Grupo de repatriados de Gaza embarca de Brasília para São Paulo

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Um grupo de 26 repatriados da Faixa de Gaza que voltaram ao Brasil em razão da guerra entre Israel e Hamas embarcaram nesta quarta-feira, 15, às 10 horas, para São Paulo. Eles embarcaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), da Base Aérea de Brasília, com destino à Base Aérea de Guarulhos.

Segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom), eles ficarão em abrigos ou em casas de familiares e amigos.

Os demais ficam em Brasília ou seguem para Cuiabá, Nova Friburgo e Florianópolis.

Ao todo, 32 pessoas - 17 crianças, nove mulheres e seis homens - chegaram no Brasil na última segunda-feira.

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A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco, executada em 2018, acionou o Conselho de Ética do PT contra o vice-presidente do partido, Washington Quaquá. O petista, que é prefeito de Maricá (RJ), publicou uma foto no dia 9 de janeiro ao lado da família Brazão e disse acreditar na inocência dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, réus no Supremo Tribunal Federal (STF) como supostos mandantes do assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.

O ofício de Anielle foi protocolado nesta quarta-feira, 15, e descreve a postura do dirigente como "antiética" e "não condizente com os princípios, direitos e deveres de um dirigente partidário do Partido dos Trabalhadores".

Segundo a representação, Quaquá "tenta descredibilizar de forma irresponsável e leviana" a luta por justiça das famílias das vítimas e o próprio governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao assumir o Ministério da Justiça em janeiro de 2023, Flávio Dino, hoje ministro do STF, afirmou que a resolução do caso Marielle era uma "questão de honra". A investigação foi federalizada e foi concluída em março de 2024. O resultado do inquérito é contestado por Quaquá.

O prefeito foi procurado pelo Estadão para comentar o ofício de Anielle, mas não havia dado um retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Após a publicação da foto de Quaquá ao lado da família Brazão, Anielle reagiu dizendo, sem citar o nome do prefeito, que um dirigente da sigla usava o nome de sua irmã de forma "repugnante".

Em 11 de janeiro, em entrevista ao Estadão, Quaquá voltou a defender a inocência dos irmãos Brazão, pedindo para que "juristas sérios" reavaliem o processo e associando, sem apresentar provas, a família Bolsonaro ao caso. "Eu peço que juristas sérios revejam o processo para ver se há prova contra os Brazão. Eu sei que as maiores ligações que existem entre o assassino que está sendo beneficiado com a sua própria delação é com a família Bolsonaro", disse o prefeito de Maricá.

A investigação da Polícia Federal (PF) descartou a relação da família do ex-presidente com o caso. Segundo o inquérito, o assassinato foi motivado por grilagem de terras que eram de interesse de milicianos ligados aos Brazão.

O PT está rachado sobre punições cabíveis a Washington Quaquá. Uma ala da sigla defende a expulsão do dirigente, enquanto outros filiados avaliam que o afastamento do prefeito da vice-presidência da sigla seria suficiente.

Interlocutores do partido ouvidos pelo Estadão relembram que o trâmite do Conselho de Ética da sigla costuma ser demorado e, de todo modo, depende de um aval da maioria da executiva nacional, que está prestes a ser renovada por meio de uma eleição interna, que ocorrerá em julho.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descartou nesta quinta-feira, 16, em entrevista ao jornal americano The New York Times apoiar uma possível candidatura de seus filhos à Presidência. Bolsonaro afirmou ainda que encamparia candidatura dos filhos políticos nas eleições para o Congresso Nacional.

"Para você ser presidente aqui e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência", afirmou Bolsonaro.

O ex-chefe do Executivo foi questionado sobre o plano de golpe de Estado revelado pela Polícia Federal e que mostrou a participação de aliados dele na empreitada de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

Ao jornal, Bolsonaro afirmou que cogitou decretar estado de sítio após a eleição de Lula, mas voltou atrás após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar o pedido do PL para invalidar os votos. "Esqueça", "nós perdemos", disse ao NYT.

Ao ser questionado sobre o suposto plano de execução de Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e de Moraes, Bolsonaro disse que "por parte dele", "não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades".

"Quem quer que seja que tenha elaborado este possível plano deve responder", disse.

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e mais 39 pessoas, na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os três crimes atribuídos pela corporação ao ex-presidente podem resultar em 28 anos de prisão.

O ex-presidente disse ao jornal americano que não está preocupado com o julgamento do caso. Segundo ele, "minha preocupação é quem vai me julgar".

Além da suposta trama golpista, Bolsonaro comentou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o declarou inelegível até 2030. Por 5 votos a 2, a Corte condenou o ex-chefe do Executivo por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas, em julho de 2022.

O TSE julgou que Bolsonaro usou indevidamente o cargo e a estrutura administrativa da Presidência da República para fazer campanha na reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio do Alvorada.

Bolsonaro caracterizou a decisão como uma "violação à democracia" e que busca caminhos jurídicos para ser candidato nas próximas eleições.

A Corte Eleitoral também condenou Bolsonaro à inelegibilidade em três ações que atribuíram ao ex-presidente abuso de poder político, abuso de poder econômico e conduta vedada nas comemorações do dia 7 de setembro de 2022.

Bolsonaro apela para Trump, Musk e Zuckerberg

O ex-presidente ainda disse que o convite que afirma ter recebido para a posse de Donald Trump o deixou tão animado que não vai mais "tomar mais Viagra". Em entrevista ao NYT, Bolsonaro demonstrou entusiasmo pela posse do aliado reeleito, marcada para segunda-feira, 20, e disse que "pede a Deus" pela chance de "apertar a mão" do aliado reeleito nos Estados Unidos.

Apesar do otimismo de Bolsonaro, Moraes negou a devolução do passaporte nesta quinta-feira, 16. A entrevista ao jornal dos EUA foi dada antes da decisão do STF.

A desembargadora Clarice Claudino da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, arquivou uma reclamação disciplinar que atribuía a um colega dela, o desembargador Sebastião de Moraes Filho, 'participação em negociação criminosa'. Em seu despacho, Clarice diz que Moraes Filho foi alvo de "meras ilações e denúncias infundadas".

Moraes Filho está afastado das funções desde o início de agosto do ano passado, por ordem do Conselho Nacional de Justiça em meio a denúncias que o ligam a suposto esquema de venda de sentenças na Corte estadual.

A investigação que mira o magistrado está sob tutela do ministro Cristiano Zanin Martins, do Supremo Tribunal Federal, porque o mesmo procedimento aponta para assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça e também advogados e lobistas sob suspeita de compra de sentenças.

A acusação ao desembargador foi feita pelo advogado Carlos Naves de Resende, de Rondonópolis, interior do Estado. Como mostrou o Estadão, Naves chegou a pedir proteção à polícia, à OAB e ao Supremo Tribunal Federal após receber ameaças de morte e uma proposta de suborno em meio a uma disputa judicial sobre 224 hectares de terras, divididos em duas glebas.

Clarice Claudino deixou a presidência do Tribunal na virada do ano. Sua passagem pela cadeira número 1 da Corte deixou polêmicas. A principal delas sobre o 'vale-peru', auxílio alimentação de R$ 10 mil que concedeu a todos os magistrados em dezembro e de R$ 8 mil aos servidores - benefício cancelado por ordem do Conselho Nacional de Justiça, mas que acabou sendo pago.

Detentora de um holerite alentado - R$ 130 mil líquidos mensais, em média - Clarice enterrou o pedido de investigação sobre o colega em despacho da última quarta-feira, 15. Ela não viu na denúncia do advogado detalhes que indiquem violação de deveres funcionais por parte de Moraes Filho.

"Não é razoável sequer admitir a instauração de sindicância ou qualquer outro procedimento administrativo disciplinar sem que se verifique um único elemento probatório, nem mesmo indiciário, que possa caracterizar como falta funcional ou ilícito penal, tudo não passando de meras ilações e denúncias infundadas", sentenciou a desembargadora.

Carlos Naves de Resende atribuiu a Luciano Polimeno, parte interessada na ação das terras, as ameaças que alega ter sofrido. Polimeno teria dito a Naves que havia 'comprado' o desembargador Sebastião de Moraes Filho para obter uma decisão favorável a seus interesses no litígio. "Marca comigo o lugar para nós trocar tiro", ouviu Naves no celular.

O advogado gravou as conversas com Polimeno e preservou a transcrição por meio de atas formalizadas no Serviço Registral e Notarial do Distrito de Cristo Rei, em Várzea Grande, nos arredores de Cuiabá. Depois, levou os documentos ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso na denúncia que imputa ao desembargador 'participação em negociação criminosa'.

Em sua defesa, o desembargador alegou que não há provas que o vinculem à versão do advogado. Disse não ver infração disciplinar e defendeu que Naves busca anular uma decisão judicial por meio de um processo administrativo.

Moraes Filho também contestou uma gravação que Naves fez de uma conversa entre os dois. O magistrado afirma que o áudio é ilícito e não pode ser utilizado como prova.

Na gravação o advogado confrontou Moraes Filho sobre suposto recebimento de propinas em processo referente à disputa das terras. "Eu sou magistrado, não faço acordo, mas que filha da puta", reagiu o magistrado, na ocasião em que foi gravado.

Ao analisar o caso, a desembargadora Clarice Claudino da Silva afirma não ter encontrado "qualquer indício autorizador da instauração de sindicância ou processo administrativo disciplinar". Ela descartou os áudios e atas juntados à apuração por se tratarem, segundo sua avaliação, de "fatos e atos relacionados à enredo existente entre pessoas totalmente alheias" ao desembargador citado na denúncia do advogado.

Para a magistrada, "não é possível verificar indício" de que o colega tenha agido de forma parcial ou ilícita. Clarice apontou que Moraes Filho "tão somente exerceu a jurisdição" no caso das terras sob disputa.

Em sua decisão, a desembargadora enfatizou as alegações de Luciano Polimeno, via seu advogado constituído no caso. Ele alegou que não conhece Sebastião de Moraes Filho, "nunca o viu pessoalmente, nunca houve contato e jamais ocorreu qualquer tipo de oferecimento de vantagem indevida". A defesa sustenta que o cliente sofre de "transtornos psiquiátricos".

"Não restou demonstrada qualquer atuação dolosa, desidiosa ou irregularidade na prestação jurisdicional capaz de macular a conduta funcional do desembargador", afirma Clarice.

A decisão da desembargadora foi encaminhada à Corregedoria Nacional de Justiça que, no início de agosto do ano passado, afastou Moraes Filho das funções no âmbito de suposto envolvimento com um esquema de venda de sentenças descoberto a partir do conteúdo do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em dezembro de 2023 em frente ao seu escritório em Cuiabá.

Zampieri era conhecido como o 'lobista dos tribunais', por tráfico de influência em gabinetes de magistrados estaduais e de ministros do STJ. Em seu celular, a Polícia de Mato Grosso resgatou diálogos que indicam, segundo o CNJ, "amizade íntima" entre Zampieri e o desembargador Moraes Filho.