EUA dizem que resolução da Assembleia-Geral na ONU falha ao não citar Hamas e reféns

Internacional
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A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas Greenfield, afirmou que a resolução em debate na Assembleia-Geral sobre o conflito entre Israel e Hamas proposta pela Jordânia é "profundamente falha". Segundo ela, há duas palavras-chave que não são mencionadas no texto: Hamas e reféns.

"Estas são omissões do mal e dão cobertura e fortalecem o Hamas. Nenhum Estado-Membro deveria permitir que isso acontecesse", disse Greenfield, ao discursar nesta sexta-feira, 27, durante sessão especial de emergência da Assembleia-Geral da ONU.

De acordo com ela, os EUA estão copatrocinando uma emenda apresentada pelo Canadá e que corrige essas "omissões flagrantes". "É uma alteração simples e inquestionável", reforçou a embaixadora americana, pedindo o voto dos membros para a emenda canadense.

A Assembleia-Geral se reúne em sessão especial de emergência desde a quinta-feira, 26, para debater a guerra entre Israel e o grupo Hamas. A reunião foi convocada após o Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo de decisão para assuntos de paz e segurança internacionais, falhar na missão de emitir uma posição sobre o conflito.

Uma resolução foi proposta pela Jordânia e outros países para que a Assembleia-Geral tome uma posição. O texto será votado nesta sexta, às 16 horas de Brasília. Em geral, basta a maioria simples para a aprovação na Assembleia-Geral. No entanto, quando o tema é sobre paz e segurança, como é o caso da resolução debatida nesta sexta, são necessários dois terços dos votos.

Diferente do Conselho de Segurança da ONU, não há possibilidade de vetos na Assembleia-Geral. Na prática, a resolução da Assembleia é apenas uma recomendação política, ou seja, não tem força vinculante de obrigação junto aos países. Nesse sentido, o Brasil, na condição de presidente do Conselho no mês de outubro, coordena esforços para apresentar uma nova proposta de resolução para ser votada no órgão.

Na semana passada, foram apreciadas quatro sugestões, mas nenhuma avançou. O texto sugerido pelo Brasil foi o mais bem aceito, mas, devido ao veto dos EUA, não pode ser aprovado.

Uma das resoluções foi sugerida pelos americanos. Greenfield lamentou que o texto não tenha avançado, com vetos de China e Rússia, e disse que resoluções unilaterais, como foram o caso das duas sugestões russas, não ajudam a promover a paz. A embaixadora americana afirmou ainda que a Assembleia-Geral e o Conselho de Segurança da ONU devem dar uma "mensagem clara ao mundo" e se posicionar contra atos de terror e apoio a reféns.

"Embora esta resolução [apreciada na Assembleia-Geral] seja profundamente falha e não atenda a este momento, os EUA continuarão a trabalhar com todos os Estados-membros para traçar um futuro onde israelenses e palestinos tenham medidas iguais de segurança, liberdade, justiça, oportunidades e dignidade", concluiu Greenfield, dizendo que o país defende que palestinos também tenham um Estado próprio.

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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva disse ser uma "bobagem imensa" o presidente da Argentina, Javier Milei, não comparecer à reunião do Mercosul. Ele deu a declaração a jornalistas em Assunção, no Paraguai, depois do encontro de líderes do bloco.

"Uma bobagem imensa de um presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião do Mercosul. Triste, é triste para a Argentina", disse o petista.

"Ausência do presidente não atrapalha se o país está presente. Acho que quem perde não comparecendo não são os que vieram, mas quem não veio. Quem não veio desaprende um pouco, não sabe o que está acontecendo. Sempre que tem uma reunião com outro chefe de Estado eu faço questão de participar, porque sempre estou aprendendo alguma coisa", declarou Lula.

O presidente brasileiro já havia feito um discurso com uma série de contrapontos ao argentino, sem citá-lo. Falou, por exemplo, contra "experiências ultraliberais". "Ultraliberal" é um termo que pode ser aplicado a Milei.

"Acreditamos na importância da Argentina. A Argentina é um país extremamente importante para o sucesso do Mercosul. Se o presidente participa ou não, não interessa. O que interessa é que o povo argentino precisa do Mercosul e o Mercosul precisa do povo argentino", disse o brasileiro.

Lula também criticou a participação de Milei na CPAC brasileira, evento promovido por bolsonaristas. "Eu acho que no final das contas o presidente da República perder tempo fazendo uma coisa de extrema direita é tão desagradável, tão antissocial, tão antipovo, tão antidemocrático. Eu não sei o que as pessoas ganham participando disso", disse o petista.

A juíza Maria Carolina Abel Ayoub, da 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo, condenou três delegados da Polícia Federal, um escrivão da corporação e outros dez envolvidos em uma suposta rede de pagamento de propinas e subornos para emperrar investigações da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev) - braço da PF de São Paulo -, entre 2012 e 2015. A sentença se dá na esteira da Operação Inversão, aberta em 2016, e imputa até 12 anos de prisão por crimes de corrupção e formação de organização criminosa.

Entre os condenados estão os delegados Rodrigo Cláudio Gouvêa Leão (nove anos e quatro meses de prisão), Carlos Bastos Valbão (12 anos, dois meses e 10 dias) e Arnoldo Mozar Costa de Almeida (10 anos, um mês e 27 dias). Eles são acusados de terem negociado e recebido propinas de até R$ 500 mil para sabotarem a Operação Trânsito, investigação sobre fraudes em perícias médicas em agências do INSS na capital paulista.

O escrivão Maurício Rodrigues Serrano pegou oito anos e dez meses de reclusão.

A juíza também impôs aos delegados e ao escrivão a perda da função pública. A sentença é de primeira instância. Todos podem recorrer.

Segundo o Ministério Público Federal, um dos principais beneficiados pelo suposto esquema de suborno era Marivaldo dos Bispo dos Reis, dono de uma consultoria previdenciária, que foi apontado como chefe dos crimes investigados na Operação Trânsito.

A Procuradoria narra que ele passou a ser 'coagido' para pagar quantias que o livrassem de medidas mais duras no inquérito da PF, tendo pagado pelo menos R$ 500 mil aos delegados, até 2015.

A propina teria livrado Marivaldo de grampos, interrogatório e até pedido de prisão. Ele já morreu.

Além de Marivaldo, outros quatro investigados teriam pagado propinas aos delegados para se esquivarem das investigações, de R$ 10 mil a R$ 22 mil em troca do favorecimento. Eles também foram condenados.

De acordo com a denúncia do MPF, as propinas eram pagas via intermediários, que faziam as ofertas aos investigados, negociavam os pagamentos e ainda entregavam o dinheiro aos delegados.

Veja a lista de todos condenados e as penas a eles impostas

Delegado Carlos Bastos Valbão - 12 anos, dois meses e 10 dias

Delegado Rodrigo Cláudio Gouvêa Leão - nove anos e quatro meses de prisão

Delegado Arnoldo Mozar Costa de Almeida - 10 anos, um mês e 27 dias

Escrivão Maurício Rodrigues Serrano - oito anos e dez meses

Dorival Donizete Corres - nove anos, nove meses e 42 dias de reclusão

José Carlos da Rocha - 12 anos e dez dias

Manoel Carlos da Silva - nove anos, nove meses e 42 dias

Moisés Dias Morgado - seis anos, oito meses e 30 dias

Maria Lúcia Ribeiro - nove anos, nove meses e 42 dias

Evando Avelino - oito anos e dois meses

Miguel Minarro Pinar - oito anos e dois meses

Cláudio Ademir Mariano - seis anos e oito meses

Kleber Mejorado Gonzaga - seis anos e oito meses

Rodolfo Catarino da Silva - seis anos e seis meses

O Estadão pediu manifestação dos delegados, via PF.

A Polícia Federal afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha "plena ciência" do esquema de venda de joias e presentes que ele recebeu em razão do cargo. Os investigadores descobriram que o ex-ajudante de ordens da Presidência começou a pesquisar quanto valia um relógio Patek Philipe logo após de ex-chefe do Executivo ter ganhado o mesmo, no Bahrein, em novembro de 2021.

A pesquisa ocorreu enquanto a viagem ocorria - Cid acompanhava o ex-chefe do Executivo. O delator chegou a enviar para o então presidente, por WhatsApp, a captura de tela com o valor do relógio - US$ 51.665,00 - assim como uma fotografia do certificado de origem do relógio.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, sete meses depois da viagem, em junho de 2022, Cid começou a negociar a venda do relógio Patek Philippe com a loja Precision Watches, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. A Polícia Federal narra que o relógio foi levado para os EUA no avião presencial e vendido.

Como mostrou o Estadão, a PF diz que o relógio Patek Philippe foi "subtraído diretamente" por Bolsonaro, sem sequer ser registrado no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência para tratamento e destinação. O mesmo ocorreu com esculturas douradas de um barco e uma árvore. Ainda de acordo com os investigadores, tais bens ainda não foram recuperados.

Os investigadores conseguiram identificar que Cid tirou fotos do relógio no Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República. Segundo a PF, esse e outros elementos de prova ratificam a participação de Bolsonaro no esquema sob suspeita.

À PF, Cid afirmou que o relógio "foi apresentado inicialmente pelo ex-presidente, solicitando que fosse realizada uma pesquisa de preço". Cid diz que Bolsonaro deu ordem para que ele rendesse o objeto.

A corporação descobriu ainda que o representante da loja para qual o relógio foi vendido chegou a questionar o porquê de o certificado de compra do objeto estar em branco. Cid, respondeu que o relógio era "um presente recebido em uma viagem oficial de negócios aos Emirados em outubro de 2021". O então ajudante de ordens da Presidência disse ainda que esperava receber 50 mil dólares pelo relógio.

Segundo a corporação, o relógio foi vendido junto de um Rolex também presenteado a Bolsonaro por US$ 68 mil.