O Hamas libertou neste sábado, 22, os últimos seis reféns vivos como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo com Israel. Em troca, Tel-Aviv concordou em soltar 602 prisioneiros palestinos, o maior número até então. Houve atraso nessa entrega, o que aumentou a tensão em torno das negociações da próxima fase da trégua.
Segundo os termos do acordo de cessar-fogo, o Hamas se comprometeu a libertar pelo menos 33 dos quase 100 reféns restantes na Faixa de Gaza, alguns dos quais se acredita estarem mortos, em troca de mais de 1.000 palestinos presos por Israel e uma retirada parcial da tropas israelenses do enclave. Ambos os lados estão prontos para negociar os termos para estender a trégua, mas um acordo parece remoto.
Ainda há 62 israelenses sob poder do Hamas dos mais de 250 sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023, mais da metade deles mortos, segundo Israel. Até o momento, o grupo terrorista libertou 25 reféns e os corpos de outros quatro, incluindo da família Bibas, que virou símbolo da brutalidade do ataque do grupo terrorista.
Em novembro de 2023, o grupo havia libertado 105 civis durante uma trégua curta e quatro reféns foram libertadas durante as primeiras semanas de guerra. Além disso, oito reféns foram resgatados vivos pelas forças israelenses e os corpos de 40 foram recuperados.
Ainda nesta primeira fase, espera-se que o Hamas entregue na próxima semana os corpos de mais quatro reféns.
Dos seis libertados ontem, dois estavam nas mãos do Hamas havia cerca de dez anos. Os outros quatro foram capturados durante o ataque de 7 de outubro. Eles foram libertados aos poucos ao longo do dia.
Encenações
Assim como nas libertações anteriores, terroristas armados e encapuzados exibiram os reféns em um palco antes de entregá-los à Cruz Vermelha.
Sob chuva e cercado por terroristas armados, Tal Shoham, de 40 anos e sequestrado em 7 de outubro, foi forçado a dizer algumas palavras em um microfone em Rafah, no sul de Gaza. Ao seu lado, Avera Mengistu, de 38 anos, que passou mais de 10 anos em cativeiro no território palestino, abaixou a cabeça. Os dois homens subiram em seguida nos veículos da Cruz Vermelha antes de serem entregues a Israel.
A mesma situação se repetiu mais tarde em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, com a libertação de Eliya Cohen, Omer Shem Tov e Omer Wenkert, com idades entre 22 e 27 anos, sequestrados no festival de música Nova, no sul de Israel.
Após 505 dias de cativeiro, eles apareceram sorridentes enquanto a escolta os fazia acenar para a multidão. As encenações foram denunciadas por Israel, ONU e Cruz Vermelha. Sob coação, Shem Tov beijou dois terroristas na cabeça e jogou beijos para a multidão. Os reféns usavam uniformes falsos do Exército, embora não fossem soldados quando foram sequestrados.
Um sexto refém foi entregue posteriormente à Cruz Vermelha e transferido para Israel, de acordo com o Exército israelense. Trata-se de Hisham al-Sayed, um beduíno israelense de 37 anos que passou uma década sequestrado em Gaza.
Atraso israelense
Em troca, era esperado que Israel entregasse imediatamente os 602 presos palestinos prometidos, a maior libertação em um único dia até então.
Fontes dentro do governo disseram às agências internacionais que as entregas haviam sido adiadas para a realização de "consultas de segurança".
Os prisioneiros só foram libertados depois da meia-noite do horário local.
O Hamas afirmou que Israel violou o acordo de cessar-fogo, com o porta-voz Abdel Latif Al-Qanou acusando o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de "deliberadamente protelar".
Israel ocasionalmente atrasou a libertação de prisioneiros em outros momentos durante o cessar-fogo para protestar contra a conduta do Hamas durante as trocas.
Na lista de libertação havia pelo menos 50 palestinos cumprindo penas perpétuas por ataques mortais contra israelenses.
O atraso aumentou as tensões em torno das negociações para a próxima fase do cessar-fogo, que ainda não começaram. A primeira etapa da trégua de seis semanas deve expirar no início de março. Mas os dois lados falharam em chegar a um acordo sobre o próximo estágio, aumentando o temor de que o conflito possa recomeçar em breve.
A segunda fase incluiria o fim da guerra, uma retirada total de Israel e a libertação dos reféns restantes em Gaza, em troca de mais prisioneiros palestinos.
As negociações para a fase seguinte serão as mais difíceis. O Hamas disse que não libertará os reféns restantes sem um cessar-fogo duradouro e a retirada israelense completa. Já Binyamin Netanyahu, com o apoio de Donald Trump, diz que está comprometido em destruir as capacidades militares e de governo do Hamas e devolver todos os reféns, objetivos amplamente vistos como incompatíveis. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Hamas devolve os últimos 6 reféns previstos na 1ª fase de cessar-fogo
Tipografia
- Pequenina Pequena Media Grande Gigante
- Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo de leitura