Procuradora-Geral do Peru denuncia presidente por mortes em repressão a protestos

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Nesta segunda-feira, 27, a Procuradora-Geral do Peru, Patricia Benavides, denunciou no Congresso do país a presidente Dina Boluarte pelo suposto crime de homicídio como responsável pela repressão aos protestos contra ela, que deixaram mais de 50 mortos após sua chegada ao poder. "Informo que formulei denúncia constitucional ante o Congresso da República contra Dina Boluarte, presidente da República, e Luis Alberto Otárola", o primeiro-ministro, disse Benavides em declaração televisionada.

A acusação, que pode levar ao impeachment da presidente, acontece no momento em que a procuradora enfrenta graves questionamentos internos à sua gestão com pedidos de renúncia feitos por altos procuradores do Ministério Público.

"Não se deve permitir a morte de nenhum peruano ou peruana, e tampouco o abuso de poder", acrescentou Benavides, que também denunciou que seus colegas querem desprestigiá-la.

A denúncia contra Boluarte foi apresentada depois que Benavides foi acusada por uma procuradora de liderar uma suposta rede criminosa dentro da cúpula do Ministério Público, de onde supostamente exerceu tráfico de influência com o Congresso e troca de favores políticos.

Nesse contexto, Benavides disse que não vai renunciar enquanto a Junta Nacional de Justiça avalia sua permanência no cargo.

Em sua primeira reação pública, a presidente peruana considerou que a denúncia era uma "manobra política" para "tirar o foco de uma denúncia gravíssima contra a própria procuradora" Benavides.

Boluarte manifestou "estranheza" pelo fato de a denúncia ter sido apresentada "depois que a população tomou conhecimento das diligências e detenção da equipe [de assessores] de Benavides por supostos atos de corrupção".

"Somos inimigos da corrupção e da impunidade, venha de onde vier", acrescentou.

Até agora, a procuradora-geral era vista como uma aliada da coalizão conservadora do Executivo e do Congresso desde o início do atual governo.

A presidente peruana evitou se expressar sobre o teor da acusação e sua suposta responsabilidade na morte dos manifestantes. Segundo a acusação do MP, os chefes militares e policiais declararam que Boluarte estava informada sobre a repressão, o que ela nega.

"É suspeito e grave que hoje, segunda-feira, se apresente a denúncia depois que, na sexta-feira passada, a investigação foi prolongada por mais oito meses", apontou.

O MP iniciou a investigação contra Boluarte em janeiro pelos supostos delitos de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves". Em setembro, a governante compareceu pela terceira vez diante dos procuradores.

Para que o Congresso aprove a denúncia contra a presidente, é necessário um processo parlamentar que pode durar até três meses.

As manifestações antigovernamentais explodiram em 7 de dezembro do ano passado, quando Boluarte assumiu a Presidência, após a destituição do esquerdista Pedro Castillo por sua tentativa frustrada de dissolver o Congresso, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte.

Os protestos duraram até março deste ano e 54 pessoas morreram, incluídos seis soldados que se afogaram em um rio quando tentavam fugir de camponeses que atiravam pedras contra eles em Puno, cidade do sudeste que foi o epicentro das mobilizações.

De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cerca de 20 pessoas morreram por tiros disparados pelas forças militares enviadas para controlar as manifestações.

Castillo cumpre prisão preventiva em Lima, esperando que a Justiça decida seu eventual chamado a julgamento.

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.