Netanyahu acusa EUA de reter armas e atrasar ofensiva em Gaza

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira, 18, que os Estados Unidos estão retendo armas e atrasando a ofensiva de Israel na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde os combates agravaram a já difícil situação humanitária para os palestinos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adiou a entrega de algumas bombas pesadas desde maio devido a preocupações com a morte de civis por Israel em Gaza.

Netanyahu, em um vídeo curto, falou diretamente para a câmera em inglês enquanto fazia críticas contundentes a Biden por "gargalos" nas transferências de armas.

"É inconcebível que, nos últimos meses, o governo tenha retido armas e munições para Israel", disse Netanyahu, acrescentando: "Nos dê as ferramentas e terminaremos o trabalho muito mais rápido".

O premiê também disse que o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em uma visita recente a Israel, afirmou que estava trabalhando incansavelmente para acabar com os atrasos. Entretanto, Blinken disse nesta terça-feira que a única pausa estava relacionada às bombas pesadas de maio.

"Nós, como vocês sabem, continuamos revisando um embargo sobre o qual o presidente Biden falou a respeito das bombas de 2 mil libras por conta de nossas preocupações sobre seu uso em uma área densamente povoada como Rafah", disse Blinken durante uma entrevista coletiva do Departamento de Estado. "Isso continua em análise. Mas todo o resto está se movimentano como normalmente aconteceria".

Netanyahu não detalhou quais armas estavam retidas e os militares israelenses se recusaram a responder a um pedido de comentário. Ophir Falk, conselheiro de política externa de Netanyahu, transferiu questões sobre detalhes para o governo dos EUA.

Em resposta à declaração de Netanyahu, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse: "Não sabemos do que ele está falando. Nós simplesmente não sabemos." Ela acrescentou que os EUA estão tendo "discussões construtivas" com Israel sobre a suspensão do envio de bombas pesadas e que esta é a única transferência atrasada.

Dois importantes democratas no Congresso abriram caminho esta semana para que uma venda de F-15 dos EUA por US$ 15 bilhões para Israel avançasse, após um atraso enquanto um legislador buscava respostas do governo Biden sobre o uso atual de armas dos EUA por Israel na guerra em Gaza.

Com a guerra de Israel contra o Hamas agora no seu nono mês, crescem as críticas internacionais sobre o apoio militar e diplomático dos EUA à campanha de destruição sistemática de Israel em Gaza, com um enorme custo em vidas de civis.

O principal tribunal da ONU concluiu que existe um "risco plausível de genocídio" em Gaza - uma acusação que Israel nega veementemente. Israel atribui as mortes de civis ao Hamas, dizendo que os terroristas operam entre a população.

Reforço de apoio

Tanto Netanyahu como Biden estão equilibrando os seus próprios problemas políticos internos com a situação explosiva no Oriente Médio, e o combativo líder israelense tem-se tornado cada vez mais resistente às ofensivas públicas de charme e aos apelos privados de Biden.

Especialistas dizem que a mensagem de Netanyahu - entregue apenas em inglês - provavelmente tem o objetivo de reforçar o apoio armamentista dos EUA e não parece indicar escassez no terreno.

"Não estou preocupado", disse Itamar Yaar, ex-vice-chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel que lidera um grupo de ex-altos funcionários de segurança. Ele acha que Netanyahu quer "dificultar para a administração Biden atrasar o fornecimento de armas no futuro".

Aviv Bushinsky, ex-conselheiro de Netanyahu, sugeriu que o gabinete do primeiro-ministro está trabalhando para definir a agenda das reuniões do ministro da Defesa, Yoav Gallant, nos EUA, na próxima semana, ao mesmo tempo que permite a Netanyahu - em vez de Gallant - reivindicar o crédito pela libertação do carregamento de bombas. O vídeo também antecipa um discurso que Netanyahu deverá fazer ao Congresso em cerca de uma semana, disse ele.

"É um estilo de diplomacia muito beligerante, mas ele está numa situação em que todos ganham", disse Bushinsky. "Ele não tem nada a perder neste momento - isso o serve em todas as dimensões, internamente, publicamente."

Netanyahu dissolveu o seu gabinete de guerra na segunda-feira, 17, uma medida que consolida a sua influência sobre a guerra e provavelmente diminui as probabilidades de um cessar-fogo em breve. Os críticos o acusam de atrasar o fim da guerra porque isso significaria uma investigação sobre as falhas do governo no ataque de 7 de outubro e aumentaria a probabilidade de novas eleições quando a popularidade do primeiro-ministro for baixa. Netanyahu nega as acusações e diz que está empenhado em destruir as capacidades militares e governamentais do Hamas - não importa quanto tempo isso possa levar.

Meses de conversações de cessar-fogo não conseguiram encontrar um terreno comum entre o Hamas e os líderes israelenses. Tanto Israel como o Hamas têm-se mostrado relutantes em apoiar totalmente um plano apoiado pelos EUA que devolveria os reféns, abriria caminho para o fim da guerra e começaria a reconstruir o território destruído.

Em outra categoria

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.

Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".