Zelenski pede que Otan suspenda todas as restrições de uso de armas ocidentais contra a Rússia

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O presidente ucraniano Volodmir Zelenski, pediu aos líderes dos países da Otan nesta quinta-feira, 11, que eliminem "todas as restrições" aos ataques de Kiev em território russo com armas ocidentais, em paralelo à cúpula da aliança militar que acontece em Washington.

Embora Zelenski tenha agradecido publicamente pelo pacote e pela promessa dos líderes da Otan de que a Ucrânia está agora em um "caminho irreversível" para a adesão à aliança militar, ele também fez um alerta: a Ucrânia não pode vencer a guerra com a Rússia, agora em seu terceiro ano, a menos que os Estados Unidos acabem com os limites ao uso de suas armas para atacar alvos militares na Rússia.

"Se queremos vencer, se queremos prevalecer, se queremos salvar nosso país e defendê-lo, precisamos eliminar todas as limitações", disse Zelenski ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, nas horas finais da cúpula da aliança, que foi marcada por novos compromissos de ajuda militar para a Ucrânia. Mais cedo, o presidente Joe Biden anunciou um novo pacote de ajuda militar e prometeu a Zelenski: "Nós ficaremos com você, ponto."

O governo de Joe Biden permite que a Ucrânia use armas ocidentais em território russo apenas com o propósito de revidar contra forças russas que estão atacando ou se preparando para atacá-las. Os EUA temem que o uso mais amplo de armamento de fabricação americana possa provocar a Rússia a ampliar a guerra. Mas Zelenski tem pressionado por maior liberdade para que as armas dos EUA possam ser usadas para atingir bases militares críticas e instalações mais profundas no território russo.

Os apelos para retirar as restrições têm crescido nos últimos meses, após ganhos militares russos durante meses em que batalhas políticas nos Estados Unidos atrasaram apoio militar vital para a Ucrânia.

Stoltenberg e o presidente francês Emmanuel Macron têm defendido os esforços da Ucrânia para ganhar mais liberdade na forma como pode usar as armas fornecidas pelos EUA. Se dissermos aos ucranianos "vocês não têm o direito de alcançar o ponto de onde os mísseis são disparados, estamos de fato dizendo a eles que estamos entregando armas a vocês, mas vocês não podem se defender", disse Macron em maio.

Stoltenberg argumentou nesta quinta-feira que a guerra mudou desde os primeiros dias, quando os combates estavam mais profundos no território ucraniano. "Desde que a Rússia abriu uma nova frente... a única maneira de atingir alvos militares, lançadores militares ou aeródromos que atacam a Ucrânia é atingir alvos militares no território russo", disse.

A Ucrânia tem sido o foco principal para os líderes europeus e norte-americanos na cúpula da aliança militar de 75 anos, que tem sido sombreada por preocupações sobre o crescente apoio chinês e norte-coreano à invasão da Rússia, e também se desenrolou durante um ciclo político tumultuado nos EUA, com crescente ansiedade entre os democratas sobre a capacidade de Biden de servir mais quatro anos.

Em uma reunião individual com Zelenski mais cedo nesta quinta-feira, Biden elogiou o pacote de ajuda militar como seu oitavo desde que assumiu o cargo, com este último consistindo em US$ 225 milhões de apoio, incluindo um sistema adicional de mísseis Patriot para reforçar as defesas aéreas da Ucrânia contra uma ofensiva mortal de ataques aéreos russos.

O sistema de defesa aérea Patriot, o segundo que os EUA forneceram à Ucrânia, é um dos vários anunciados esta semana na cúpula da Otan e faz parte de uma onda de compromissos para enviar armas à Ucrânia para ajudá-la a repelir os ataques russos, incluindo um dos mais mortais da guerra esta semana que atingiu um hospital infantil em Kiev. O devastador ataque de mísseis na véspera da cúpula que celebra o 75º aniversário da Otan sublinhou que o presidente russo Vladimir Putin pode não estar pronto para fazer as pazes por algum tempo.

Na quinta-feira, Zelenski também se juntou aos líderes aliados para uma reunião do Conselho Otan-Ucrânia, um fórum criado há um ano para os 32 aliados e Kiev se reunirem em igualdade de condições para compartilhar preocupações e informações.

Além das ofertas de mais apoio militar, a Otan lançou um novo programa para financiar entregas de equipamentos militares e coordenar o treinamento para as forças armadas abaladas da Ucrânia. Os membros da aliança também se comprometeram a manter os níveis atuais de ajuda militar - cerca de 40 bilhões de euros (US$ 43,5 bilhões) anualmente - por pelo menos um ano.

Em outra categoria

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu retomar para a sua alçada investigações e processos envolvendo autoridades após a Corte mudar entendimento sobre o princípio do foro privilegiado. Um dos casos envolve o secretário de Governo de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, por suspeita de recebimento de propina. Outros cinco casos tiveram decisão similar.

No rol de outros processos que tramitavam em instâncias inferiores estão inquéritos que miram os ex-ministros Geddel Vieira e Ricardo Salles, assim como o ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que foi cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O fundamento jurídico por trás dessas mudanças é a decisão do STF que ampliou a sua competência para julgar crimes cometidos durante o mandato por pessoas que gozavam de foro privilegiado.

Em março deste ano, o STF julgou uma questão de ordem apresentada pelo ministro Gilmar Mendes. Por 7 votos a 4, a Corte mudou de posição e ampliou novamente o alcance do foro privilegiado para deixar sob a alçada dos ministros o julgamento de crimes praticados por autoridades no cargo e em razão das funções.

Em razão dessa mudança de entendimento, Geddel passará a responder no STF dois inquéritos. Ambos os casos investigam a eventual prática de peculato por meio da apropriação de remuneração de secretários parlamentares, além de lavagem de dinheiro, para benefício da família Vieira Lima. O ex-deputado Lucio Vieira Lima também é investigado nessas ações.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que atualmente é deputado federal, também passará a responder dos processo no STF. Um dos casos está relacionado à fala sobre passar a boiada na legislação ambiental durante a pandemia de coronavírus, quando todas as atenções estavam voltadas ao enfrentamento da doença. A outra ação tramita sob sigilo, caso semelhante ao de Deltan cujo processo está em segredo de Justiça.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta sexta-feira, 28, que será dada muita atenção ao caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em detrimento de outros assuntos importantes. A declaração ocorreu durante o "Painel São Paulo e Ambiente de Investimentos" na abertura do evento Arko Conference 2025 promovido pela Galápagos Capital.

"Eu vou pegar o próprio julgamento do (ex-) presidente (Jair Bolsonaro), a cobertura que isso vai ter, as redações todas se preparando para isso, e vai ser um assunto que vai ser discutido durante meses", afirmou Tarcísio, dizendo que pautas mais relevantes como envelhecimento da população e reformas administrativa e do sistema político não vão ser discutidas, assim como o País vai deixar "o bonde da inteligência artificial" passar. O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus o ex-presidente e outras sete pessoas por crime de golpe de Estado.

"Se a gente ficar imerso nesse tipo de discussão e aí, quer dizer, um evento acaba pautando o País durante anos e a pergunta é: o que a gente vai ganhar com isso?", criticou o chefe do Executivo paulista. "Nós já vimos esse filme lá atrás, nós já perdemos outras oportunidades por motivos semelhantes e a gente vai continuar perdendo oportunidade", acrescentou.

Sobre o atual cenário político, segundo Tarcísio, é preciso pacificação e equilibrar os "pratos do poder", em referência ao Legislativo, ao Executivo e ao Judiciário. "Hoje os pratos estão desequilibrados, se transferiu muito poder para o Congresso sem transferir responsabilidade, o orçamento foi todo para lá, os ministérios não têm condição de fazer política", afirmou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu nesta quinta-feira, 27, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a suposta participação dele em tentativa de golpe de Estado, acusação pela qual Bolsonaro será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Só um imbecil ou um canalha compra esse papo de plano de assassinato", escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter). Na quarta-feira, 26, em resposta a uma pergunta sobre a decisão do Supremo que tornou Bolsonaro réu, Lula disse ser "visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no País".

"É visível por todas as provas que ele tentou contribuir para meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral brasileira. Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido", disse o presidente a jornalistas em Tóquio, no Japão, onde cumpria agenda.

Na postagem endereçada a Lula, que assinou com as palavras "um fraterno abraço", Bolsonaro ironiza as investigações sobre a trama golpista. "A narrativa de vocês sobre o 'gópi' é conhecida por todos os seus adversários. Ninguém de bom senso aguenta mais essa patifaria armada", afirmou.

Ele também resgatou o atentado que sofreu em 2018 em Juiz de Fora (MG), durante atividades da campanha eleitoral. "A única pessoa que tentaram matar fui eu", disse.

O plano de assassinato contra Lula mencionado pelo presidente foi descrito pela Polícia Federal (PF) em inquérito que embasou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita nesta semana pelo STF.

Na peça, o procurador-geral, Paulo Gonet, afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi informado e concordou com o plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa o assassinato de Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

"O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições", diz Gonet no documento.

De acordo com mensagens encontradas pela PF, militares das Forças Especiais do Exército, os "kids pretos", teriam chegado a armar uma emboscada para Moraes, mas acabaram desistindo da ação.

Bolsonaro virou réu no STF por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em decisão unânime, a Primeira Turma do STF recebeu a denúncia da PGR contra o ex-presidente e mais sete pessoas.

Os outros são os generais e ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o deputado Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, o ex-ministro Anderson Torres, o almirante Almir Garnie, ex-comandante da Marinha, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

Os oito compõem o primeiro núcleo de denunciados, chamado de "núcleo crucial" da tentativa de golpe. Segundo a PGR, "deles partiram as principais decisões e ações de impacto social" para a conspiração.

Com a decisão do STF nesta quarta-feira, 26, os denunciados passaram a responder às acusações da PGR na Justiça. O julgamento do mérito da denúncia, ou seja, que decide se os réus são culpados ou não ocorrerá após a etapa de instrução do processo, que conta com interrogatórios, oitiva de testemunhas e apresentação de defesa.