Israel renova ameaças de ofensiva em Rafah em meio a impasse nas negociações por cessar-fogo

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Israel afirma que vai lançar em breve uma operação militar em Rafah e apresentou aos Estados Unidos um plano para retirada de civis palestinos da cidade, no sul da Faixa de Gaza. A ameaça foi renovada no momento em que as negociações por um cessar-fogo chegaram a um impasse, após o progresso dos últimos dias.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que o Hamas não estava levando a sério o acordo e alertou sobre "uma poderosa operação em um futuro muito próximo em Rafah e em outros lugares em toda a Faixa de Gaza".

Esta semana, Israel apresentou aos Estados Unidos um plano para retirada dos civis da cidade de Rafah, confirmaram autoridades americanas que falaram sob condição de anonimato. De acordo com as mesmas fontes, o plano não altera a posição da Casa Branca de que a ofensiva colocaria palestinos inocentes em risco.

Washington, principal aliado de Tel-Aviv, tem alertado para as consequências da possível operação na cidade, que abriga atualmente mais de 1 milhão de palestinos deslocados pelo conflito. Apesar da pressão internacional, o governo israelense tem insistido que a ofensiva é necessária para o objetivo de acabar com o grupo terrorista.

Neste domingo, o Hamas reivindicou a autoria do ataque que matou três soldados israelenses e deixou 11 feridos na passagem de Kerem Shalom, que foi fechada para entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. De acordo com o Exército israelense, os 10 foguetes partiram de Rafah. Horas depois, os bombardeios de Israel deixaram ao menos 16 mortos na cidade.

"Temos objetivos claros para esta guerra. Estamos comprometidos com a eliminação do Hamas e com a libertação dos reféns", disse o ministro da Defesa ao alertar que a operação deve ser lançada num "futuro muito próximo" e culpar o Hamas pelo impasse nas negociações por um cessar-fogo.

Após meses de pouco progresso, os dois lados deram sinais de avanço em direção à trégua nos últimos dias. O líder do Hamas Ismail Haniyeh chegou a dizer que o grupo estava "sério e otimista" com as negociações. As conversas, no entanto, chegaram a um impasse neste domingo, 5, e a delegação do Hamas deixou o Cairo sem acordo.

A última proposta de trégua que os mediadores internacionais - Catar, Egito, Estados Unidos - apresentaram ao Hamas no final de abril prevê uma interrupção dos combates durante 40 dias e uma troca de reféns israelenses detidos em Gaza desde 7 de outubro por prisioneiros palestinos.

O principal obstáculo foi a duração de um cessar-fogo. Falando sob condição de anonimato, uma autoridade israelense disse ao The New York Times que os dois lados estiveram perto de um acordo, mas que as declarações do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, sobre Rafah levaram o Hamas a buscar mais garantias de Israel.

O Hamas pressiona por um acordo que leve ao fim da guerra e a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza enquanto o governo Netanyahu afirma que aceitar a exigência seria uma derrota e que só estaria disposto a uma pausa temporária nos combates. A justificativa de Netanyahu é que o cessar-fogo permanente permitiria que o Hamas retomasse o controle sobre a Faixa de Gaza e reorganizasse suas capacidades militares.

Tel-Aviv não enviou uma delegação para a última rodada de negociações no Egito. De acordo com a autoridade israelense, o país esperava uma resposta por escrito do Hamas à proposta de acordo, antes de enviar seus representantes para o Cairo, mas essa resposta não veio.

O líder do Hamas Abu Marzouk disse que o grupo queria a presença da delegação israelense no Egito para esclarecer pontos "vagos" na proposta, incluindo a duração do cessar-fogo. Ele acusa Netanyahu de buscar um acordo que permita a invasão de Rafah após a libertação dos reféns israelenses.

Netanyahu, por outro lado, culpa o Hamas pelo impasse. "É o Hamas que está atrasando a liberação dos reféns. Estamos trabalhando de todas as formas possíveis para liberar os reféns. Essa é a nossa prioridade", disse neste domingo.

O diretor da CIA, Bill Burns, viajou a Catar neste domingo (5) para se reunir com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, na tentativa de evitar o colapso das negociações.

A TV estatal Al-Qahera, do Egito, afirma que a delegação do Hamas retornaria ao país na terça-feira, mas um integrante do grupo terrorista disse ao NY Times que a decisão ainda não foi tomada.

A guerra foi desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 250 reféns no dia 7 de outubro. A resposta israelense no enclave palestino deixou mais de 34 mil mortos, de acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. (Com agências internacionais).

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.

Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".