EUA: ex-deputado George Santos se declara culpado por acusações de fraude

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O ex-deputado George Santos (Partido Republicano), filho de brasileiros que caiu em desgraça após mentir o currículo e terminou expulso do Congresso americano, se declarou culpado das acusações por roubo de identidade e fraude eletrônica nesta segunda-feira, 19.

Ele foi acusado de 23 crimes por uma série de esquemas. A lista inclui o desvio de doações de campanha para pagar dívidas pessoais e comprar roupas de grife, mentir ao governo para encobrir os rastros e receber seguro-desemprego de forma indevida.

"Eu entendo que minhas ações traíram meus apoiadores e eleitores", disse em declaração emocionada durante a audiência, sem as bravatas e provocações de costume. "Estou comprometido a fazer as pazes e aprender com essa experiência."

George Santos, que até então negava as acusações, espera evitar o julgamento, que estava previsto para o mês que vem, mas praticamente garante que será preso com a confissão. Ele ainda concordou em pagar quase US$ 375 mil (R$ 2 milhões) em restituição. A sentença deve sair em fevereiro.

A declaração de culpa encerra a história do azarão que chegou ao Congresso há menos de dois anos, se apresentando como a cara nova do Partido Republicano, e viu sua carreira política rapidamente desmoronar à medida que suas mentiras vieram à tona.

Ele alegou ter estudado em instituições educacionais que nunca frequentou. Disse que trabalhou nas empresas de Wall Street Goldman Sachs e Citigroup, mas não trabalhou. Falsamente afirmou que sua mãe estava dentro do World Trade Center durante os ataques de 11 de setembro de 2001 e que seus avós fugiram do Holocausto.

Inicialmente, ele foi acusado por 13 crimes. Os promotores o acusaram de gastar o dinheiro dos doadores em roupas e de dizer ao estado de Nova York que estava desempregado por quase um ano, quando na verdade estava trabalhando para uma empresa de investimentos na Flórida.

A empresa Harbor City Capital foi forçada a fechar as portas pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, que a descreveu como esquema clássico de Ponzi, uma referência a Charles Ponzi, que deu origem às pirâmides financeiras. Santos disse que desconhecia qualquer irregularidade.

Depois, os promotores ampliaram a acusação para incluir roubo de identidade agravado, alegando que George Santos usou as informações pessoais de membros da sua família sem a permissão para fazer parecer à Comissão Eleitoral Federal que sua campanha tinha mais doadores do que realmente tinha. Os promotores também alegaram que Santos repetidamente usou os cartões de crédito dos doadores de sua campanha sem a permissão deles.

Em dezembro, ele foi expulso da Câmara em uma ação rara. Até George Santos, apenas cinco congressistas foram obrigados a abandonar o cargo, sendo três no contexto da Guerra Civil e outros dois após condenações por suborno.

O desfecho foi bem recebido pelos republicanos de Nova York. O partido perdeu a vaga de George Santos para o democrata Tom Suozzi na eleição especial que se seguiu à expulsão e temia que o julgamento pudesse impactar nas disputas deste ano, que podem ser decisivas para determinar a maioria na Câmara. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PB), participa na segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, de eventos em Minas Gerais ao lado do governador Romeu Zema (Novo) e do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

O dia de Motta vai começar às 9 horas, em Ouro Preto. O presidente da Câmara vai participar da cerimônia da Medalha da Inconfidência 2025, a convite de Zema.

O governador de Minas tenta pavimentar um caminho para a eleição presidencial de 2026 e é a favor da anistia para os condenados do 8 de Janeiro - tema que Motta deve enfrentar nas próximas semanas.

Ainda pela manhã da segunda-feira, Motta vai partir para São João del-Rei, para integrar as homenagens pelo 40º aniversário do falecimento do presidente Tancredo Neves. O deputado foi convidado pelo colega Aécio Neves.

A segunda agenda de Motta contará com três eventos: às 11h45, ele participa da visita ao túmulo do ex-presidente; às 12h30, da reabertura do Memorial Tancredo Neves, e às 13h15 de um almoço no Solar do Presidente.

Em meio ao debate sobre uma possível anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar a, pelo menos, seis pessoas sentenciadas por tentativa de golpe de Estado somente neste mês. As decisões se baseiam, principalmente, em laudos médicos que apontam condições graves de saúde ou no tempo de prisão preventiva já cumprido pelos réus.

O caso mais recente é o de Sérgio Amaral Resende, condenado a 16 anos e 6 meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele também foi condenado, solidariamente com outros réus, ao pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

Resende cumpria pena na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, e teve a prisão convertida após sua defesa apresentar laudos que apontam sepse, necrose na vesícula e sequelas nos rins, pâncreas e fígado.

"O sentenciado no mês de fevereiro de 2025 teve alta do hospital do Paranoá, e não tem condições de permanecer no sistema prisional para tratar a sua saúde", diz o documento enviado ao STF.

A decisão favorável foi concedida na sexta-feira, 18. Ele é o terceiro nome da lista da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav) a obter o benefício por razões médicas.

Antes dele, Jorge Luiz dos Santos e Marco Alexandre Machado de Araújo também tiveram a pena convertida. Jorge Luiz apresentou laudo que indicava necessidade de cirurgia cardíaca. A defesa informou que ele sofre de hipertensão arterial grave e sopro cardíaco de grau 6, com pressão arterial fora de controle. Moraes autorizou a prisão domiciliar em 15 de abril.

Marco Alexandre estava preso desde abril de 2023. Segundo a Asfav, ele desenvolveu transtornos psicológicos durante a detenção, foi internado na ala psiquiátrica do presídio e atualmente faz uso de medicamentos para depressão. O benefício foi concedido em 11 de abril.

Na mesma data, Cláudio Mendes dos Santos e Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior também obtiveram o direito à prisão domiciliar. No dia 13, a medida foi estendida ao indígena Helielton dos Santos.

As concessões de Moraes vêm acompanhadas de medidas cautelares: tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais (inclusive por terceiros), impedimento de contato com outros envolvidos nos ataques, veto à concessão de entrevistas - salvo autorização expressa do STF - e restrição de visitas a advogados, pais, irmãos e pessoas previamente autorizadas pelo Tribunal.

As decisões recentes ocorrem após a repercussão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos.

Ela foi presa por participação nos ataques e ganhou notoriedade após pichar, com batom, a frase "perdeu, mané" na estátua da Justiça em frente ao prédio do STF, imagem que viralizou nas redes sociais. Após dois anos na cadeia, a cabeleireira teve sua prisão convertida em domiciliar no mês passado.

Débora foi condenada a 14 anos de prisão pelos mesmos crimes de outros réus, incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público.

A comoção gerada por seu caso motivou manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que passaram a alegar desproporcionalidade na pena. Parte das críticas, porém, ignorava os crimes pelos quais ela foi efetivamente condenada, reduzindo sua participação ao gesto simbólico.

Em mensagem de Páscoa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo, 20, que a data remete à comemoração do renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. Segundo Lula, o momento é de reforçar os laços de união e de solidariedade.

"Hoje é o dia em que milhões de brasileiras e brasileiros, e pessoas em todo o mundo, comemoram o renascimento do amor e da paz sobre as injustiças. É o momento em que nos encontramos - seja em uma celebração religiosa, seja em um almoço de família - para reforçar nossos laços de união e de solidariedade. E em que relembramos os ensinamentos de Jesus de que devemos sempre amar uns aos outros, construindo um mundo cada vez melhor e mais fraterno", escreveu, Lula em mensagem divulgada pelo governo federal.

Ao fim da publicação, Lula desejou um "feliz domingo de Páscoa".