Putin e Xi se reúnem diante de sinais de impacto das sanções

Internacional
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Por trás das declarações, dos elogios mútuos e das promessas de cooperação ilimitada, a visita do presidente russo, Vladimir Putin, à China ocorre em meio a sinais preocupantes de que as sanções internacionais, pela primeira vez, dão sinais de afetar a economia da Rússia, pelo menos nos últimos dois meses.

O comércio entre China e Rússia cresceu muito desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, atingindo US$ 240 bilhões, em 2023, de acordo com dados da alfândega chinesa. O crescimento se manteve firme nos primeiros meses do ano, mas a tendência se reverteu nos últimos meses.

Depois que os EUA começaram a impor um cerco às instituições financeiras dispostas a ajudar os russos, as exportações chinesas para a Rússia caíram, em março e abril. Analistas dizem que a queda é reflexo da ordem executiva do presidente americano, Joe Biden, de dezembro, que permite sanções secundárias a bancos estrangeiros que financiam ou facilitam a máquina de guerra russa, permitindo que o Tesouro dos EUA exclua as instituições do sistema de pagamentos internacional, o Swift.

Limites

As medidas, juntamente com os esforços chineses para reconstruir os laços com os EUA, podem fazer com que o presidente da China, Xi Jinping, relute em promover abertamente uma maior cooperação com a Rússia - apesar das promessas de fidelidade entre os dois líderes.

Oito pessoas - entre russos e chineses - ligadas ao comércio internacional afirmaram à agência France-Presse, nos últimos dias, que vários bancos da China já foram obrigados a suspender ou reduzir as transações com clientes russos.

De acordo com um relatório do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros, da Universidade Renmin, de Pequim, publicado em maio, a solução poderia vir de pequenos bancos chineses, que seriam "promovidos" pelo governo para encabeçar o comércio com a Rússia, enquanto a criação de novas instituições financeiras ajuda a contornar as sanções ocidentais.

Pé no freio

O relatório afirma que, em março, 80% dos pagamentos que deveriam ter sido realizados entre China e Rússia foram suspensos, "impactando severamente o comércio e as relações entre os dois países", afirmou o Instituto Chongyang.

Nesta quinta, 16, Putin reuniu-se com Xi no primeiro dia de uma visita de dois dias a Pequim, que pretende demonstrar a proximidade entre os dois. Em 2022, eles prometeram forjar uma "aliança sem limites" - prova disso é que a China foi o destino escolhido pelo Kremlin para a primeira viagem de Putin ao exterior após ser reeleito para o quinto mandato.

Putin e Xi trocaram afagos, expressaram visões comuns e atacaram os americanos. "Os EUA ainda pensam em termos de Guerra Fria e são guiados pela lógica do confronto em bloco, colocando a segurança de grupos restritos acima da estabilidade regional, o que cria uma ameaça à segurança de todos os países da Ásia-Pacífico. Os EUA devem abandonar esse comportamento[", diz o comunicado, após o encontro no Grande Salão do Povo.

Amizade

Xi chamou Putin de "velho amigo". O russo agradeceu a China por suas "iniciativas de paz" na Ucrânia. "Nossa cooperação é um dos fatores de estabilidade no cenário internacional", disse Putin, segundo TVs da Rússia que cobriram o evento.

Os dois disseram ainda que as relações entre China e Rússia "apresentam uma forma mais avançada de interação interestatal em comparação com as alianças da Guerra Fria". Xi e Putin defenderam também a expansão da cooperação militar e reafirmaram o desejo de contribuir para uma ordem mundial multipolar "mais justa e sustentável". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".

O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu neste sábado, 19, às críticas feitas em artigo da revista The Economist que diz que o ministro Alexandre de Moraes tem "poderes excessivos" e que o tribunal enfrenta "crescentes questionamentos". Em nota assinada pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o STF defendeu a atuação de Moaes e negou que haja uma crise de confiança na instituição.

"O enfoque dado na matéria corresponde mais à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e respeito aos direitos fundamentais", afirmou o tribunal.

A revista inglesa afirmou que o Supremo poderia agravar sua crise de confiança diante dos brasileiros caso o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguisse na Primeira Turma do tribunal, em vez de ser levado ao plenário. O texto também fez críticas a Barroso, aos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e apontou que Moraes tem "poderes excessivos" nas decisões da Corte.

Em resposta, o STF afirmou que o julgamento de ações penais contra autoridades segue o rito previsto no procedimento penal, que determina que esses casos sejam analisados pelas turmas, e não pelo plenário. "Mudar isso é que seria excepcional", destacou a nota assinada por Barroso.

Barroso rebateu a sugestão de suspender Moraes do julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente ofendeu quase todos os integrantes do Supremo e, "se a suposta animosidade em relação a ele pudesse ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder ser julgado". Ele ainda classificou Moraes como um juiz que "cumpre com empenho e coragem o seu papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente".

O STF também negou que exista uma crise de confiança na instituição e citou dados do Datafolha, divulgados em março de 2024, para sustentar o argumento. Ao mencionar os dados, no entanto, Barroso usou o percentual atribuído ao Poder Judiciário como um todo, cuja confiança é maior, se comparada à da Corte, com 24% que confiam muito, 44% que confiam um pouco e 30% que não confiam.

Segundo a pesquisa, 21% dos entrevistados disseram confiar muito no Supremo, 44% confiam um pouco e 30% não confiam. Para a Corte, isso demonstra que a maioria da população mantém algum nível de confiança no tribunal.

A nota ainda destacou que decisões monocráticas citadas pela revista foram posteriormente ratificadas pelos demais ministros. Entre elas, a suspensão do X (antigo Twitter), que foi determinada pela ausência de representante legal da empresa no Brasil, e não por algum conteúdo publicado na plataforma. A medida foi revertida após a indicação de um representante.

"Todas as decisões de remoção de conteúdo foram devidamente motivadas e envolviam crime, instigação à prática de crime ou preparação de golpe de Estado. O presidente do Tribunal nunca disse que a Corte 'defeated (derrotou) Bolsonaro'. Foram os eleitores", declarou o STF.

Barroso afirmou ainda que, apesar de a reportagem citar "algumas das ameaças sofridas pela democracia" no País, deixou de mencionar as tentativas de invasão da sede dos três Poderes em Brasília nos ataques de 8 de janeiro por uma "multidão insuflada por extremistas" além das tentativas de explosão de bomba no STF e no aeroporto de capital. A nota cita ainda o plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Alexandre de Moraes.

"Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do leste Europeu à América Latina", concluiu Barroso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) uma semana depois da cirurgia realizada em 13 de abril. Um novo boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star e compartilhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro neste domingo, 20, informa que inda não há previsão de alta da UTI, mas que o ex-presidente apresenta boa evolução clínica.

A nota do hospital ainda diz que Bolsonaro apresenta pressão arterial sob controle, após o episódio de alteração relatado no boletim deste sábado, 19. Ele permanece em jejum oral, ou seja, sem se alimentar pela boca, e tem intensificado a fisioterapia motora e as medidas de reabilitação.

No domingo passado, 13 de abril, Bolsonaro fez uma cirurgia de 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal.

A operação foi feita após o ex-presidente passar mal, dois dias antes, durante uma agenda no interior do Rio Grande do Norte. Bolsonaro teve uma obstrução devido a uma dobra intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal. Na cirurgia, a complicação foi desfeita. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".