OEA rejeita resolução por transparência nas eleições da Venezuela; Brasil se absteve

Internacional
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O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou, nesta quarta-feira, 31, a resolução para exigir da Venezuela transparência nas eleições vencidas pelo ditador Nicolás Maduro sob suspeita de fraude. O Brasil se absteve na votação.

O projeto não teve maioria absoluta dos 34 Estados-membros. Dos países que participaram da reunião, foram 17 votos a favor, 11 abstenções e nenhum contra. Outros cinco países rejeitaram a convocação do conselho.

Entre os que se abstiveram destacam-se Brasil e Colômbia, países que têm governos de esquerda próximos ao chavismo, mas que pediram por transparência nas eleições venezuelanas.

Procurado pelo Estadão, o Itamaraty justificou que o País propôs uma linguagem com foco nas atas e se opôs à formula de verificação que considera contraproducente porque a Venezuela não é membro da OEA. O Ministério das Relações Exteriores destacou ainda que está em contato constante com outros países para discutir a situação na Venezuela.

Participaram da reunião os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, entre outros. Além do embaixador americano Brian A. Nichols, secretário adjunto do departamento de Estado americano. O chanceler Mauro Vieira esteve entre as ausências.

Ainda que o governo brasileiro tenha pedido por transparência na apuração e cobrado a divulgação das atas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não tem nada grave, assustador ou anormal nas eleições da Venezuela. "Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo."

Sem dar detalhes, o presidente do Conselho Permanente da OEA, Ronald Sanders, lamentou que a reunião começou com duas horas de meia de atraso por discordâncias sobre uma frase no texto da resolução.

A proposta exigia, entre outras coisas, que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) publicasse imediatamente os resultados de cada centro de votação das eleições na Venezuela. Além da "verificação integral dos resultados na presença de observadores internacionais para garantir a transparência, credibilidade e legitimidade".

Mais cedo, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, havia reconhecido um dos candidatos ao criticar o que chamou de parcialidade da OEA e rejeitar o encontro.

"Então, para que vamos a uma reunião dessas? Isso não é sério, não é responsável, isso não ajuda a buscar uma saída pacífica e democrática para um conflito em um país da América Latina", disse. O mexicano disse que é preciso ter transparência nas eleições, mas criticou o "intervencionismo" externo.

Um dia antes, Luis Almagro, pressionou Nicolás Maduro a apresentar as atas e reconhecer a derrota. "Ao longo de todo este processo eleitoral vimos a aplicação pelo regime venezuelano do seu esquema repressivo complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, colocando esse resultado à disposição da manipulação mais aberrante", disse em nota.

O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, declarou Nicolás Maduro como vencedor das eleições com 51% dos votos, mas a oposição afirma ter provas de fraude eleitora. Cobrado pela comunidade internacional a apresentar as atas eleição, o ditador pediu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também ligado ao regime, para periciar as eleições.

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O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o Brasil deve adotar, junto com autoridades judiciais, as medidas que forem necessárias para que a lei brasileira seja cumprida, após a decisão da Meta - dona do Facebook, do Instagram e do Whatsapp - de encerrar a checagem de fatos em suas plataformas nos Estados Unidos. De acordo com Costa, o mundo precisa discutir parâmetros internacionais unificados para coibir "esse tipo de postura de bilionários".

"Vamos adotar com as autoridades judiciais as medidas que forem necessárias para que a lei brasileira seja cumprida", afirmou Costa em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira, 9. "Não pode uma plataforma que tem milhões ou bilhões de seguidores não seguir lei nenhuma, não seguir norma nenhuma e não ser responsabilizado pelo aquilo que veicula."

De acordo com ele, o debate não é apenas uma preocupação para o País, mas para o mundo todo. "O mundo inteiro começa a discutir o que fazer para controlar, na verdade, empresários, grandes empresários, que detém o controle desses veículos de informação, que são veículos de comunicação", comentou.

"Não é possível conceber que exista uma liberdade plena para cometer crime em plataforma digital. Então, acho que o mundo começa a discutir, até uma forma de haver uma uniformização de leis que coíbam e parâmetros internacionais unificados pelos países que coíbam esse tipo de postura desses bilionários que querem ter influenciar sobre a mentalidade e o que o deve saber, ou não saber, ou saber de forma distorcida."

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em um período de "reflexão" e ainda não decidiu sobre as mudanças que pode fazer no governo.

"O presidente está avaliando, não decidiu sobre mudanças no governo, está numa fase de reflexão", afirmou em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira, 9. De acordo com ele, a saída do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, se deu pelo fato de que o governo está entrando em um "novo momento da gestão".

"É como se tivesse terminado o primeiro tempo, estamos entrando no segundo tempo, dado inclusive às mudanças rápidas na forma de acessar comunicação pela população", comentou. O publicitário Sidônio Palmeira irá assumir o cargo de Pimenta. Segundo Costa, o novo ministro tomará posse na próxima terça-feira, 14, mas já está trabalhando e despachou hoje com Lula.

Lula pode fazer mudanças nos ministérios até dia 21

Rui Costa também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá fazer a aguardada reforma ministerial até o dia 21 deste mês. Segundo ele, o presidente ainda está avaliando o cenário.

"O presidente está focando em aperfeiçoar a gestão. E, portanto, há um indicativo do presidente que as mudanças que ocorrerem ele quer fazer eventuais mudanças ainda neste mês", disse Rui Costa. Ele afirmou que haverá uma reunião ministerial no dia 21, e que as mudanças podem ser antes.

Antes das declarações do ministro da Casa Civil, a expectativa do mundo político era que as mudanças ficassem para depois das eleições para presidente da Câmara e do Senado, marcadas para o começo de fevereiro.

Rui Costa disse que Lula orientou seus ministros a não interferir nas eleições das duas Casas do Legislativo. Também afirmou que a expectativa é que haja diálogo entre o governo e os próximos presidentes da Câmara e do Senado.

Ele também afirmou que, se todos os Poderes cumprirem os acordos sobre emendas parlamentares, a crise em torno desse tema "será superada rapidamente".

O criminalista Celso Sanchez Vilardi assumiu oficialmente nesta quinta-feira, 9, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos casos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Vilardi vai substituir o advogado Paulo Cunha Bueno, que liderava a defesa do ex-presidente. Bueno, no entanto, continuará atuando na equipe de defensores de Bolsonaro.

Formado em Direito e mestre em Direito Processual Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Vilardi é especialista em Teoria Geral do Processo. Foi coordenador e, atualmente, é professor do curso de pós-graduação em Direito Penal Econômico na Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV/Law).

Indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, Bolsonaro aguarda uma provável denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de conspiração contra o sistema democrático do País para se defender das imputações perante o Supremo.

Como mostrou o Estadão, a PGR pretende apresentar mais de uma denúncia ao STF contra os 40 indiciados no inquérito do golpe. A ideia é dividir as acusações que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno e outros 37 envolvidos no caso de acordo com os "núcleos" da organização criminosa, mas não necessariamente com os nomes usados pela PF para batizar esses grupos.

Venda ilegal de joias e cartão de vacina

O novo advogado ainda terá pela frente a defesa no caso da venda ilegal de joias da Presidência, que levaram ao indiciamento do ex-presidente pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Outro caso que está em fase de conclusão é o que investiga um esquema de falsificação de cartões de vacina contra a covid-19. Em março, Bolsonaro e outros 16 foram indiciados pelos crimes de associação criminosa e de inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Em abril do ano passado, Moraes atendeu a um pedido da PGR e determinou que a PF aprofunde as investigações, que devem ser encerradas em breve.

Envolvimento de Bolsonaro na 'Abin paralela'

Em janeiro de 2024, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de férias do ex-presidente em Angra dos Reis, no litoral do Rio, no âmbito da operação que apura as ligações de Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador da capital fluminense e filho do ex-presidente, em suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O principal alvo dessa ofensiva foi o ex-diretor da Abin na gestão Bolsonaro e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação se debruça sobre a suspeita de que a Abin teria sido usada ilegalmente para atender a interesses políticos e pessoais de Jair Bolsonaro e de sua família.

A PF já descobriu que a agência utilizou um sistema de espionagem israelense para monitorar ministros do STF e adversários do governo do então presidente. O inquérito mira supostos crimes de organização criminosa, interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.

Ataques a ministros do Supremo

Há um inquérito tramitando em segredo de justiça no STF que apura a disseminação de fake news pelo ex-presidente e a realização de ataques pessoais a ministros do Supremo. O processo é relatado por Alexandre de Moraes.

Vazamento de dados de inquérito do Supremo

Outra investigação que tramita no STF apura se Bolsonaro e outras autoridades teriam vazados documentos sigilosos do inquérito sobre as agressões contra ministros da Corte. O processo foi aberto a pedido do presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, em agosto de 2021.

Interferência na Polícia Federal

Enquanto estava na Presidência, Bolsonaro trocou o comando da Polícia Federal quatro vezes. O STF abriu inquérito para investigar se essas mudanças foram feitas com o suposto objetivo de beneficiar filhos e aliados do ex-presidente em investigações.