G20 Brasil: Lula e primeira-ministra de Bangladesh farão pré-lançamento de aliança contra fome

Internacional
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A presidência brasileira no G20 dará na próxima semana o primeiro passo efetivo para o lançamento da Aliança Global contra a Fome, que tem como objetivo angariar recursos e conhecimentos para a implantação de políticas públicas voltadas à redução da fome e da pobreza no mundo.

A oficialização dos documentos que lançarão as bases da aliança acontecerá na próxima quarta-feira, 24, no Rio de Janeiro, durante uma das reuniões do G20 marcadas para ocorrer ao longo da semana que vem. A abertura do encontro, que é em nível ministerial, terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina.

O evento programado para quarta-feira (24) marca apenas um "pré-lançamento" da aliança, já que o pontapé oficial, já com adesões formalizadas, será dado em novembro, quando acontece a reunião de cúpula dos chefes de Estado e de governo do G20.

Para esse primeiro momento, quatro documentos que já foram consensuados pelos países membros do fórum econômico em nível técnico serão divulgados agora com o aval político das nações. Eles estabelecerão, por exemplo, as regras de governança, critérios sobre os tipos de política pública que se qualificam para entrar na cesta da aliança, e o modelo de declaração dos países que irão aderir ao programa. Também haverá uma declaração política da fundação da aliança.

Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, o Embaixador Mauricio Lyrio lembrou nesta sexta-feira, 19, que também há discussões que buscam avançar nas formas de financiamento dos países que irão aderir ao programa. "Esses programas de combate à fome e à pobreza exigem capacidade fiscal, e, por infeliz coincidência, os países com alta frequência de fome também tem alto índice de endividamento", pontuou Lyrio, que atua como sherpa do Brasil para o G20.

Em razão dessa dificuldade fiscal dos países, entre possíveis mecanismos de financiamento, o embaixador citou a troca de dívida externa aplicada a programas sociais. A utilização de fundos de organismos multilaterais, como do Banco Mundial, e até mesmo o debate sobre a taxação de super ricos entram no radar como possíveis fontes. "Já tem sinalização de países que vão contribuir financeiramente, inclusive para estabelecimento do secretariado", afirmou Lyrio.

Não só países do G20 poderão aderir à aliança, já que a expectativa é de que o programa realmente tenha impacto global. O fórum econômico funciona, portanto, como uma esteira para impulsionar o instrumento. Um exemplo disso é que Bangladesh, que participa com sua primeira-ministra do lançamento das bases do programa, não é membro do G20. A presença das autoridades máximas do país e do Brasil na abertura da reunião ministerial da força-tarefa é marcada pelo simbolismo da atuação dessas nações sobre o tema da fome, avaliou Lyrio. "São dois países que conseguiram fazer avanço significativo do ponto de vista de combate à fome, pobreza, desigualdade, com base em programas sociais abrangentes, e com simbolismo porque são programas focados na mulher, porque quando a beneficiária direta é a mulher, se torna mais eficiente", afirmou o embaixador.

A reunião, que contará com intervenções de Lula e de Hasina na abertura, será co-presidida por três ministros - da Fazenda, Fernando Haddad, de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias. A presença de Lula e da primeira-ministra de Bangladesh é esperada para às 11h.

O dia será marcado também pelo lançamento do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI)" - conhecido como Mapa da Fome - relativo a 2023, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A divulgação ocorrerá antes da reunião ministerial da força-tarefa, às 9h, também no Galpão da Cidadania. Segundo o governo brasileiro, é a primeira vez que esse documento é divulgado fora de Roma (Itália) ou Nova York (EUA). "Esperamos que venham números bons no lançamento, em relação ao primeiro ano do governo atual", disse o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MDS, Renato Domith Godinho.

Ainda em torno do tema do combate à fome, haverá também na quarta-feira um evento presidido pela primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, e a primeira-ministra de Bangladesh, que discutirá sobre o empoderamento das mulheres decorrente dos programas sociais.

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Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.