeito dos reféns sem comentar a fundo sobre a declaração do Hamas.

Para muitos israelenses, o sequestro de Shiri Bibas, seu marido, Yarden, e seus filhos ruivos - Ariel, que tinha 4 anos na época, e Kfir, que ainda não tinha nem 9 meses de idade - resumiu a crueldade do ataque liderado pelo Hamas. O sequestro da família se tornou um clamor tanto para aqueles que apoiavam um acordo para terminar a guerra e negociar a liberação rápida dos reféns, quanto para aqueles que acreditavam que Israel deveria continuar lutando até que o Hamas fosse destruído.

A notícia de que o Hamas entregaria os corpos, parte de uma série de trocas negociadas nesta fase de um acordo de cessar-fogo, seguiu a liberação de 19 reféns israelenses vivos nas últimas semanas. Se essas liberações elevaram os ânimos em Israel, a notícia da morte das crianças deixou muitos no país angustiados.

Israel ainda não confirmou as mortes dos três membros da família Bibas, mas o Exército israelense disse no mês passado estar "gravemente preocupado" com eles. Espera-se que Israel libere prisioneiros e detentos palestinos em troca dos corpos.

Yarden Bibas foi sequestrado separadamente para Gaza. Ele foi visto em filmagens sendo levado embora com um ferimento sangrando na cabeça. Os pais idosos de Shiri Bibas também foram mortos no ataque liderado pelo Hamas.

O sequestro da família Bibas ficou gravado na mente dos israelenses. A campanha por sua liberação trazia balões laranjas para simbolizar os meninos ruivos, bem como referências ao Batman, um personagem amado pelo pequeno Ariel.

Em um vídeo do ataque, Shiri Bibas é vista agarrando desesperadamente seus dois filhos enquanto um palestino estava por perto. Envolvida em um cobertor, ela parecia aterrorizada.

Nesta terça, a família Bibas disse em um comunicado que a promessa do Hamas de enviar para casa seus corpos os deixou "em tumulto", mas que eles ainda estavam aguardando mais informações. "Até recebermos uma confirmação definitiva, nossa jornada não terminou," disse a família.

Aproximadamente 1.200 pessoas foram mortas no ataque liderado pelo Hamas em 2023 e mais de 250 sequestradas, segundo Israel. Uma das comunidades mais afetadas foi a cidade natal dos Bibas, Nir Oz, cerca de um quarto de seus 400 residentes foram mortos ou feitos reféns. Kfir foi o mais jovem a ser sequestrado.

O ataque levou Israel a declarar guerra ao Hamas e invadir Gaza em uma campanha militar que matou dezenas de milhares de civis e combatentes palestinos e deixou grande parte do enclave costeiro em ruínas.

Durante o ataque, Yarden Bibas enviou mensagens a outros membros da família de dentro do quarto fortificado onde ele se escondeu com sua esposa e filhos. "Eu amo todos vocês," escreveu enquanto os atiradores do Hamas dominavam Nir Oz. Ele depois enviou uma última mensagem: "Eles estão entrando."

O braço armado do Hamas, as Brigadas Qassam, divulgou uma declaração em novembro de 2023 que a Shiri Bibas e seus dois filhos haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense. Os medos sobre seus destinos cresceram quando eles não estavam entre as outras mães e crianças reféns liberadas durante um cessar-fogo de uma semana naquele mês.

Mais tarde, o Hamas divulgou um vídeo de propaganda mostrando Yarden Bibas em cativeiro chorando enquanto respondia à afirmação de que sua família havia sido morta.

Um ano atrás, o Exército israelense divulgou imagens de uma câmera de segurança que, segundo ele, mostrava a Shiri Bibas e as crianças em Gaza no dia de seu sequestro sendo envolvidas em um lençol e forçadas a entrar em um carro. O contra-almirante Daniel Hagari, o principal porta-voz do Exército israelense, disse na época que os reféns haviam sido levados para um posto avançado pertencente às Brigadas Mujahedeen, um pequeno grupo armado, no leste de Khan Younis, Gaza, e que depois foram levados para outro lugar.

No início deste mês, Yarden Bibas foi liberado como parte da trégua entre Israel e o Hamas que começou em janeiro. O acordo estipula que o Hamas libere pelo menos 33 reféns israelenses em troca de mais de 1.500 prisioneiros palestinos na primeira fase do acordo, que, salvo uma extensão, está prevista para expirar no início de março.

O governo israelense disse no mês passado que o Hamas havia fornecido uma lista indicando que 25 dos 33 reféns estavam vivos e que oito haviam sido mortos.

"Infelizmente, minha família ainda não voltou para mim," disse Yarden Bibas em um comunicado após seu retorno a Israel. "Eles ainda estão lá. Minha luz ainda está lá, e enquanto eles estiverem lá, tudo aqui está escuro."

Eylon Keshet, primo de Yarden, descreveu Ariel em novembro de 2023 como um menino que adorava ser o centro das atenções e brincar com tratores e carros de brinquedo. Kfir, ele disse, era um bebê "tranquilo" que estava apenas começando a comer alimentos sólidos.

"Ainda estamos nos apegando à esperança," disse Jimmy Miller, outro parente, em uma entrevista de rádio esta semana. "Estamos esperando por lágrimas de alegria, em vez de lágrimas de tristeza." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil