Protestos em Chicago devem expor divisões durante a convenção Nacional do partido Democrata

Internacional
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Enquanto a vice-presidente Kamala Harris se encaminha para oficializar a candidatura à Casa Branca na Convenção Nacional do Partido Democrata, em Chicago, a expectativa é que os protestos do lado de fora reúnam milhares de pessoas, expondo divisões na esquerda americana.

A cidade é berço de uma das maiores comunidades palestinas dos Estados Unidos e os manifestantes devem ter como foco o apoio do governo Joe Biden-Kamala Harris a Israel. O país trava uma guerra contra terroristas do Hamas na Faixa de Gaza, mas enfrenta crescente pressão internacional pelo drama humanitário no enclave, onde o número de mortos passa dos 40 mil.

Além de se opor ao que veem como cumplicidade dos Estados Unidos com o massacre em Gaza, os manifestantes ainda devem mirar em outros focos da agenda progressista, como o acesso ao aborto, os direitos da população LGBT+ e a crise climática num campo emblemático para os democratas.

Terceira maior cidade do país, Chicago tem sido um reduto do partido há décadas. Por isso, os seus problemas com a criminalidade e a corrupção são frequentemente apontados pelos republicanos como exemplo, às vezes quase distópico, de governos democratas. Além disso, o Estado de Illinois faz parte da "muralha azul", crucial para a vitória da chapa Biden-Kamala na última eleição.

Com a desistência de Joe Biden, o partido se uniu rapidamente em torno de Kamala Harris, que avança sobre Donald Trump nas pesquisas. Mas para muitos ativistas, a ascensão dela não foi suficiente para conter a indignação com a guerra em Gaza. "Nós nos reunimos e dissemos: 'Avançamos a todo vapor, nada muda'", disse Hatem Abudayyeh, presidente da Rede da Comunidade Palestina dos EUA e porta-voz da coalizão que organiza os protestos.

A coalizão é composta por centenas de organizações, incluindo estudantes. Os ativistas dizem que aprenderam as lições da Convenção Nacional do Partido Republicano, mês passado em Milwaukee, que teve protestos pouco expressivos, e esperam multidões maiores para esta semana.

Do outro lado, o Israeli American Council pretende chamar atenção para os reféns mantidos pelo Hamas. Tanto o grupo pró-Israel quanto integrantes da coalizão de esquerda expressaram frustração com o processo de autorização para os protestos em Chicago.

Como alternativa, o Israeli American Council garantiu um terreno privado para a manifestação da terça-feira, que contará com a exposição de artistas israelenses, disse o executivo do grupo, Elan Carr.

Em meio às divergências sobre a logística dos protestos, a cidade anunciou que vai disponibilizar espaço em um pequeno parque próximo ao United Center para manifestações. É possível que outros grupos ou pessoas que não tenham solicitado permissão ou anunciado seus planos possam aparecer em Chicago.

Risco de violência

Algumas empresas fecharam suas janelas por precaução e os tribunais do condado disseram que estão preparados para processar prisões em massa, se necessário. Embora os ativistas falem em atos pacíficos, os protestos evocam as memórias dos confrontos sangrentos entre ativistas contra a Guerra do Vietnã e a polícia de Chicago na Convenção Democrata de 1968.

Naquele ano, os policiais avançaram sobre os manifestantes, que atiravam pedras e garrafas. Houve prisões em massa e centenas de pessoas ficaram feridas. Agora, o prefeito Brandon Johnson, um ex-ativista, promete que Chicago está preparada para os protestos.

Johnson disse que a cidade estava feliz em permitir que os manifestantes expressassem suas preocupações e insistiu que o Departamento de Polícia de Chicago havia sido treinado para facilitar marchas pacíficas. "Tem que ser seguro, pacífico, vibrante e enérgico", defendeu.

O prefeito descartou repetidamente os piores prognósticos baseados na Convenção de 1968, embora tenha dito que estava ciente dos riscos potenciais. A cidade delineou uma política para detenções, que cita, por exemplo, destruição de propriedade como um dos motivos que pode levar à prisão.

"Já liderei manifestações em massa na minha vida e posso dizer que a última coisa que você quer é que detratores e desviadores dentro desse espaço tentem vir e sequestrar sua mensagem", justificou o prefeito que, apesar do passado ativista enfrenta críticas pela abordagem para protestos. "Portanto, nossa responsabilidade é garantir que as pessoas que querem prejudicar nossa cidade e nosso país sejam retiradas."

Na mesma linha do prefeito de Chicago, o governador de Illinois, JB Pritzker, que chegou a ser cotado para vice de Kamala Harris, defendeu que os protestos pacíficos são bem-vindos.

"Há muitas pessoas dentro do salão que acreditarão em algumas dessas mensagens e as levarão consigo", disse em entrevista recente à Associated Press. "Mas o mais importante é que o Partido Democrata não exclui as pessoas e não as impede de expressar seus direitos da Primeira Emenda", acrescentou referindo-se ao trecho que Constituição que versa sobre a liberdade de expressão e o direito de reunião.

O primeiro protesto na noite de domingo, 18, reuniu centenas de pessoas que pediam garantias adicionais aos direitos da população LGBT+ e acesso ao aborto, assim como o fim da guerra em Gaza. A marcha que seguiu cercada pela polícia terminou sem grandes conflitos. A polícia de Chicago disse que duas pessoas foram presas sob a acusação de resistência à polícia e danos à propriedade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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A defesa do ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Garcia Martins pediu permissão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para circular livremente por Brasília entre segunda-feira, 21, e a quarta-feira, 23. A defesa de Martins também quer que ele não perca a liberdade condicional caso seja fotografado ou gravado por profissionais da imprensa.

Nesta quinta-feira, 17, Moraes permitiu que Filipe Martins possa acompanhar presencialmente o julgamento da Primeira Turma do STF na próxima terça-feira, 22. Neste dia, o colegiado vai começar a julgar se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-assessor e outras cinco pessoas por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Moraes garantiu a presença de Filipe Martins no julgamento e o autorizou a "se deslocar tão somente entre aeroporto, hotel e o local da sessão de julgamento". O desembargador Sebastião Coelho, que defende o ex-assessor, argumenta que ele deve ter o direito de circular pela capital federal, mas se resguardar no período noturno.

"Com o devido respeito, tal formulação impõe uma restrição mais severa do que aquela já observada pelo Requerente em sua comarca de origem (Ponta Grossa-PR), onde cumpre medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno, com monitoramento eletrônico, mas com possibilidade de circulação durante o período diurno dentro dos limites da comarca", disse Coelho.

Segundo o desembargador, caso Martins fique limitado a transitar entre o aeroporto, o hotel e o STF, o ex-assessor poderá ser submetido a "constrangimentos operacionais e jurídicos desnecessários, inclusive no acesso à alimentação, cuidados pessoais, reuniões com a defesa técnica ou deslocamentos imprevistos".

Ao ganhar o direito à prisão domiciliar, em agosto do ano passado, Martins teve que seguir medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas e a proibição de conceder entrevistas e a proibição de utilizar redes sociais, com uma multa de R$ 20 mil por publicação feita por ele.

O advogado de Filipe Martins pediu a Moraes que não o puna por "imagens, vídeos ou registros" feitos por pessoas comuns ou profissionais de imprensa. No último dia 7, o ministro do STF multou o ex-assessor em R$ 20 mil por ele aparecer em uma publicação de Sebastião Coelho feita em outubro do ano passado.

"Que seja integrada e esclarecida a decisão, com a inclusão expressa de ressalva quanto à responsabilização do Requerente por imagens, vídeos ou registros feitos por terceiros, inclusive profissionais da imprensa, para que tais exposições involuntárias não sejam interpretadas como violação das medidas cautelares impostas, sobretudo diante da publicidade inerente ao julgamento e da impossibilidade fática de controle sobre a circulação de registros audiovisuais em ambiente digital", solicitou o defensor.

Martins passou seis meses preso preventivamente durante a condução do inquérito dos atos golpistas. A justificativa foi de que ele teria tentado fugir do Brasil para escapar da investigação. O nome do ex-assessor constou em uma lista de passageiros do avião presidencial que decolou para Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. A defesa, posteriormente, defendeu que ele não embarcou e estava no Brasil naquele dia e o ex-assessor foi solto.

A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.

Além de Martins, a Primeira Turma do STF vai decidir, a partir das 14 horas da terça, se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Fernando de Sousa Oliveira, Marcelo Costa Câmara, Marília Ferreira de Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou "movimentos intestinais efetivos". A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser "prolongado".

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é reprovado por 59,1% e aprovado por 37,1% dos eleitores paulistas, de acordo com levantamento da Futura Inteligência. Outros 3,8% dos entrevistados não souberam ou se abstiveram de opinar sobre a gestão petista.

Na avaliação de governo, a maioria (54,1%)considera a gestão ruim ou péssima. Apenas 17,7% consideram a administração do petista regular. O trabalho de Lula é avaliado como bom e ótimo por 27,2% dos entrevistados.

A condição econômica do País é vista como péssima para a maioria dos paulistas (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate a alta dos preços e a criança de empregos. Contudo, a inflação é a terceira maior preocupação dos entrevistados (15,9%), sendo a primeira a saúde (26%), seguida da educação (21,8%).

O levantamento indica ainda que Lula tem desempenho inferior ao do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em termos de popularidade no Estado. O chefe do Executivo paulista tem aprovação de 66,9% dos eleitores ao mesmo tempo em que 48,2% dos paulistas que classificam sua gestão como ótima ou boa.

Outros Poderes

Assim como o presidente Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) também registram avaliação negativa em São Paulo, embora em proporção menor. A reprovação do trabalho do Congresso Nacional chega a 49,9%. Apenas 13,8% dos eleitores consideram ótimo ou bom enquanto 32,1% avaliam como regular.

Já em relação ao STF, a maioria (46,4%) avalia o poder como péssimo. A porcentagem daqueles que acreditam que o trabalho está regular ou bom está próxima, sendo de 23,1% e 27%, respectivamente.

A pesquisa Futura Inteligência entrevistou 1.000 eleitores do Estado de São Paulo, com 16 anos ou mais e entre os dias 5 e 9 de abril. A abordagem utilizada foi a CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Conta com uma margem de erro de 3,1 pontos porcentuais (p.p.) e índice de confiança de 95%.