EUA apoiam proposta de paz de Israel e cobram decisão do Hamas

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O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou nesta sexta-feira, 31, que o governo de Israel tem uma proposta permanente de cessar-fogo em Gaza e endossou o plano, que prevê a retirada das tropas do território palestino e a libertação dos reféns que estão nas mãos do Hamas.

Em Washington, ele disse que o Hamas não é mais capaz de realizar outro ataque violento contra Israel, como o que aconteceu em 7 de outubro, porque o grupo teve seu poder de fogo reduzido após meses de ataques. "Está na hora de esta guerra acabar, de o dia seguinte começar", disse o presidente, na Casa Branca.

Segundo o presidente americano, este é um "momento decisivo", já que o Hamas sinalizou querer uma trégua. "Este é realmente um momento decisivo", disse Biden. "Israel fez sua proposta. O Hamas diz que quer um cessar-fogo. Este acordo é uma oportunidade de provar que eles realmente estão falando sério."

Três fases

A proposta israelense seria dividida em três fases: primeiro, um cessar-fogo de seis semanas; em seguida, a retirada das tropas de Israel do território palestino; por fim, a troca de idosos e mulheres reféns pela libertação de prisioneiros. No entanto, ele afirmou que ainda existem detalhes a serem negociados entre os dois lados.

"Desde que o Hamas cumpra os seus compromissos, um cessar-fogo temporário se tornará, nas palavras da proposta israelense, o fim permanente das hostilidades", disse Biden.

Apesar da declaração do presidente americano, Israel não falou publicamente sobre a proposta de cessar-fogo apresentada ou sobre como este acordo seria diferente dos outros. Nos últimos meses, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, contradisse Biden em diversas ocasiões e, anteriormente, declarou que o objetivo de Israel é a destruição completa do Hamas.

Distanciamento

Os extremistas palestinos também nunca aceitaram qualquer pacto de trégua, declarando que os combates precisam antes terminar, para que depois os reféns sejam liberados e um acordo seja feito.

Biden tem sofrido uma pressão crescente por conta do apoio incondicional à campanha militar de Israel em Gaza. Os comentários de ontem do presidente foram os primeiros sobre a guerra no Oriente Médio desde que um ataque israelense incendiou um acampamento palestino em Rafah, ao sul de Gaza, e matou 45 pessoas, incluindo mulheres e crianças.

Uma análise feita pelo New York Times constatou que as bombas utilizadas por Israel foram fabricadas nos EUA. A situação levantou questões sobre a responsabilidade americana no número de mortos no conflito, que ultrapassa a marca de 36 mil. A situação tem gerado reflexos no país, e estudantes protestaram em campi universitários e nas ruas de diversas cidades americanas.

Demissões

Dentro do governo americano, o contorcionismo de Biden para apoiar Israel também vem causando estragos. Na semana passada, a Casa Branca teve de lidar com duas demissões de funcionários do Departamento de Estado insatisfeitos com as decisões do presidente.

A principal perda foi a de Stacy Gilbert, uma veterana diplomata com 20 anos de carreira, que trabalhava no Escritório de População, Refugiados e Migração. Ela teria reclamado, segundo funcionários do Departamento de Estado, que o governo falsificou um relatório, no início de maio, para absolver Israel da responsabilidade pelo bloqueio do fluxo de ajuda humanitária em Gaza, ignorando o parecer de seus próprios especialistas.

A decisão foi de alto risco, porque, de acordo com uma cláusula da Lei de Assistência Estrangeira, os EUA são obrigados a interromper a venda de armas e a assistência de segurança a qualquer país que tenha bloqueado a entrega da ajuda humanitária americana.

Questionado sobre as alegações de Gilbert, um porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, negou que o governo tenha falsificado documentos. "Apoiamos o relatório divulgado", disse. "Não somos um governo ou um departamento que distorce os fatos, e as alegações são infundadas."

Quem também pediu para sair foi Alexander Smith, da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Ele pediu demissão na segunda-feira após o cancelamento de última hora de uma apresentação sobre mortalidade materna e infantil entre os palestinos.

"Não posso fazer meu trabalho em um ambiente no qual pessoas específicas não podem ser reconhecidas como totalmente humanas, ou onde os princípios de gênero e direitos humanos se aplicam a alguns, mas não a outros, dependendo de sua raça", escreveu Smith.

Baixas americanas

Desde o início da guerra em Gaza, nove funcionários do alto escalão do governo americano pediram demissão citando o apoio incondicional a Israel. Mas o problema é maior, segundo o ex-diretor de assuntos públicos e legislativos, Josh Paul, o primeiro a se demitir, em outubro. Ele disse que mais de 20 de pessoas haviam pedido demissão discretamente, sem uma declaração pública. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.