Com números estagnados, Kamala tenta conter crescimento de Trump

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Após ter surfado na onda do entusiasmo, a campanha de Kamala Harris estagnou e ela tem 54 dias para conter o crescimento de Donald Trump nas pesquisas. Nas últimas três semanas, o republicano vem tirando a diferença, principalmente após a desistência do candidato independente Robert Kennedy (RFK), que apoiou Trump.

Pesquisa do instituto Marist para a National Public Radio (NPR) e a PBS News, divulgada na terça-feira, mostra Kamala ainda à frente, com 1 ponto porcentual. Mas Trump já ultrapassou a democrata entre os eleitores independentes (49% a 46%) e latinos (48% a 37%) - um aumento de 14 e 19 pontos porcentuais, respectivamente.

De onde teriam saído esses votos? Segundo especialistas, o principal suspeito é RFK. "É possível que a saída dele e o apoio a Trump, de fato, tenham tido algum impacto", escreveu o analista Nate Silver, em seu portal Silver Bulletin.

Queda

RFK chegou a ter 20% nas pesquisas, mas não passava de 5% quando desistiu da disputa, no dia 23 de agosto. Nesse exato momento, segundo o site 538, da ABC News, um dos principais modelos de previsão eleitoral dos EUA, Kamala tinha 47,3% das intenções de voto e a vantagem para Trump era de 3,7 pontos porcentuais - o ponto mais alto da curva dela até agora. Hoje, ela tem 47,2% (apenas 0,1 ponto a menos) - Trump foi de 43,6% para 44,4%.

"Embora a disputa continue apertada, Trump está aumentando suas chances de vitória", disse James Johnson, um dos diretores do instituto J.L. Partners, que também credita o crescimento do republicano à saída de RFK da disputa.

A eleição americana, no entanto, não é direta. Ou seja, o presidente não é eleito pelo voto popular, mas por um colégio eleitoral composto por 538 eleitores, divididos proporcionalmente pelos Estados. O mais populoso, como a Califórnia, tem 54 votos. O menos habitado, Wyoming, apenas 3.

Em 43 Estados, porém, a eleição já está praticamente definida - a diferença entre um candidato e outro é de 10 pontos porcentuais ou mais. Esse cenário faz com que apenas 7 Estados tenham uma verdadeira disputa: os 3 do Meio-Oeste, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, e os 4 do chamado "Cinturão do Sol", Nevada, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte.

A demografia ajuda Trump. Para Kamala vencê-lo, ela precisa ter cerca de 3 pontos porcentuais a mais no total nacional de votos. Segundo estatísticos, isso ocorre por causa da distribuição da população e do maior peso relativo de Estados rurais e menos habitados.

De acordo com o modelo estatístico de Silver, se Kamala mantiver de 3 a 4 pontos porcentuais de vantagem na votação nacional - como tinha no dia em que RFK abandonou a disputa -, ela teria 85% de chances de vencer no colégio eleitoral. Com a diferença entre 2 e 3 pontos porcentuais, como agora, suas chances caem para 56%.

Se Trump reduzir ainda mais essa vantagem nas sondagens nacionais, ficando de 1 a 2 pontos porcentuais atrás, como mostram algumas pesquisas recentes, Kamala teria apenas 26% de chances de vencer no colégio eleitoral. Uma pesquisa nacional rigorosamente empatada dá ao republicano, de acordo com o modelo estatístico de Silver, até 92% de chances de vitória.

Vantagem

Foi explorando a demografia americana e as regras eleitorais que Trump derrotou Hillary Clinton, em 2016. Ele teve 2,9 milhões de votos a menos, mas foi eleito presidente no colégio eleitoral (por 306 a 232), porque ganhou em Estados-chave, ainda que por diferença irrisória - em Michigan, por exemplo, ele teve cerca de 10 mil votos a mais (o equivalente a 0,23 ponto porcentual).

Nas últimas três semanas, Kamala parecia imparável: arrecadou mais de meio bilhão de dólares entre julho e agosto, conseguiu atrair novos voluntários para a campanha e lotou ginásios em comícios que renderam imagens impactantes nas redes sociais.

Para se reinventar, Kamala vem tentando caminhar para o centro. Segundo o New York Times, ela já abandonou algumas de suas posições identificadas com a esquerda e, em sua primeira entrevista à CNN como candidata, em agosto, sugeriu que nomearia um republicano para compor seu gabinete. Resta saber se o movimento será suficiente. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Câmara dos Deputados instalou nesta quarta-feira, 19, a nova gestão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com a presidência do deputado federal Paulo Azi (União-BA). Formalmente, o parlamentar foi eleito por 54 votos, mas era o único candidato, devido a um acordo entre os líderes partidários, fixado na terça-feira, 18.

Azi substitui a deputada Caroline de Toni (PL-SC) no cargo.

Mais importante comissão da Câmara, a CCJ discute a admissibilidade constitucional de propostas legislativas antes da análise do plenário. O colegiado tem 66 membros.

"Tenho a exata noção da honra que é dirigir os trabalhos dessa que é considerada por muitos a comissão mais importante desta Casa, mas ao mesmo tempo tenho a exata consciência da responsabilidade", declarou Azi.

Ele prosseguiu: "Tenham de mim alguns compromissos que quero assumir com as senhoras e senhores parlamentares: este presidente não deixará de buscar esforços para que cada membro possa exercer sua atividade parlamentar na mais alta plenitude."

Segundo Azi, é preciso dar atenção especial às matérias do Poder Executivo e ouvir "a voz das ruas".

O deputado acrescentou que cada parlamentar terá "liberdade", mas será "cobrado" pela atenção e respeito com os colegas. "Sei que esta comissão, que tem, independente de suas atribuições, é a porta de entrada de todos os projetos que vêm tramitar no Poder Legislativo. Sei que é preciso que a comissão possa adquirir protagonismo", afirmou.

Azi também afirmou que o privilégio à apreciação de requerimentos de urgência "limita o debate e o aperfeiçoamento dos diversos projetos que tramitam na Casa" e lembrou a promessa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que as comissões voltem a ser o ambiente de aprimoramento das matérias legislativas.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para rejeitar recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos generais Walter Braga Netto e Mário Fernandes que queriam excluir os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin do julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre suposta tentativa de golpe de Estado.

A análise começou nesta quarta-feira, 19, no plenário virtual, e deve ser encerrada na quinta-feira, 20.

Votaram para manter os ministros no julgamento o presidente da Corte e relator, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin - os ministros envolvidos nos pedidos não votaram nas análises dos próprios impedimentos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para os dias 29 e 30 de abril o julgamento da denúncia contra mais um núcleo de acusados de planejar um golpe de Estado. A análise foi liberada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, na noite de ontem. Esse foi o terceiro grupo de acusados que teve o julgamento liberado por Moraes.

A Primeira Turma vai julgar a denúncia contra o núcleo 1 na próxima semana, nos dias 25 e 26 de março. Também já foi agendada a data do julgamento do núcleo 3, composto predominantemente por militares, para o dia 8 de abril.

O grupo de acusados que terá a denúncia analisada em 29 e 30 de abril se refere ao "núcleo 2" da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Compõem esse núcleo:

- Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF);

- Filipe Garcia Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);

- Marcelo Costa Câmara, coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

- Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência na gestão de Bolsonaro;

- Marília Ferreira de Alencar, delegada da Polícia Federal (PF);

- Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF.

De acordo com a denúncia da PGR, os acusados do núcleo 2 foram responsáveis por gerenciar o plano do golpe elaborado pela organização criminosa (que compõe o núcleo 1, supostamente liderado por Bolsonaro). Já o núcleo 3, segundo a PGR, promoveu "ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe".