Coreia do Norte diz ter colocado satélite espião em órbita após 3ª tentativa

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A Coreia do Norte realizou nesta terça-feira, 21, uma terceira tentativa de colocar um satélite militar espião em órbita. O país disse ter obtido êxito no lançamento. A nova investida demonstra a determinação norte-coreana de construir um sistema de vigilância baseado no espaço em meio a tensões prolongadas com os Estados Unidos.

A afirmação da Coreia do Norte sobre o lançamento ter sido bem sucedido não pôde ser imediatamente confirmada de forma independente. Mas é certo que o movimento suscitará reações dos Estados Unidos e de seus aliados, já que a ONU proíbe a Coreia do Norte de conduzir lançamentos de satélites, descrevendo-as como coberturas para testes de tecnologia de mísseis.

As autoridades norte-coreanas afirmaram em comunicado que o seu veículo de lançamento espacial colocou o satélite Malligyong-1 em órbita na noite de terça-feira, após a descolagem do principal centro de lançamento do país. O comunicado disse que o líder Kim Jong-un observou o lançamento e que o satélite espião disparado aumentaria a prontidão da Coreia do Norte para a guerra em resposta aos movimentos militares hostis de seus rivais e que mais seriam lançados em breve.

A Coreia do Sul disse anteriormente que detectou o lançamento do que a Coreia do Norte descreveu como um satélite espião militar do principal centro espacial do Norte, na noite de terça-feira. O Japão disse que também detectou um lançamento norte-coreano.

O gabinete do primeiro-ministro japonês chegou a emitir brevemente um alerta de míssil J-Alert para Okinawa, orientando os residentes a se abrigarem dentro de edifícios ou no subsolo. Os militares da Coreia do Sul disseram que mantêm a sua prontidão em estreita coordenação com os Estados Unidos e o Japão.

"Mesmo que a Coreia do Norte chame de satélite, o disparo que utiliza tecnologia de mísseis balísticos é uma clara violação das resoluções relacionadas do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. "É também uma ameaça grave que afeta a segurança das pessoas."

Um satélite espião está entre os principais meios militares cobiçados pelo líder norte-coreano Kim Jong Un, que quer modernizar seus sistemas de armamentos para lidar com o que chama de crescentes ameaças dos EUA. A Coreia do Norte tentou lançar um satélite espião duas vezes este ano, mas ambas as tentativas acabaram enfrentando falhas técnicas.

Coreia do Sul menciona apoio russo

O país tinha prometido uma terceira tentativa em outubro, mas não deu sequência aos planos sem dar mais esclarecimentos. Autoridades sul-coreanas disseram que o atraso ocorreu porque a Coreia do Norte estava recebendo assistência tecnológica da Rússia para o seu programa de satélites espiões.

Coreia do Norte e Rússia têm pressionado para expandir suas relações nos últimos meses. Em setembro, Kim viajou para a Rússia para encontrar Vladimir Putin e visitar locais militares importantes, levantando especulações sobre um acordo de armamentos entre as duas nações.

O suposto acordo envolve o fornecimento de armas convencionais pela Coreia do Norte para reabastecer o estoque de munições da Rússia esgotado na guerra na Ucrânia. Em troca, governos e especialistas estrangeiros dizem que a Coreia do Norte procura ajuda russa para melhorar os seus programas nucleares e outros programas militares. Durante a visita de Kim à Rússia, Putin disse à imprensa estatal que o seu país ajudaria a Coreia do Norte a construir satélites, dizendo que Kim "demonstra grande interesse na tecnologia de foguetes".

A Rússia e a Coreia do Norte rejeitaram as acusações externas sobre o seu alegado acordo de transferência de armas como infundadas. Tal acordo violaria as proibições da ONU sobre qualquer comércio de armas envolvendo a Coreia do Norte.

Misseis balísticos

Kim disse anteriormente que a Coreia do Norte precisa de satélites espiões para melhorar seu monitoramento sobre atividades da Coreia do Sul e dos Estados Unidos e para monitorar melhor as atividades sul-coreanas e norte-americanas e melhorar o uso eficaz dos seus mísseis nucleares. Mas a Coreia do Sul afirmou que um programa de lançamento de espiões norte-coreano também envolve esforços para fabricar mísseis balísticos intercontinentais mais poderosos.

"Se a Coreia do Norte conseguir lançar o satélite de reconhecimento militar, isso significaria que as capacidades de misseis balísticos intercontinentais da Coreia do Norte foram levadas a um nível mais elevado", disse o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, na semana passada. "Portanto, teremos que apresentar contramedidas reforçadas."

Desde o início de 2022, a Coreia do Norte realizou cerca de 100 testes de mísseis em uma tentativa de estabelecer um arsenal de armamento nuclear confiável visando os Estados Unidos e seus aliados. Muitos especialistas estrangeiros disseram que possuir um foguete capaz de colocar um satélite em órbita significaria que a Coreia do Norte poderia construir um míssil capaz de transportar uma ogiva com um tamanho semelhante ao do satélite.

Duas tentativas fracassadas

A guarda costeira do Japão disse mais cedo na terça-feira que a Coreia do Norte tinha notificado Tóquio de seu plano de lançar o satélite em algum momento entre quarta-feira, 22, e o dia 30 de novembro. Os Estados Unidos, a Coreia do Norte e o Japão, em sequência, pediram que a Coreia do Norte cancelassem o lançamento.

Esses países já haviam condenado os dois lançamentos de satélites anteriores da Coreia do Norte como violações das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Mas a Rússia e a China, membros permanentes do conselho, impediram qualquer resposta do Conselho de Segurança.

Nas duas tentativas anteriores, em maio e agosto, a Coreia do Norte a utilizou o seu novo foguete Chollima-1 para transportar o satélite de reconhecimento Malligyong-1.

Na primeira tentativa, o foguete que transportava o satélite caiu no oceano logo após a decolagem. As autoridades norte-coreanas disseram que o foguete perdeu impulso após a separação do primeiro e do segundo estágio. Após a falha no segundo lançamento, a Coreia do Norte disse que houve um erro no sistema de detonação de emergência durante o voo da terceira fase.

A Coreia do Sul recuperou destroços do primeiro lançamento e considerou o satélite muito bruto para realizar reconhecimento militar.

Alguns especialistas civis disseram que o satélite Malligyong-1 da Coreia do Norte provavelmente só é capaz de detectar alvos grandes, como navios de guerra ou aviões. Mas, ao operar vários desses satélites, a Coreia do Norte ainda poderia observar a Coreia do Sul em todos os momentos, disseram.

Além dos satélites espiões, Kim está ansioso por introduzir outras armas de alta tecnologia, como mais ICBMs móveis, submarinos com propulsão nuclear, armas hipersónicas e mísseis com múltiplas ogivas. Observadores dizem que Kim acabaria por querer usar um arsenal de armas ampliado para obter maiores concessões dos EUA, como o alívio de sanções, quando a diplomacia for retomada.

Em resposta, os EUA e a Coreia do Sul têm expandido os seus exercícios militares regulares que por vezes incluíam ativos estratégicos dos EUA, tais como bombardeiros de longo alcance, um submarino com armas nucleares e porta-aviões. Na terça-feira, o porta-aviões USS Carl Vinson e o seu grupo de batalha chegaram a um porto sul-coreano numa nova demonstração de força contra a Coreia do Norte.

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.