O homem acusado de ameaçar de estupro e morte as deputadas estaduais de Minas Gerais Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) foi condenado em primeira instância a 12 anos e nove meses de prisão pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Além das ameaças às parlamentares, o réu também foi denunciado por coagir adolescentes a se automutilarem e a enviarem fotos nuas.
A ação faz parte da Operação Di@na, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que monitorou diversos fóruns e grupos na internet, de onde se originaram as ameaças. Os "Chans", como são chamados, são espaços online anônimos em que somente homens são permitidos.
Segundo a investigação, nesses ambientes virtuais foram identificados casos de exposição indevida de dados sigilosos de autoridades, veiculação de símbolos nazistas e incitação à violência, à pedofilia e à necrofilia. Também foram encontradas postagens com imagens de estupros, assassinatos, mutilações e conteúdo de abuso e exploração sexual infantil.
Conforme apurado, o réu utilizava pseudônimos, como "Leon" e "Grow", para ocultar suas ações nesses ambientes virtuais. Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências do suspeito, onde foram apreendidos celulares, computadores, HDs, pen drives e anotações, além de munições e equipamentos para fabricação de armas caseiras.
Em 7 de maio de 2024 o homem foi preso em Olinda (PE), na terceira fase da Operação Di@na e prestou mais de cinco horas de depoimento. O Estadão tentou entrar em contato com a defesa do réu, mas, como o processo está sob sigilo judicial, seu nome não foi divulgado. A investigação continuará com a análise dos dados obtidos para identificar outros envolvidos nos crimes.
Relembre o caso
Em agosto de 2023, a deputada Lohanna França recebeu em seu e-mail institucional da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ameaças de morte e estupro. Na mensagem estava descrito que a parlamentar "promove a degeneração e a irresponsabilidade feminina" e que ela seria estuprada e morta. O infrator também mencionou que conhecia o local onde França e sua família moram.
Após o recebimento da ameaça, a deputada reuniu os servidores que identificaram a mensagem e denunciou o caso à Polícia Legislativa. Bella Gonçalves também recebeu ameaças em seu e-mail institucional. A deputada relata em sua conta no X (antigo Twitter) o que enfrentou: "Nesses últimos meses vivi sob escolta policial, tive que mudar de casa, de rotina, enquanto recebia uma ameaça aterrorizante por semana. Só por ser mulher na política."
Em agosto de 2023, Cristiano Caporezzo (PL), colega das parlamentares na ALMG, divulgou um vídeo em que Bella Gonçalves aparece com escolta policial e questionando o motivo da escolta. Após o feito, novos ataques foram realizados contra as deputadas.
Outras parlamentares de Minas Gerais receberam ameaças de estupro e morte. Porém, a investigação aponta ligação do acusado apenas com os casos de Lohanna França, Bella Gonçalves e Beatriz Cerqueira.