Segundo grupo de brasileiros repatriados do Líbano chega a São Paulo

Internacional
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O segundo voo de brasileiros repatriados do Líbano desembarcou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, nesta terça-feira, 8, com 227 passageiros e 3 animais de estimação. Eles foram resgatados na operação Raízes do Cedro, do governo federal, para sair do país em guerra entre Israel e o grupo xiita Hezbollah, baseado no país.

Segundo o governo federal, cerca de três mil pessoas no Líbano solicitaram apoio do Brasil para deixar o país. A FAB afirmou que a missão vai continuar até que todas as pessoas sejam retiradas.

O primeiro grupo de resgatados chegou ao Brasil no domingo, 6, com 229 pessoas. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve no local para receber o grupo e disse que o País "não medirá esforços" para retirar os brasileiros ou parentes de brasileiros que estão no Líbano.

A guerra, que piorou no último mês com bombardeios de Israel em zonas urbanas e invasão no sul do país, já causou 1,4 mil mortes e deslocou 1,5 milhão de pessoas.

Além do resgate, a missão do governo federal também levou ao Líbano insumos de saúde. A aeronave, um modelo KC-30, deve retornar ao país nos próximos dias.

Segundo o governo, a operação pretende resgatar cerca de 500 brasileiros por semana.

O país tem a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio, com cerca de 20 mil pessoas. O plano do governo federal é colocar outras aeronaves da FAB e também civis na operação.

Ao chegar no Brasil, os repatriados são atendidos por uma equipe multidisciplinar do SUS, com profissionais com domínio da língua árabe, que oferecem atendimento médico e psicológico aos resgatados.

A repatriação de brasileiros no Líbano foi divulgada pelo Itamaraty no dia 30 de setembro.

A decisão ocorreu depois que o conflito entre Israel e o Hezbollah se intensificou. Dois adolescentes brasileiros foram vítimas de bombardeios israelenses. Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e Ali Kamal Abdallah, 15 anos, morreram em bombardeios contra o no Vale do Bekaa, subúrbio de Beirute, no dia 23 de setembro.

A prioridade do governo federal é o resgate de pessoas idosas, mulheres grávidas, doentes ou quem não tem recursos para comprar uma passagem aérea em voo comercial.

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A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quarta-feira, 16, dez mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de Cabo Frio (RJ), Itaguaí (RJ), Mangaratiba (RJ), Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG) em um desdobramento da investigação para desarticular uma organização criminosa suspeita de obstrução da justiça, caixa dois, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro nas eleições de 2024.

As investigações que culminaram na Operação Teatro Invisível II apontam que o grupo produziu e propagou informações e notícias falsas relacionadas a candidatos em cidades do Rio de Janeiro. De acordo com as apurações da PF, a quadrilha já teria influenciado, no mínimo, em três eleições municipais desde 2016.

De acordo com a PF, o grupo destruiu provas armazenadas, principalmente, em meios digitais, para evitar a responsabilização criminal de seus membros. Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 3,5 bilhões das contas dos investigados e a suspensão das atividades de oito empresas.

A Polícia Federal identificou indícios de uso de recursos não declarados à Justiça Eleitoral, o caixa dois, para beneficiar candidatos nas eleições municipais de 2024. Parte dos investigados seria proprietária de empresas envolvidas em fraudes licitatórias nos municípios de Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti, no Rio de Janeiro.

Os investigadores apontaram novas provas de lavagem de dinheiro, com transações ilegais por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas com intensa movimentação financeira e aquisição de bens de alto valor.

Desdobramentos

A operação desta quarta-feira é um desdobramento de outra ação deflagrada em setembro do ano passado. À época, quatro pessoas foram presas pela PF. Segundo a investigação, pelo menos dez cidades do Rio eram palco da atuação do grupo desde as eleições municipais de 2016.

A Polícia Federal suspeita que o grupo desenvolveu um "sofisticado e lucrativo esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral de diversos municípios". Os líderes chegaram a ocupar funções públicas em diversas cidades do Estado, diz a PF.

Segundo o inquérito da PF, as pessoas contratadas pelo grupo recebiam instruções dos coordenadores para difusão de mentiras sobre diferentes candidatos a prefeito. A partir daí, o pessoal arregimentado para essa etapa da fraude começava a circular pelas cidades espalhando informações falsas em pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira, 15, a criação de duas novas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Uma delas vai investigar os chamados "pancadões". A outra terá como foco a atuação da empresa Tools for Humanity, que ofereceu criptomoedas em troca do escaneamento da íris de cidadãos.

A decisão foi criticada por vereadores da oposição, que acusam a base aliada do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de articular a substituição de CPIs já aprovadas por comissões com menor potencial de desgaste para a gestão municipal.

Como mostrou o Estadão, parlamentares da oposição afirmam que o prefeito tem pressionado aliados para barrar o andamento de investigações consideradas sensíveis à Prefeitura. Procurada, a Prefeitura afirmou em nota que respeita a independência dos Poderes e reiterou que não interfere nos trabalhos do Legislativo. O Executivo pauta sua relação com a Câmara Municipal pelo diálogo e o interesse público", diz o texto.

No início do mês, a Câmara aprovou a criação das duas primeiras CPIs da atual legislatura: uma para apurar as enchentes recorrentes no Jardim Pantanal, na zona leste da cidade, e outra para investigar supostas fraudes no programa de Habitação de Interesse Social (HIS).

Essas comissões, no entanto, ainda não foram instaladas porque os partidos da base governista não indicaram seus representantes. Segundo o Regimento Interno da Casa, CPIs que não iniciam seus trabalhos em até 15 dias após a aprovação são automaticamente extintas. O prazo para que isso ocorra se encerra nesta quinta-feira, 17.

A oposição entrou com duas ações na Justiça para garantir a instalação das CPIs, mas os pedidos ainda não foram analisados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

Enquanto isso, a base aliada avançou nesta terça-feira com dois novos requerimentos. Um deles, apresentado pelo vereador Rubinho Nunes (União), propõe investigar possíveis omissões da Prefeitura na fiscalização de festas clandestinas e pancadões.

O outro, de autoria da vereadora Janaína Paschoal (PP), pede a apuração da atuação da empresa Tools for Humanity, que teria oferecido recompensas financeiras em troca do escaneamento da íris de moradores da cidade, por meio do projeto World ID.

As duas novas CPIs serão compostas por sete membros cada. Conforme prevê o Regimento da Câmara, os autores dos requerimentos assumirão a presidência das respectivas comissões.

A empresa MM Consultoria Construções e Serviços Ltda., do empresário José Marcos Moura, o "Rei do Lixo", movimentou R$ 861.412.612,79 em operações classificadas como suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O empresário é apontado como articulador político e "operador de influência" do esquema de desvio de emendas investigado pela Polícia Federal(PF) na Operação Overclean. Contratos com prefeituras na Bahia, Tocantins, Amapá, Rio de Janeiro e Goiás estão no radar da PF.

O Estadão pediu manifestação da defesa, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

O próprio banco fez uma série de comunicações ao Coaf alertando para operações atípicas da MM Consultoria Construções e Serviços.

As notificações apontaram a movimentação de valores incompatíveis com o faturamento mensal da empresa, o pagamento de despesas pessoais de terceiros, incluindo agentes públicos, e transferências contumazes de recursos de alto valor, sem justificativa econômica. "A estrutura financeira da empresa é incompatível com sua atividade declarada", afirma a PF em relatório da Operação Overclean.

Segundo a PF, a empresa recebeu pagamentos milionários de prefeituras da Bahia "sem evidência clara de prestação dos serviços correspondentes".

'Vínculos obscuros'

Duas transações em particular chamaram a atenção dos investigadores. Eles descobriram uma transferência de R$ 435 mil para "uma autoridade detentora de foro privilegiado", sem justificativa econômica aparente. A autoridade não é identificada no relatório da PF. A segunda operação suspeita envolve a compra de um imóvel, avaliado em R$ 1,2 milhão, por R$ 8 milhões.

A PF afirma que José Marcos Moura "mantém possíveis vínculos obscuros com diversas pessoas" e movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas em suas contas pessoais. "Marcos Moura recebeu transferências diretas, foi beneficiado com pagamento de boletos e títulos bancários e realizou operações incompatíveis com seu perfil financeiro, como investimentos e saques de valores elevados", afirmam os investigadores.

Padrões

Foram identificados padrões suspeitos, como recebimento de valores incompatíveis com a renda declarada, o que levantou suspeitas sobre possível ocultação patrimonial, transferências fracionadas, depósitos e saques em espécie sem origem identificada e "relacionamento financeiro" com agentes públicos, incluindo pagamentos de despesas pessoais.

José Marcos Moura é apontado um dos líderes do "núcleo central" do suposto esquema de desvio de emendas. Ele é descrito na investigação como uma pessoa influente e bem relacionada no mundo político, sobretudo junto a prefeituras baianas.

O "Rei do Lixo" chegou a ser preso na investigação, mas conseguiu habeas corpus para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele foi alvo de buscas novamente na terceira fase da Operação Overclean. A PF chegou a pedir um novo mandado de prisão contra o empresário, mas o ministro Kassio Nunes Marques, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), negou.

A PF afirma que o esquema envolveu negociação de propina com servidores públicos. Os federais investigam se houve conluio com os deputados que indicaram as emendas.

O inquérito foi enviado ao STF porque o deputado Elmar Nascimento (BA), que tem foro privilegiado, foi citado. Ele nega irregularidades e afirma que o parlamentar que indica emendas "não tem competência e nem se torna responsável pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.