Putin diz concordar com proposta de cessar-fogo, mas reforça que deseja paz duradoura

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que concorda com a proposta de cessar-fogo, mas que o acordo deve levar a uma paz duradoura e eliminar as "causas raízes do conflito". A declaração foi realizada em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 13.

"Precisamos conversar com os EUA sobre quem controlará o acordo. O cessar-fogo em si é certo e nós o apoiaremos, mas há questões a serem discutidas", mencionou Putin, ao ressaltar ser "impossível" não levar em consideração os interesses russos para as negociações.

Na ocasião, Putin disse que "talvez" ele e o presidente norte-americano, Donald Trump, precisem fazer uma ligação por telefone para discutir mais detalhes do acordo. "Agradeço Trump por dar tanta atenção para o acordo com a Ucrânia", afirmou.

Segundo o Kremlin, tropas ucranianas estão em total isolamento em Kursk e a atual proposta do cessar-fogo não deixa claro como a situação se desdobrará na região e em outros locais.

O presidente russo disse que, caso os EUA e a Rússia concordem em estabelecer uma cooperação energética, um gasoduto para a Europa pode ser fornecido.

"Será benéfico para a Europa, graças ao gás russo barato", defendeu Putin.

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou nesta quinta-feira, 13, que não comparecerá à manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana, no Rio, no próximo domingo, 16, em defesa da anistia dos golpistas do 8 de janeiro de 2023. "No domingo, estarei mobilizando colegas de outros Estados. A partir de agora, viajarei mais, pois o único problema identificado nas pesquisas é que sou pouco conhecido", disse em referência às eleições de 2026.

Mesmo assim, Caiado ressalta que "foi o primeiro" a defender a pauta de anistia, pois "um líder precisa ter espírito de estadista", segundo ele. "Juscelino Kubitschek, quando vítima de um golpe, pediu anistia para o País seguir em frente e construir Brasília. Temos problemas maiores (que punir os atos golpistas)", afirmou. A declaração foi dada após evento da organização Todos pela Educação em São Paulo.

O chefe do Executivo goiano diz estar percorrendo o Brasil, pensando em sua pré-candidatura ao Planalto. Segundo ele, seu Estado é pequeno e ele ainda não possui muitos votos. Caiado acredita que esse seja o "maior problema" para ele ganhar a eleição de 2026, com base nas pesquisas de opinião divulgadas até o momento.

Em relação à sua parceria com o cantor Gusttavo Lima, apontado como possível candidato a vice-presidente na chapa do governador, Caiado afirma que ambos possuem uma amizade antiga e que devem viajar juntos para debater temas relacionados à política nacional futuramente. No entanto, segundo ele, o artista teria dito que não irá "tomar essa decisão" este ano.

O governador também afirmou que é "muito cedo" para definir um único nome de direita e que ainda há muitas lideranças que podem se unir e seriam bem-vindas no União Brasil. Ele citou o influenciador digital - que está inelegível pela Justiça Eleitoral de São Paulo - Pablo Marçal (PRTB) como exemplo.

Caiado também foi considerado inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TER-GO) em dezembro de 2024 por abuso de poder político nas eleições municipais de 2024. A decisão ainda cabe recursos no próprio TRE do Estado e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

As disputas sobre quem vai ficar com a relatoria do Orçamento de 2026 e as escolhas prioritárias do PL impediram a definição das comissões permanentes na Câmara, que deveria ocorrer na manhã desta quinta-feira, 13. A reunião entre as lideranças, que deveria dar um ponto final no tema, terminou sem acordo.

As indefinições atrasaram os planos do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pretendia instalar as comissões ainda nesta semana. No encontro desta quinta, Motta fez uma última chamada, determinando que os partidos devem entregar uma lista com as comissões desejadas e as indicações dos presidentes na próxima terça-feira, 18.

Um acordo prévio estabelecia que a relatoria do Orçamento de 2026 deve ficar com o MDB, enquanto a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) seria presidida por um deputado do União Brasil. Porém, o União se movimenta para conseguir ficar à frente da lei orçamentária, que é estratégica por definir as cifras do fundo eleitoral para os pleitos de 2026.

O líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA), afirmou ao sair da reunião de líderes que a questão da relatoria do Orçamento está sobre um "debate intenso". Além de Motta, ele está conversando com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), para atingir um consenso.

"Está um debate intenso, o União tem interesse na relatoria. A gente está dialogando com a bancada, com o presidente Hugo e com os outros líderes. A primeira coisa é a gente colocar o diálogo na frente. O líder Isnaldo é um grande amigo e a gente vem dialogando. Ele me falou da importância da relatoria para eles, e eu falei da importância para a gente", afirmou o líder do União.

Outro motivo que atravancou a definição das comissões foram as escolhas do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. O partido tem a maior bancada da Casa, com 92 deputados, e deve escolher seis das 31 comissões permanentes. Além disso, a sigla poderá escolher as duas primeiras.

A primeira escolha do PL deve ser a Comissão de Relações Exteriores (Creden), que terá como indicação a presidente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP). Eduardo, que vem fazendo articulações com políticos aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ganhar capital político nas idas ao exterior.

No território americano, o filho do ex-presidente tem pressionado o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao endossar a narrativa de que o pai é um "perseguido político". Ele também está articulando, junto a integrantes do governo americano, a aprovação de um projeto de lei para tentar vetar a entrada do ministro Alexandre de Moraes, do STF, naquele país.

O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT), disse que não aceitará o nome de Eduardo por avaliar que a liderança dele sobre o colegiado vai criar uma crise institucional com o STF. Em resposta, Sóstenes disse que o partido de Lula não pode influenciar na escolha da maior bancada da Casa.

"O PT nem se quissesse resistir poderia, porque a primeira pedida é minha. Eu pedi a Creden e acabou. Não tem resistência e nem acordo com o PT", afirmou Sóstenes. Ao ser indagado sobre uma fala de Lindbergh, que afirmou que Eduardo não vai presidir o colegiado, o líder do PL respondeu: "Na semana que vem vocês vão ver quem está falando a verdade e quem está falando mentira".

Além do conflito pela indicação de Eduardo, o PL gerou atritos com a base governista por desejar a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania e a Comissão da Amazônia e Povos Originários, dois colegiados que historicamente são presididos pela esquerda.

O maior embate, porém, está entre o PL e o PSD. A sigla liderada por Antônio Brito (BA) já havia publicizado, no início de fevereiro, a indicação do deputado federal Diego Andrade (MG) para a Comissão de Minas e Energia. De última hora, a sigla de Jair Bolsonaro colocou o colegiado entre as suas prioridades, gerando insatisfação na bancada do PSD.

Em reserva, uma liderança partidária disse que o PL "embaralhou" as articulações políticas dos outros partidos da Casa escolhendo comissões que não presidia no ano passado, motivando o travamento da instalação dos colegiados. A expectativa é que, das seis escolhas, o PL só repita a liderança na Comissão de Segurança Pública.

Diante da falta de acordo sobre a presidência das comissões, Motta preferiu adiar a escolha dos presidentes dos colegiados para uma reunião às 14 horas da próxima terça.

No mesmo dia, serão eleitos os integrantes das mesas diretoras dos colegiados e os membros titulares e suplentes. Na quarta-feira, 19, as comissões devem ser instaladas pelo presidente da Casa.

Sem a discussão das comissões, a reunião de líderes se limitou a definir que, na próxima semana, devem ser votados o Orçamento de 2025, o projeto de lei dos restos a pagar, que resgata verbas do orçamento secreto, e um texto que prorroga até o final de 2025 o prazo para regular a transferência de saldos dos fundos de saúde para o combate à covid-19.

Após o comentário machista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a escolha da nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), para o cargo, bolsonaristas usaram as redes sociais para criticar a declaração, mas também para debochar da aparência da deputada federal licenciada.

Lula disse que colocou uma "mulher bonita" na articulação política para ter uma boa relação com o Congresso Nacional, nesta quarta-feira, 12, durante um evento no Palácio do Planalto.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter) que vai "faltar pano" para as feministas, se referindo à expressão usada para quem justifica ou minimiza feitos negativos quando eles vêm de amigos ou aliados.

O também deputado Gustavo Gayer (PL-GO) publicou uma foto casual de Gleisi, com os cabelos naturais e vestindo camiseta, cuja legenda indica que o deputado debocha da aparência da ministra. "Lula acaba de declarar guerra contra o Congresso", escreveu, seguido de uma linha de risadas.

O deputado ainda provocou o namorado da petista, o também deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), questionando se ele aceitaria que o chefe "oferecesse" Gleisi "como um cafetão oferece uma garota de programa" - fala duramente criticada por petistas, inclusive por Lindbergh.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) também fez um "chamado" para "as feministas". "Lula ataca sua própria ministra com uma fala misógina, dias após o Dia Internacional da Mulher. Qual o espanto? Ele sempre fez isso", questionou a deputada, acusando Gleisi de ser "hipócrita" e afirmando que, como a declaração veio de "seu mestre", ela não se ofenderia.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também usou o termo "misoginia", que significa "ódio contra as mulheres", ao criticar o presidente. "Só falta as feministas se pronunciarem!", escreveu.

O líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), disse ser "curioso notar que, em um cenário onde se espera que líderes promovam igualdade de gênero e valorizem a competência profissional, nosso presidente opta por reduzir uma mulher a sua aparência física", em discurso no plenário da Casa.

A declaração de Lula ocorreu poucos dias depois de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acumula declarações machistas ao longo da trajetória política, ter sido gravado dizendo a apoiadores que considera mulheres que apoiam o Partido dos Trabalhadores (PT) "feias" e "incomíveis". Muitos petistas têm justificado que, quando "elogiou" Gleisi, Lula estaria rebatendo Bolsonaro.

Gleisi saiu em defesa de Lula nesta quinta-feira, 13, criticando os bolsonaristas pelos ataques ao presidente e relembrando episódios em que Bolsonaro foi machista nos últimos anos. O caso mais famoso foi quando o então deputado federal disse que "não estupraria" a deputada Maria do Rosário (PT-RS) "porque ela não merece".

Bolsonaro foi condenado na esfera cível a indenizar a colega em R$ 10 mil, já as ações criminais foram arquivadas porque o crime prescreveu. O episódio, no entanto, colocou os holofotes no então "apagado" deputado, aglutinando pessoas e pautas conservadoras em torno de uma figura central.