Tráfico põe Argentina e Chile na rota do crime

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A América Latina tem 8% da população mundial, mas concentra 29% das mortes violentas, segundo o levantamento mais recente do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), de 2023. Mesmo Argentina e Chile, que mantêm taxas de homicídios bem abaixo da média regional, têm focos de violência ligadas às gangues e rotas do narcotráfico.

"Não há nenhum país que esteja isento do aumento dos mercados ilegais na região", afirma a pesquisador Lucía Dammert, uma das autoras do estudo Por que há tanta violência homicida na América Latina?, publicado este ano.

Mais de 117 mil pessoas foram assassinadas na América Latina e Caribe em 2023, segundo o InSight Crime, que investiga o crime organizado na região. O número já supera o estimado de mortos na Ucrânia, que está em guerra há dois anos, e tende a ser ainda maior, porque os dados mais recentes ainda não estão disponíveis em vários países.

"Os homicídios estão vinculados a cobranças de dívidas, acertos de contas, situação típica dos mercados ilegais ligados a organizações criminosas regionais", afirma Dammert, destacando que não há uma organização central que controle o crime na região. "Pelo contrário, parece haver uma rede flexível de conexões entre gangues em várias cidades", disse.

CHILE

Países que antes eram exemplo de segurança entraram na rota do crime. Esta semana, o Ministério Público do Chile concluiu que o Trem de Aragua, grupo criminoso da Venezuela, está por trás do assassinato de Ronald Ojeda, ex-militar crítico ao regime de Nicolás Maduro, sequestrado em Santiago. Dias depois, o corpo foi encontrado dentro de uma mala.

A capital chilena tem uma taxa de 10 homicídios por cada 100 mil habitantes, o dobro da média nacional (4,7 por 100 mil, bem abaixo da média na América Latina). Mas foi no norte do país que a violência acendeu o alerta. Situada na fronteira com Bolívia e Peru, a região de Arica é considera uma rota estratégica para a passagem de maconha e cocaína, e se viu invadida nos últimos anos por facções de outros países, como o Trem de Aragua.

Palco da disputa pelo controle de rotas, a região registrou, em 2022, a maior taxa de homicídios do Chile: 17 por 100 mil habitantes. Diante da crise, autoridades reforçaram a segurança e celebraram uma redução de homicídios no ano seguinte, mas faltam dados consolidados de 2023 para estabelecer uma comparação mais precisa.

ARGENTINA

Assim como o Chile, a Argentina tem índices de mortes violentas mais parecidos com a média global e bem abaixo dos padrões da América Latina. Mas Rosário, cidade de Lionel Messi, foge à regra, com o recorde de 24 homicídios por 100 mil habitantes, em 2023.

A crise se arrasta há uma década, apesar de melhorias pontuais. A explicação, afirma Marco Iazzetta, professor de ciências políticas e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosário, é o que ele chama de "crime desorganizado".

"A fragmentação criminal em Rosário é evidente com muitos grupos, gangues e bandos, mas não se assemelha ao que acontece em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Aqui, são pequenos grupos locais, dedicados principalmente ao tráfico de drogas, sem uma hegemonia clara entre eles. Não houve nenhum grupo que tenha conseguido impor o seu domínio sobre os outros ou estabelecer regras de divisão de território", afirma.

Enquanto isso, o Estado argentino tem sido incapaz de pacificar esse fratricídio entre as gangues. A polícia, segundo o pesquisador, não acompanha as novas dinâmicas do crime organizado e do tráfico de drogas. "Além disso, há corrupção policial. Grupos criminosos conseguem facilmente se infiltrar e cooptar agentes ou funcionários importantes das forças de segurança", disse Iazzetta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira, 4, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 11 aliados no caso envolvendo as joias sauditas, revelado pelo Estadão. Ex-ministros e aliados políticos saíram em defesa do ex-presidente alegando que ele é vítima de perseguição.

O inquérito enquadra o ex-presidente nos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal. Somadas, as penas variam entre 10 a 32 anos de prisão.

Flávio Bolsonaro, Eduardo e Carlos: 'Perseguição'

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse no X (antigo Twitter) que o indiciamento do ex-presidente é uma "perseguição declarada e descarada" a Jair Bolsonaro. O senador alegou que os presentes concedidos ao ex-presidente foram devolvidos ao patrimônio da União, não havendo "dano ao erário".

Sugeriu parcialidade na atuação dos investigadores, afirmando que um grupo na PF foi "escalado a dedo" para as diligências. O texto de Flávio foi replicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL).

Sóstenes Cavalcante: 'Solidariedade total'

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) replicou em seu perfil do X o texto publicado por Flávio Bolsonaro. Além disso, afirmou que o indiciamento da PF é "pura perseguição" e reforçou sua "solidariedade total e irrestrita" ao ex-presidente.

"Fazem de tudo, mas todo o Brasil sabe que Jair Bolsonaro não é corrupto", sugeriu Cavalcante.

Ciro Nogueira: 'Homem de bem'

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente é "um homem de bem" de caráter e honestidade insuperáveis entre brasileiros. "Igual a Bolsonaro até pode ter, mas mais ('de bem' e honesto)… É impossível", afirmou Nogueira no X.

Rogério Marinho: 'Precedente' a Lula

O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e líder da Oposição no Senado, disse que o indiciamento desta quinta é um "precedente" preocupante ao presidente Luiz Inácio da Lula (PT), pois o petista também esteve envolto a um imbróglio jurídico sobre presentes conferidos a ele entre 2003 e 2010.

Como mostrou o projeto Comprova, em parceria com o Estadão Verifica, a insinuação de Marinho é enganosa. Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez auditoria no acervo de presentes recebidos em Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Após o pente-fino, a Corte de contas determinou a localização e incorporação ao patrimônio da União de 568 peças dadas a Lula e de 144 itens conferidos a Dilma. Até então, não havia clareza na legislação sobre a destinação desses bens.

Segundo o TCU, esta determinação foi cumprida pelos petistas. Apenas oito itens do acervo de Lula não foram localizados. De acordo com registros do Sistema de Informação do Acervo Privado Presidencial (Infoap), os presentes em posse de Lula foram estimados em R$ 11.748,40. Este montante, segundo o TCU, foi restituído à União em 10 parcelas de R$ 1.174,84.

Sérgio Moro: 'Diferença de tratamento'

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, relativizou a "diferença de tratamento" entre o ex-presidente e Lula. O ex-juiz aludiu ao caso dos contêineres e relembrou que, nesta ocasião, Lula não foi indiciado por peculato, "dada a ambiguidade da lei" vigente.

"Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares, afirmou Moro.

Gustavo Gayer: 'PF virou Gestapo'

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) comparou a PF à Gestapo, a polícia secreta do regime nazista. Segundo o deputado federal, a PF brasileira, a mando do ministro do STF Alexandre de Moraes, trabalha para perseguir opositores políticos. "Estão desesperados para desgastar o líder político que leva milhões pras ruas", disse Gayer.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as acusações de que está "cansado", na esteira de apontamentos etaristas que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vem recebendo. O chefe do Executivo, então, convidou aqueles que o acusam de estar cansado para acompanhar suas agendas.

"Estou vendo vários artigos de colunistas dizendo que estou cansado por causa do Biden, nos Estados Unidos", comentou o presidente. "Então, todos que acham que eu estou cansado, eu convido a fazer uma agenda comigo durante o meu mandato", afirmou.

"Se ele aguentar acordar às 5h e dormir meia-noite todo dia, aí pode dizer que estou cansado", rebateu. "Quero ver quem fala que estou cansado, que está sentado com a bunda na cadeira escrevendo, se tem coragem de levantar e ir para a rua andar."

As declarações ocorreram nesta sexta-feira, 5, durante cerimônia de inauguração do Edifício Acadêmico e Administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN - Unifesp) em Osasco, São Paulo. Na fala, Lula citou as diversas visitas a Estados que fez nas últimas semanas, de olho nas eleições municipais.

O presidente, então, disse que a primeira-dama, Rosângela da Silva, é "testemunha ocular" de sua condição física. "Quando eu falo que tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, estou falando com conhecimento de causa."

O Exército brasileiro vai incorporar uma tecnologia capaz de equipar os drones Nauru 1000C - adquiridos pelas Forças Armadas com a empresa brasileira XMobots - com mísseis. Será o primeiro drone das Forças Armadas com poder ofensivo. Os primeiros testes armados do Nauru devem ocorrer em 2025.

O Exército planeja adquirir os sistemas equipados com mísseis até 2027, no atual ciclo de planejamento estratégico da Força. Atualmente, os drones Nauru já contam com um sistema de câmeras, podem alcançar uma velocidade de 110 quilômetros por hora e têm autonomia de dez horas. Eles são utilizados para reconhecimento aéreo de esconderijos, vigilância de alvos e missões de inteligência. Com a nova tecnologia, os sistemas ganham em poder ofensivo.

O Nauru 1000C - que será equipado com míssil - tem quase oito metros de envergadura e três de comprimento. O drone conta com oito motores com baterias independentes, permitindo a realização de decolagens e pousos verticais automáticos e possibilitando a decolagem e aterrissagem em ambientes críticos.

De acordo com o Exército, a versão armada do Nauru encontra-se em "fase final de avaliação".

"As capacidades relacionadas aos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP), mais conhecidos como drones, fazem parte do escopo de três Programas Estratégicos do Exército Brasileiro: Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras(SISFRON), Aviação do Exército (AvEx) e Astros. Há a previsão de obtenção, ainda no atual ciclo do Planejamento Estratégico do Exército (2024-2027), de sistemas equipados com mísseis, tendo como base a plataforma NAURU 1000(XMOBOTS), cuja versão ISR encontra-se em fase final de avaliação", confirma o Exército.

O primeiro drone Nauru foi recebido pelo Exército em dezembro de 2022 no 2º Batalhão de Aviação do Exército (BAvEx), em Taubaté (SP). À época, o general de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, então Comandante Militar do Sudeste, disse que os drones seriam utilizados "em operações de fronteira, operações em ambientes urbanos e nas operações convencionais".

"Está colocando o Exercito Brasileiro em outro patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos. Esta tecnologia vai nos ajudar muito nas operações na faixa de fronteira, operações em ambientes urbanos e nas operações convencionais mesmo", disse o general Tomás.

Como mostrou o Estadão, a compra dos drones e prosseguimento dos projetos estratégicos já existentes para a modernização do Exército - como o sistema de foguetes Astros - vão pouco a pouco recuperando a atenção dos militares para o dia a dia das coisas da caserna, afastando a tropa das questões vinculadas à política partidária.

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