Canadá e Índia trocam expulsões de diplomatas após assassinato de ativista de minoria religiosa

Internacional
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A Índia expulsou um importante diplomata do Canadá nesta terça-feira, 19, e acusou o Canadá de interferir nos seus assuntos internos, intensificando um confronto entre os dois países devido a acusações de que o governo indiano poderia estar envolvido no assassinato de um ativista da minoria Sikh, que tinha a cidadania canadense.

Na segunda-feira, 18, o Canadá expulsou um diplomata indiano em Ottawa depois de declarações do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que afirmou que existem indícios de que o governo da Índia poderia estar envolvido na morte de Hardeep Singh Nijjar no dia 18 de junho. O ativista foi morto no estacionamento de um templo Sikh na cidade de Vancouver.

"O governo da Índia precisa levar este assunto com a maior seriedade", disse Trudeau a repórteres em Ottawa na terça-feira. "Estamos fazendo isso. Não pretendemos provocar ou escalar. Estamos simplesmente expondo os fatos tal como os entendemos."

A troca de acusações aumentou as tensões entre Ottawa e Nova Délhi. Trudeau e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegaram a se encontrar durante a cúpula do G-20, mas o Canadá cancelou uma missão comercial ao país asiático logo após o encontro do bloco.

A minoria Sikh possui um movimento para estabelecer um país independente, conhecido como Khalistão, que seria estabelecido em algumas regiões do território indiano. Nos anos 1980, uma rebelião do grupo Sikh na Índia foi reprimida pelo país asiático.

Nijjar, que é um cidadão canadense, era procurado pelas autoridades indianas, que o acusaram de ligações com o terrorismo durante anos e ofereceram uma recompensa em dinheiro por informações que levassem à sua detenção. Nijjar negou as acusações e estava trabalhando com um grupo conhecido como Justiça pelos Sikhs para organizar um referendo não oficial da diáspora Sikh sobre a independência da Índia no momento de seu assassinato.

Índia nega

O ministério das Relações Exteriores da Índia rejeitou a alegação e a classificou como "absurda", acusando o Canadá de abrigar "terroristas e extremistas". "Essas alegações infundadas procuram desviar o foco dos terroristas e extremistas que receberam abrigo no Canadá e continuam a ameaçar a soberania e a integridade territorial da Índia", disse o documento em comunicado na terça-feira.

A Índia exige há algum tempo que o Canadá tome medidas contra o movimento de independência Sikh, que é proibido na Índia, mas tem apoio em países como o Canadá e o Reino Unido, que têm populações consideráveis da diáspora Sikh. O Canadá tem uma população Sikh de mais de 770.000 habitantes, cerca de 2% de sua população.

Em março, o governo de Modi convocou o alto comissário canadense em Nova Délhi, o principal diplomata do país, para reclamar dos protestos pela independência Sikh no Canadá.

G-20

Trudeau afirmou ao Parlamento canadense que abordou o assassinato de Nijjar com Modi na reunião do G20 em Nova Deli na semana passada. O primeiro-ministro afirmou que indicou para Narendra Modi que qualquer envolvimento do governo indiano seria inaceitável e pediu cooperação na investigação. Já Modi expressou "fortes preocupações" sobre a forma como o Canadá lidou com o movimento de independência Sikh durante uma reunião com Trudeau, disse o comunicado da Índia.

A declaração apelou ao Canadá para trabalhar com a Índia no que Nova Delhi disse ser uma ameaça à diáspora da Índia no Canadá e acusou o movimento Sikh de "promover o secessionismo e incitar a violência" contra diplomatas indianos.

Aliados

Ottawa pediu aos seus aliados mais próximos, incluindo Washington, que condenassem publicamente o assassinato. Mas as propostas foram rejeitadas, sublinhando o equilíbrio diplomático que a administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os seus aliados enfrentam enquanto trabalham para cortejar a Índia, potência asiática vista como um contrapeso crucial à China.

Michael Kugelman, analista do Wilson Center, avalia que a disputa representa um dilema para os governos ocidentais, incluindo a administração Biden, que articulou uma "política externa baseada em valores que visa enfatizar os direitos e a democracia".

"Os EUA precisam caminhar na corda bamba diplomática, já que o Canadá é um aliado e vizinho, enquanto a Índia é um parceiro estratégico fundamental", disse Kugelman. "Haverá pressão sobre Washington para apoiar o Canadá, mas ao mesmo tempo os EUA valorizam, em grande medida, a sua relação com a Índia." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.