Suspeito de tentar matar Trump queria lutar pela Ucrânia e deu entrevista ao 'NYT'

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Ryan Wesley Routh, o homem de 58 anos que foi preso no domingo, 15, suspeito de planejar uma tentativa de assassinato contra o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, expressou o desejo de lutar pela Ucrânia na guerra contra a Rússia em diversas publicações na rede social X. Desde que a guerra no Leste Europeu começou em fevereiro de 2022, Routh tentou organizar uma legião de combatentes estrangeiros para viajar a Kiev.

Semanas após a invasão russa, Routh publicou no X que estava disposto a viajar a Polônia e cruzar a fronteira com a Ucrânia para "lutar e morrer". O suspeito trabalhou como empreiteiro na cidade de Greensboro, na Carolina do Norte, e chegou a ser entrevistado pelo jornal americano The New York Times em um artigo sobre americanos que estavam se esforçando na ajuda à Ucrânia.

Na entrevista, Routh apontou que não tinha experiência militar e que viajou para o país após a invasão da Rússia. Ele tinha o desejo de recrutar soldados afegãos para lutar no país europeu. O empreiteiro planejava deslocar afegãos que haviam saído do país por conta do Taleban e estavam no Paquistão e no Irã para a Ucrânia.

"Provavelmente poderemos falsificar alguns passaportes através do Paquistão, já que é um país muito corrupto", disse ele.

Não está claro se Routh seguiu em frente com seu plano, mas um afegão disse ao The New York Times que foi contatado pelo empreiteiro e estava interessado na proposta.

Em algum momento nos últimos anos, Routh se mudou da Carolina do Norte para o Havaí. Em 2022, uma mulher chamada Kathleen Shaffer iniciou uma campanha na plataforma GoFundMe para apoiar seu noivo "Ryan", que "deu uma pausa na sua vida em casa e viajou para Kiev em abril para apoiar o povo da Ucrânia".

Segundo a plataforma, Routh planejava ficar pelo menos 90 dias no país do Leste Europeu e ajudou a enviar "120 drones para a linha de frente". A página arrecadou 1.865 dólares, mas a meta era chegar a US$ 2.500.

Livro

O suspeito também escreveu um livro de 291 páginas no ano passado sobre a guerra na Ucrânia. O livro está a venda na plataforma Amazon por 2,99 dólares. O livro, que pretende ser sobre a "guerra invencível" da Ucrânia e a "falha fatal da democracia", inclui páginas de fotos gráficas, incluindo decapitações, crianças mortas e cadáveres ensanguentados.

Em uma parte do livro centrada no Irã, o autor afirmou que "deve assumir parte da culpa" por eleger um presidente "sem cérebro", em uma aparente referência a Trump. "Você é livre para assassinar Trump e também a mim por esse erro de julgamento e pelo desmantelamento do acordo", declara o livro.

Os registros públicos também mostram que Routh enfrentou acusações criminais por dois incidentes distintos em 2002, por posse de uma arma de destruição maciça. Ele se declarou culpado da primeira acusação em abril de 2002.

Possível tentativa de assassinato

Na tarde de domingo, o ex-presidente americano estava jogando golfe em um campo da modalidade em West Palm Beach, na Flórida, quando agentes do Serviço Secreto avistaram uma pessoa escondida nos arbustos e segurando um rifle durante a partida de Trump. Segundo as autoridades, agentes do Serviço Secreto atiraram no homem e Trump não ficou ferido.

O homem fugiu, deixando para trás um rifle, mochilas contendo placas de cerâmica resistentes a balas e um dispositivo de gravação de vídeo GoPro.

Um pedestre viu o homem fugindo e tirou uma foto de seu veículo, incluindo a placa, segundo as autoridades. Com essa informação, a polícia local conseguiu encontrá-lo rapidamente em uma estrada movimentada da região.

Quando os policiais o pararam após o incidente, Routh parecia calmo, não perguntou por que estava sendo detido e não estava armado. (Com agências internacionais).

Em outra categoria

A vereadora Cris Monteiro (Novo) afirmou nesta terça-feira, 29, durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de São Paulo, que "mulher branca, bonita e rica incomoda". A declaração foi dirigida a sindicalistas que acompanhavam a votação do reajuste dos servidores municipais e gerou forte reação da plateia e de parlamentares.

Durante sua fala, Cris repreendeu a vereadora Luana Alves (PSOL), que tentava confrontá-la, e disse: "Por favor, Luana, calada. Pode me devolver o tempo. Eu escutei todos vocês calados (...) Agora, quando vem uma mulher branca aqui, falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês".

Ela completou dizendo que representa uma parcela da população que a elegeu e criticou os grevistas. "Eu não vou defender essas pessoas que deixam as nossas crianças na sala de aula fazendo greve."

A vereadora Luana Alves, que é negra, classificou a fala como racista e pediu a suspensão da sessão. Segundo ela, Cris Monteiro teria direcionado suas palavras diretamente a ela enquanto discursava.

O áudio da transmissão oficial da sessão pela Rede Câmara, canal da Casa no YouTube, chegou a ser interrompido por alguns minutos, mas foi restabelecido em seguida. Após o retorno, a vereadora do Novo pediu desculpas.

"Lamento profundamente se alguém em particular se sentiu ofendido com a minha fala, não foi minha intenção. Faço uso da tribuna, como qualquer parlamentar, para defender minhas ideias e falar o que penso".

O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), disse que a Casa "não permite racista" e mencionou o caso do ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante), cassado em 2023 por fala racista. No entanto, após rever o vídeo da declaração de Cris, avaliou que não houve racismo.

"Nós vimos e revimos várias vezes o vídeo. Na nossa opinião, não houve racismo", afirmou o presidente da Câmara. Segundo ele, a Corregedoria da Câmara acompanhará o caso. "Esse fato será analisado com sangue tranquilo, temperatura normal, pressão também".

A vereadora do PSOL, no entanto, reforçou a acusação. Para ela e outros vereadores, se tratou de um ato de racismo evidente.

"A vereadora Cris irá responder na Corregedoria. Fico muito triste que uma cassação não tenha sido suficiente para aprenderem que não se pode desrespeitar a população negra nessa Câmara", disse. Ela espera que o desfecho seja semelhante ao do caso Cristófaro.

Essa não foi a primeira polêmica envolvendo a vereadora Cris Monteiro. Em 2021, ela se envolveu em um episódio de agressão com a então vereadora Janaína Lima, à época também filiada ao Novo. Na ocasião, Cris afirmou esperar que Janaína fosse cassada.

Um relatório da Corregedoria da Câmara Municipal recomendou a suspensão das funções legislativas de ambas - Janaína e Cris - após a briga ocorrida no banheiro ao lado do Plenário, durante a votação da reforma da Previdência. No entanto, a ação disciplinar não avançou.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, 29, que está "totalmente" descartada a possibilidade de seu afastamento do ministério. As declarações ocorreram após depoimento na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados.

Na ocasião, Lupi havia respondido questionamentos de parlamentares sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ao ser questionado se houve alguma conversa sobre o seu afastamento do ministério, Lupi respondeu "nenhuma". Ele acrescentou: "Quem tem que decidir sobre isso é o presidente Lula. Eu sei que eu tenho a confiança dele e estou trabalhando para elucidar tudo o que tiver de errado", declarou.

Lupi voltou a dizer que não houve demora nas providências ao tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. "Isso é uma formação de quadrilha: grupos que se montaram para criar instituições e para roubar dinheiro de aposentado. Isso é chocante para mim", declarou.

O ministro prosseguiu: "Eu fui surpreendido com o volume disto. Porque eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá, a gente sempre soube, a gente recebia queixa, na própria plataforma do INSS aparecia algumas pessoas se queixando. Agora, nesse quantitativo, por uma organização, eu tomei conhecimento agora".

Lupi também argumentou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) vieram de apurações que ele determinou no INSS. Questionado se houve demora nas providências, ele negou.

"Aí, é outra discussão. Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, eu adoro um pão na chapa no botequim da esquina. Quando eu fiz a comparação, é no sentido de que isso não é simples, são 7 milhões de pessoas. Como é que você verifica, checa, cria biometria de 7 milhões de pessoas?", afirmou.

Ainda em resposta aos jornalistas, Lupi afirmou: "Não demorei a determinar (as apurações). Foi tomado conhecimento dos vários fatos, inclusive no Conselho. O Conselho não é executivo, é um conselho de debate, de deliberações macro sobre visão da Previdência Social. Estava lá no assento o presidente do INSS e o diretor do INSS. Eu pedi para que tomassem providências disso, tanto é que eu demiti o diretor".

Conforme mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Lupi argumenta que demitiu o diretor de Benefícios André Félix Fidélis, que teria apresentado lentidão para avançar com as apurações. Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas adiou a discussão e só tomou providências após quase um ano.

A auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nos descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revelou situações flagrantes de fraude.

Foram descobertos cadastros em nome de analfabetos, indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, pessoas com deficiência e aposentados.

São pessoas que, segundo a CGU, não teriam como comparecer pessoalmente às associações e nem como assinar fichas de filiação e termos de autorização para os descontos em benefício dessas entidades. Algumas até residem no exterior.

Os casos foram descobertos a partir de entrevistas feitas com uma amostra de 1.273 beneficiários do INSS, registrados nos 27 Estados e no Distrito Federal, que tiveram valores descontados de seus contracheques. 97,6% dos entrevistados informaram à CGU não ter autorizado os abatimentos.

Os beneficiários do INSS podem aderir a associações civis e sindicatos e autorizar descontos mensais em seus contracheques para cobrir custos de filiação. Para isso, as entidades devem estar habilitadas junto ao INSS e precisam receber autorização "prévia, pessoal e específica" de aposentados e pensionistas interessados.

Parte dos aposentados ouvidos pela CGU só tomou conhecimento dos descontos no momento das entrevistas.

A Polícia Federal afirma que a auditoria revela um "cenário de incongruências". A PF investiga se idosos foram induzidos a assinar autorizações de desconto sem saber a verdadeira finalidade dos documentos e até se assinaturas foram forjadas.

As suspeitas são investigadas na Operação Sem Desconto. Segundo a Polícia Federal, servidores do INSS venderam dados de aposentados e pensionistas em troca de propinas e facilitaram os descontos indevidos direto nos contracheques dos beneficiários. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

Pressionado, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão após ter sido afastado do cargo por ordem judicial.