Trump cobra Kamala por promessas em discurso: 'por que não fez em 3 anos e meio de governo?'

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Em meio à empolgação dos democratas com Kamala Harris, o ex-presidente Donald Trump cobrou a adversária por suas promessas de campanha. Ele questionou por que as propostas não foram implementadas ao longo dos três anos e meio do governo Biden-Kamala e apontou a ausência de temas como a energia em seu discurso na Convenção Nacional do Partido Democrata.

Na sua rede, a Truth Social, Trump comentou o discurso de Kamala na Convenção Nacional do Partido Democrata quase em tempo real. "Nenhum programa específico, SÓ CONVERSA, SEM AÇÃO. Por que ela não fez isso há três anos e meio", questionou em uma das publicações. "Ela disse que vai reduzir o custo de vida das famílias, mas as coisas eram mais acessíveis com TRUMP! Além disso, por que ela não fez isso?", cobrou em outra.

Logo após o fim da Convenção Democrata, ele apontou o que seriam temas esquecidos pela democrata em seu discurso. "Ela não mencionou a China, não mencionou o fracking (método para extração de petróleo e gás natural), não mencionou a energia, não mencionou, de forma significativa, a Rússia e a Ucrânia, não mencionou os grandes assuntos do dia, que estão destruindo nosso país", disse.

"Há 60 milhões de pessoas na pobreza nos EUA, sob sua supervisão, e ela nem sequer fala sobre elas!", seguiu inflando os números sobre a pobreza que, de acordo com o censo mais recente, atinge 37,9 milhões de americanos.

Ao contrário do que afirma Trump, ela mencionou a China ao dizer que "são os Estados Unidos - e não a China - que vão vencer a competição do século 21" ao prometer liderar o mundo para o futuro. Kamala também falou da guerra ao reafirmar o compromisso com a Ucrânia e criticar declarações de Donald Trump sobre a Otan.

De fato, a energia, que tem puxado para cima a inflação americana, ficou de fora do discurso assim como a pobreza. A economia, que pode ser o calcanhar de Aquiles da campanha democrata, foi citada apenas em promessas vagas, de crescimento e oportunidades.

Em meio à cobranças e críticas, Trump compartilhou a capa do tabloide New York Post. "É tudo uma encenação", diz a chamada para Convenção Nacional do Partido Democrata.

Como parte da estratégia de colar as falhas do governo em Kamala enquanto ela tenta focar no futuro, Trump a acusou de levar os EUA ao status de "nação fracassada", com destaque para inflação, imigração e política externa, pontos centrais na campanha republicana.

"Ela falou sobre o Estado de Direito, mas, como Czar da Fronteira, permitiu a entrada de 20 milhões de pessoas em nosso país, muitas delas criminosas, que estão FERINDO e MATANDO nosso povo!", disse Trump repetindo alegações infundadas de que o governo democrata teria permitido a entrada de criminosos de outros países nos Estados Unidos.

Como ficou demonstrado ao longo da Convenção, a resposta de Kamala Harris para imigração será culpar Trump pelo fracasso do projeto bipartidário para reforçar a segurança e desencorajar imigrantes a cruzar a fronteira.

Líderes republicanos insistiram em atrelar a proposta à ajuda bilionária para Ucrânia na expectativa de convencer a ala mais radical do partido, resistente ao financiamento da guerra. No entanto, bloquearam o plano para imigração em meio à pressão de Donald Trump que via o projeto como um "presente" para os democratas antes da eleição.

Enquanto comentava o discurso, Trump alegou que essa era uma das "piores leis já escritas" e que os democratas não precisariam disso para resolver a crise na fronteira. "Ela não precisa de um projeto de lei. Como presidente, Joe e ela poderiam ter simplesmente dito: "FECHE A FRONTEIRA!", como eu fiz - eu não tinha um projeto de lei, não precisava de um projeto de lei", disse.

Após o fracasso do plano bipartidário, Joe Biden adotou ações executivas, incluindo o gatilho para o fechamento da fronteira, caso o número de travessias ilegais ultrapasse 2,5 mil por dia. Apesar da redução na entrada de imigrantes este ano, em comparação com o pico do ano passado, Trump lembra constantemente da máxima histórica registrada no governo Biden-Kamala, muitas vezes, apelando para alegações falsas, como a de que imigrantes seriam criminosos.

"Ela fala sobre compaixão, mas não fala sobre todas as pessoas que ela permitiu que entrassem em nosso país. 43% de aumento em crimes violentos em todo o país, 60% de aumento em estupros, desde que ela é a CZAR da fronteira. O CRIME DISPAROU", insistiu falsamente (dados do FBI tem apontado a redução de crimes violentos nos Estados Unidos, incluindo homicídios e estupros).

Mirando em outro tema central na sua campanha, a política externa, Trump voltou a afirmar que as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza teriam sido evitadas se ele fosse presidente. Ele apontou o que chama de fraqueza do governo Biden-Kamala e rebateu as críticas de democratas por suas declarações sobre a Otan.

'A Otan não estava pagando suas contas, quase todos os países estavam inadimplentes. Quando eu disse: "Se vocês não pagarem, estamos fora, os Estados Unidos estão cansados de ser otários", o dinheiro entrou aos BILHÕES e eu salvei a Otan!', justificou.

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O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) deve entrar com um recurso contra a decisão que recomenda a perda do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Esta terça-feira, 22, é o último dia do prazo para a apresentação deste documento. A cassação foi aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados no último dia 9 de abril.

Caso o recurso seja aceito, o processo retorna ao Conselho de Ética, onde será nomeado um novo relator para o caso. Já no caso de negativa, a cassação segue o processo normal e será votada em plenário. O presidente da Câmara, Hugo Motta, já se comprometeu a não levar o assunto à apreciação dos parlamentares em menos de 60 dias.

Esse tipo de recurso, direcionado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), está previsto no Regimento Interno da Câmara. A definição da pauta, porém, é atribuição do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Relembre o caso

Após a decisão do Conselho de Ética pela cassação do deputado, Braga iniciou uma greve de fome que durou mais de uma semana, realizada no mesmo plenário onde ocorreu a votação.

Como mostrou o Estadão, o protesto foi encerrado após um acordo acordo firmado entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, com os líderes do PT e do PSOL na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSOL-RJ), além da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que é esposa de Glauber. Lira se comprometeu a não levar o processo de cassação ao plenário antes do segundo semestre, garantindo tempo para a defesa do parlamentar.

Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizaram um momento de descontração nesta terça-feira, 22, durante o julgamento da denúncia contra o "núcleo de gerência" do plano de golpe de Estado.

Relator do inquérito, Moraes afirmou que o colega é "candidato a papa", após Dino fazer referências à Bíblia durante seu voto. O Papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

"E apenas para não deixar a Bíblia de fora, quem empresta dinheiro a juros comete um pecado, segundo o Antigo Testamento", disse Dino, em um diálogo com a ministra Cármen Lúcia sobre a semântica da palavra "jurista" - que pode ser usada para se referir a uma pessoa detentora de grande saber jurídico, e também para alguém que empresta ou toma empréstimos a juros.

Em tom de brincadeira, Moraes disse: "Vossa Excelência é candidato a Papa. Eu percebo uma certa...", e riu, antes de retomar seu voto.

Dino prestou homenagem ao Papa Francisco nesta segunda. Em publicação em seu perfil no Instaram, o ministro afirmou que o papa foi "um exemplar cristão latino-americano".

"Em um mundo em que o ódio virou indústria de bilionários, sua pregação de estadista da fraternidade é essencial", escreveu.

Em decisão unânime, a Primeira Turma do Supremo recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que atribui a "gerência" do plano de golpe a seis auxiliares que fizeram parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Se tornaram réus: Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal; Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência; coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; e general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência.

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi designado relator da representação feita pelo PL para travar a tramitação da ação penal julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) réu. Bolsonaro também foi declarado réu na mesma ação e poderia ser beneficiado.

Gaspar é signatário do requerimento de urgência pela anistia aos presos do 8 de Janeiro e costuma apoiar pautas da oposição na Câmara dos Deputados. Ele foi procurador-geral de Justiça de Alagoas - outra justificativa para sua escolha.

Ele afirma que ainda está analisando o texto. "Conduzirei (o trabalho) de forma técnica e criteriosa", afirmou.

A primeira votação ocorrerá na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Caso seja aprovada no colegiado, a proposta irá para decisão do plenário.

O PL fundamenta a ação num trecho da Constituição que dá à Câmara o poder se sustar o andamento de uma ação penal enquanto o parlamentar mantiver o seu mandato. Para o líder do PL da Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), se a Câmara pode trancar uma ação penal, a decisão beneficiaria todos os réus - caso de Bolsonaro.

A Constituição diz que esse procedimento só pode ser adotado em casos de crimes cometidos após a diplomação de um deputado.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República aceita pelo STF diz que, enquanto chefiava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem auxiliou Bolsonaro a deflagrar o "plano criminoso", descredibilizando as urnas eletrônicas e opositores no procedimento que teria culminado numa numa tentativa de golpe de Estado. Ramagem permaneceu no cargo até março de 2022.

A Polícia Federal afirma que ele se tornou um dos principais conselheiros do ex-presidente e articulou ataques ao STF. Trocas de mensagens apontaram, segundo as investigações, que Ramagem incentivava Bolsonaro a confrontar os ministros. A defesa do deputado classificou os indícios como "tímidos" e negou envolvimento dele em atos golpistas.

No documento, o PL alega que todos os supostos crimes imputados teriam sido consumados após a diplomação de Ramagem, que ocorreu em 19 de dezembro de 2022.

"Porquanto o crime de organização criminosa armada, que possui natureza permanente, teria se estendido até janeiro de 2023, e os demais crimes imputados teriam ocorrido no dia 8 de janeiro de 2023", justifica o texto, assinado pelo advogado do partido, Marcelo Bessa.