Tanques israelenses entram no complexo do hospital Shifa, em Gaza

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Duas semanas e meia depois de enviar tanques e tropas terrestres para o norte de Gaza, as forças israelenses entraram na manhã de quarta-feira, 14, em um hospital onde afirmam que militantes do Hamas operam. Mohammed Zaqout, diretor dos hospitais em Gaza, disse que tanques israelenses estavam dentro do complexo médico e que soldados entraram em edifícios, incluindo os departamentos de emergência e cirurgia, que abrigam unidades de terapia intensiva.

Na madrugada desta quinta-feira, 15, as tropas se retiraram do centro médico e estabeleceram uma base ao redor do complexo, que, segundo o governo de Israel, serve de base para o grupo terrorista Hamas, segundo um jornalista que colabora com a AFP.

O Hospital Shifa tornou-se um símbolo do sofrimento generalizado dos civis palestinos durante a guerra entre Israel e o Hamas, que eclodiu depois que o grupo militante matou cerca de 1.200 pessoas e capturou cerca de 240 prisioneiros num ataque surpresa no sul de Israel, em 7 de outubro.

O exército israelita afirma que o grupo militante utiliza hospitais como cobertura para os seus combatentes e estabeleceu o seu principal centro de comando dentro e abaixo do Hospital Shifa, o maior no território sitiado. Tanto o pessoal do Hamas como o do Hospital Shifa negam as acusações israelitas.

Mais de 11.200 palestinos - dois terços deles mulheres e menores - foram mortos desde o início da guerra, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, controlada pelo Hamas, que não diferencia entre mortes de civis e de militantes. Cerca de 2.700 pessoas foram dadas como desaparecidas.

Atualmente:

- O Conselho de Segurança da ONU tenta pela quinta vez adotar uma resolução sobre a guerra Israel-Hamas.

- Os chefes de defesa da ASEAN pedem o fim dos combates em Gaza, mas lutam para enfrentar Mianmar.

- Milhares de pessoas fogem do principal hospital de Gaza, mas centenas, incluindo bebês, continuam encurralados pelos combates.

- Apoiadores de Israel manifestam-se em Washington, gritando "nunca mais".

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou com recurso nesta quinta-feira, 16, no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do ministro Alexandre de Moraes que barrou sua viagem para participar da posse do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump.

A defesa sugere dois caminhos: que o ministro reconsidere a própria decisão ou que envie o pedido para julgamento colegiado no plenário do STF.

O recurso foi apresentado horas após a decisão de Moraes. Bolsonaro corre contra o tempo. A posse de Trump será no dia 20, em Washington.

O ex-presidente está com o passaporte retido desde 8 de fevereiro de 2024, quando foi alvo da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, por suspeita de envolvimento em um plano de golpe após as eleições de 2022. Bolsonaro foi indiciado no caso.

A apreensão do passaporte é uma medida cautelar para evitar a fuga do investigado durante o inquérito e o processo. Bolsonaro já afirmou, em entrevistas, que se sente "perseguido" pela Justiça e que não descarta o refúgio em uma embaixada.

Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Sanches Vilardi, que coordenam a defesa do ex-presidente, argumentam que o passaporte dele está retido há um ano, mesmo sem denúncia formal. "O tempo mostra-se excessivo, em especial quando tratamos de medidas graves e, principalmente, porque sequer há uma acusação posta", criticam.

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito do golpe, mas cabe ao procurador-geral da República Paulo Gonet redigir a denúncia, o que deve ocorrer ainda neste semestre.

A defesa também afirma que o ex-presidente "já demonstrou, concreta e objetivamente, sua intenção de permanecer no Brasil" e cita como exemplo viagem à Argentina para a posse de Javier Milei, em dezembro de 2023. Segundo os advogados, a decisão de Moraes está "concentrada em meras conjecturas".

"As cautelares impostas ao Peticionário (Bolsonaro) têm sido integralmente cumpridas e respeitadas. E, portanto, nada indica que a pontual devolução do passaporte, por período delimitado e justificado, possa colocar em risco essa realidade. Sendo certo que, em seu retorno, o passaporte será prontamente devolvido a esse E. Supremo Tribunal Federal", diz um trecho do recurso.

Os advogados ainda rebatem os argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi contra a viagem. Em sua manifestação, Gonet afirmou que o passaporte do ex-presidente foi retido por "motivos de ordem pública" e que a viagem, por sua vez, não atende ao interesse público. O PGR cravou que Bolsonaro quer participar do evento para "satisfazer interesse privado". A defesa afirma, por sua vez, que Bolsonaro foi convidado na condição de ex-presidente e "político atuante".

A juíza Juanita Cruz da Silva Clait Duarte, de Mato Grosso, que conseguiu na Justiça o direito de receber R$ 5,8 milhões após ser afastada por investigação em um esquema de corrupção, foi homenageada pela Justiça do Estado pela "qualidade dos serviços prestados", em 2008.

Juanita atuou como juíza na comarca de Várzea Grande e recebeu a honraria da Corregedoria-Geral da Justiça naquele ano. De acordo com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), os magistrados reconhecidos à época foram escolhidos pelo "comprometimento em atingir as metas".

Em agosto do ano passado, a juíza se candidatou para uma das vagas de desembargador do tribunal, mas não foi eleita pelos critérios de antiguidade e merecimento.

Dois meses depois, em dezembro, a magistrada recebeu um novo reconhecimento pela "desempenho e eficiência" na 2ª Turma Recursal do tribunal.

"É uma honra receber este certificado, ver pela primeira vez as Turmas sendo agraciadas. Ter o nosso trabalho reconhecido é, de fato, recompensador. Foi uma grata surpresa", disse na cerimônia, como registrou o site do Tribunal de Mato Grosso à época.

A comarca comandada por Juanita conquistou o prêmio na categoria Diamante, com índices superiores a 96,5% de aproveitamento, segundo o TJ.

Juanita chegou a ser aposentada compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2010, órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, na esteira de um dos maiores escândalos de corrupção que atingiu o Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o Escândalo da Maçonaria. Ela retornou ao cargo em 2022, por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)

Até a publicação deste texto, o Estadão não havia conseguido contato com a juíza Juanita Cruz da Silva Clait Duarte.

Ao retornar ao tribunal, Juanita foi designada para jurisdicionar o Oitavo Juizado Especial Cível de Cuiabá, em Mato Grosso. Os valores que a magistrada deverá receber são referentes a diferenças salariais referentes aos 12 anos em que ficou afastada das funções.

Durante julgamento do CNJ em 2010, o ministro Ives Gandra Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), explicou em seu voto que Juanita atuou como laranja do esquema que ficou conhecido como o Escândalo da Maçonaria. A magistrada e outros nove juízes punidos pelo CNJ receberam, segundo o voto do ministro, dinheiro do tribunal, a título de pagamentos atrasados, que foram entregues à Loja Maçônica Grande Oriente, onde o então presidente da Corte, desembargador Mariano Alonso Ribeiro Travassos, era grão-mestre.

Segundo Ives Gandra Filho, Juanita recebeu o dinheiro do tribunal para repassar à maçonaria. A investigação da Corregedoria da Corte revelou desvios de R$ 1,4 milhão dos cofres da Justiça de Mato Grosso para uma loja maçônica, entre 2003 e 2005.

Em maio do ano passado, Juanita tomou posse como na Academia Mato-Grossense de Magistrados (Ama), entidade de fomento da discussão jurídica no Estado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou irritação nesta quinta-feira, 16, por ter tido o pedido de devolução de seu passaporte negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. "Não estou indo para uma festa de batizado, da filha ou da neta de ninguém. É um evento de posse da maior democracia do mundo", disse.

Bolsonaro pediu o documento de volta ao ministro para viajar aos Estados Unidos e acompanhar a posse do presidente eleito, Donald Trump, no próximo dia 20, em Washington.

Em entrevista à Revista Oeste nesta quinta, o ex-presidente afirmou que Trump "tem um carinho" por ele e que o norte-americano "gostaria de apertar a mão" dele, ou não o teria convidado.

Indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro ainda disse que os advogados vão recorrer da decisão, mas sabe que as chances de vitória são pequenas.

"Me senti como uma criança recebendo um presente", disse o ex-chefe do Executivo federal para narrar o momento em que foi convidado para a cerimônia. A comunicação foi enviada para o e-mail do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no último dia 8, pela equipe escolhida pelo republicano para organizar o evento.

O fato do convite ter sido feito por um endereço eletrônico desconhecido e sem a programação do evento fez com que Moraes solicitasse mais informações à equipe de advogados de Bolsonaro.

A defesa do ex-presidente havia pedido a liberação de seu passaporte, alegando que Bolsonaro foi "honrado ao receber, diretamente do Comitê de Posse Presidencial, convite formal" para participar das solenidades de posse nos EUA.

Nesta quinta-feira, a quatro dias da cerimônia, o ministro Alexandre de Moraes negou a devolução do passaporte, apreendido desde fevereiro de 2024, quando o ex-presidente foi alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal para investigar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

A decisão do ministro segue o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que não viu "interesse público" que justificasse a flexibilização da restrição imposta ao ex-chefe do Executivo.

Bolsonaro afirmou que a mulher dele, Michelle Bolsonaro, vai representá-lo e receberá "um tratamento bastante especial" devido à "consideração" e à "amizade construída durante dois anos" entre ele e o presidente norte-americano eleito.