Bancada feminina no Senado quer cota para mulher na Mesa Diretora

Política
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A reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para mais dois anos na presidência do Senado teve apoio declarado de ao menos sete das 11 senadoras que votaram no último dia 1.º, mas a bancada feminina não conseguiu nem sequer um cargo na Mesa Diretora. A falta de representatividade no comando da Casa e das comissões permanentes é uma das pautas prioritárias do grupo ampliado com a chegada de suplentes. São 15 parlamentares agora, um recorde.

Em nome da bancada, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) propôs, na quarta-feira passada, o desarquivamento de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna obrigatória a eleição de ao menos uma mulher para as mesas do Senado e da Câmara.

Desde 1979, quando tomou posse Eunice Michelis (AM), a primeira senadora do País, apenas seis parlamentares ocuparam cargos titulares na Mesa - sem contar suplências. Da lista, a que chegou ao posto mais alto foi Marta Suplicy, primeira-vice-presidente em 2011 e também em 2012.

"O Senado Federal ainda é uma casa dominada de forma ampla pela presença masculina. E mais uma vez nós temos uma Mesa sem a presença de mulheres na sua titularidade", afirmou Eliziane, terceira-suplente no biênio 2021-2022. "Mas eu digo: participaremos da Mesa Diretora, presidente Rodrigo Pacheco, quando tivermos a obrigatoriedade de termos mulheres", disse.

De autoria da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), a PEC 38/2015 foi arquivada no final da legislatura passada depois de já ter passado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para voltar a tramitar no Senado, a proposta precisa receber o apoio de um terço dos parlamentares até o dia 2 de abril, o que fica mais fácil se o voto das 15 senadoras estiver assegurado.

O número recorde é resultado da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de nomear senadores como ministros de Estado, abrindo espaço para a posse de quatro suplentes e ampliando a bancada feminina de 11 para 15 - 18,5% do total de 81 cadeiras.

As novatas são Ana Paula Lobato (PSB-MA), suplente do ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública); Augusta Brito (PT-CE), suplente de Camilo Santana (Educação); Jussara Lima (PSD-PI), suplente de Wellington Dias (Desenvolvimento Social); e Margareth Buzetti (PSD-MT), suplente de Carlos Fávaro (Agricultura), que já havia assumido em outras oportunidades.

Com a eleição de Jorginho Mello (PL) para o governo de Santa Catarina e sua renúncia posterior ao cargo de senador, a suplente Ivete da Silveira (MDB-SC) assumiu definitivamente como titular, completando a lista de mulheres em exercício.

Comissões

A divisão atual das cadeiras coloca a bancada feminina no mesmo patamar do maior grupo partidário da Casa, formado por filiados ao PSD, também com 15 representantes. Com atuação marcante na legislatura passada, especialmente ao longo da CPI da Covid, as mulheres prometem seguir trabalhando por destaque para suas pautas prioritárias também nas comissões.

A senadora Leila Barros (PDT-DF), por exemplo, deve ser eleita presidente da Comissão de Assuntos Sociais após o carnaval. Atual procuradora da mulher do Senado, a parlamentar tem conversado com líderes partidários para ampliar o espaço feminino na Casa.

"A definição dos cargos que estão em aberto depende das articulações internas nos partidos e nos blocos que estão sendo formados. Por isso, fiz questão de pedir aos líderes para refletirem sobre o espaço que nós, senadoras, iremos ocupar na Casa. É fundamental ocuparmos esses espaços para que as pautas femininas estejam em evidência no Legislativo e sejam votadas com a celeridade devida", disse.

A cientista política Graziella Testa, da FGV-SP, ressalta que são os partidos políticos os responsáveis por indicar participantes da Mesa Diretora ou das comissões. "Tem de haver, concomitantemente a uma cobrança junto à presidência da Mesa, para que a participação feminina seja, sim, obrigatória nos espaços de liderança, uma cobrança aos partidos", disse.

Graziella lembrou ainda que as conquistas obtidas na legislatura passada - como atuar, mesmo que de maneira informal, da CPI da Covid - foram derivadas, sobretudo, do caráter suprapartidário da bancada. "É preciso aguardar para sabermos se esse novo grupo de mulheres alcançará a mesma coesão", disse.

No grupo, há senadoras mais associadas a pautas de esquerda e as ex-ministras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS), à direita do espectro político.

Na avaliação de Leila, o grupo pode, sim, se unir por objetivos comuns. "Ainda estamos estreitando laços e, em breve, faremos um encontro para alinharmos pautas prioritárias. Tenho confiança de que, assim como na última legislatura, haverá união entre as senadoras para encontrarmos as soluções legislativas necessárias para a defesa dos direitos das mulheres e a busca de uma sociedade mais justa e igualitária", disse.

Tribunais

Candidata à Presidência no ano passado e uma das senadoras responsáveis por dar maior visibilidade à bancada, Soraya Thronicke (União Brasil-MS) comemora a ampliação do número de mulheres no Senado, mas ressalta que a divisão de poderes segue um desafio dentro e fora da Casa. "A bancada feminina se fortaleceu, sim, mas sabemos que a luta ainda é grande e necessária para garantirmos mais espaço e igualdade a todas as mulheres e, principalmente, que sejamos reconhecidas pelas nossas capacidades, que são muitas", afirmou.

Além da PEC relativa aos espaços na Mesa Diretora, Soraya defende a aprovação de outra mudança constitucional para permitir, desta vez, equidade na composição dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais de Justiça nos Estados, e do Distrito Federal. A PEC 06/2022 determina que uma em cada duas vagas das listas sêxtuplas de indicações aos tribunais seja exclusivamente dedicadas às mulheres.

Assim como Leila, Soraya considera possível que a ideologia seja deixada de lado em temas de interesse das mulheres. "A bancada feminina tem sido um exemplo de maturidade política, primando pelo debate respeitoso entre suas integrantes, que se unem em momentos de ataques, insultos ou desprestígio."

Senadora por São Paulo, Mara Gabrilli (PSD) divide o mesmo otimismo. "A criação da bancada feminina foi uma conquista histórica para o Senado. E nós, senadoras, iremos nos unir ainda mais para impedir retrocessos. A defesa do protagonismo da mulher legisladora foi, inclusive, um dos motivos que levaram Rodrigo Pacheco ser reeleito", disse.

Base

Representando PSB, PSD e PT, partidos aliados ao governo federal, as quatro suplentes asseguram a manutenção da base atual de Lula no Senado. Ao tomar posse, Ana Paula Lobato afirmou que, "com postura democrática, trabalhará em sintonia com o governo por mais dignidade e oportunidade àqueles que mais precisam". Enfermeira, Ana Paula ocupava até o início do mês o cargo de vice-prefeita de Pinheiro (MA).

Também enfermeira, Augusta Brito chega à bancada feminina com a experiência de já ter sido procuradora Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Ceará. Ex-deputada estadual, ela tem como bandeira o debate sobre igualdade de gênero.

Completam a lista Jussara Lima e Margareth Buzetti, que prometem trabalhar em especial pelas minorias e pela reforma tributária, respectivamente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Partido Democrata de Hong Kong, fundado em 1994 por Martin Lee, deve ser diluído ainda este ano. No último domingo, 13, 90% dos membros da sigla presentes em uma assembleia votaram pela dissolução do partido. O porcentual de votantes permite que os líderes da sigla prossigam com as medidas necessárias para o encerramento.

A discussão sobre a dissolução ocorre desde fevereiro, quando o presidente da sigla, Lo Kin-hein, afirmou que os membros se reuniriam para discutir o encerramento.

O Partido Democrata de Hong Kong foi um dos maiores do país nos anos seguintes à sua criação, formada por uma junção dos antecessores Meeting Point, Democratic Party e United Democrats of Hong Kong (UDHK). O partido ocupou amplo número de cadeiras ao longo dos anos, com grande representatividade política.

Desde 1997, quando a soberania de Hong Kong foi transferida para a China, o partido já indicava sua atitude com relação à transferência de governo afirmando em sua primeira cláusula que "Hong Kong é uma parte inalienável da China" e que o partido apoiava a "reversão de Hong Kong para a China".

No momento de maior atuação, o partido defendeu pautas que passavam do sufrágio universal aos direitos trabalhistas, passando por tentativas de negociações com Pequim em 2010, por exemplo.

Com o passar do tempo e aumento dos conflitos entre o país e o governo chinês, o Democrata passou a ser considerado um partido moderado, o que rendeu críticas de outras siglas pró-democracia, consideradas mais radicais.

Muitos membros do partido foram exilados ou presos nos anos seguintes com a crescente tensão entre o país e a China após a promulgação da Lei de Soberania Nacional, culminando em sua possível dissolução ainda este ano.

Lau Wai-hing, que foi vice-presidente do partido, disse à BBC que não concordava com a dissolução da sigla, mas que não gostaria de "ver mais pessoas indo para a cadeia".

O partido deve realizar nova assembleia entre os membros até que se decida pela possível dissolução. Até lá, a sigla deve manter suas atividades.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, relatou 46 ataques russos e 901 ocorrências de bombardeios, 448 deles com armamento pesado, até às 16h deste domingo, em horário local, em publicação no X neste domingo, 20. O presidente citou relatório do coronel-general Oleksandr Syrskyi, chefe do exército ucraniano. Zelensky também afirmou que a Rússia é a única fonte da guerra entre os países.

"O exército ucraniano está agindo - e continuará agindo - de forma totalmente simétrica. Essa Páscoa demonstrou claramente que a única fonte dessa guerra, e a razão pela qual ela se arrasta, é a Rússia" escreveu o presidente ucraniano. "Estamos prontos para avançar em direção à paz e a um cessar-fogo completo, incondicional e honesto, que poderia durar pelo menos 30 dias, mas até agora não houve resposta da Rússia a esse respeito", acrescentou.

A Rússia anunciou no sábado, 19, um acordo de cessar-fogo durante o feriado de Páscoa, de acordo com informações da agência de notícias estatal Tass. O presidente da Ucrânia, no entanto, afirma que os bombardeios continuam.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusou a Rússia neste domingo de criar uma falsa aparência de respeito a um cessar-fogo de Páscoa, afirmando que Moscou continuou lançando ataques durante a noite, mesmo após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma trégua temporária unilateral na Ucrânia.

"Na manhã de Páscoa, podemos dizer que o exército russo está tentando criar uma impressão geral de cessar-fogo, mas, em alguns locais, não abandona tentativas isoladas de avançar e causar perdas à Ucrânia", disse Zelenski em uma publicação na rede X.

Apesar da declaração de cessar-fogo feita por Putin no sábado, Zelenski afirmou na manhã de domingo que as forças ucranianas registraram 59 episódios de bombardeios russos e cinco investidas de unidades em diferentes pontos da linha de frente, além de dezenas de ataques com drones.

Em uma atualização posterior também publicada na plataforma, Zelenski disse que "apesar de a Ucrânia ter declarado uma abordagem simétrica às ações russas", houve um aumento nos bombardeios e ataques com drones desde as 10h (horário local). Ele afirmou, no entanto, que "ao menos foi algo positivo o fato de não terem soado os alertas de ataque aéreo".

"Na prática, ou Putin não tem controle total sobre seu exército, ou a situação prova que, na Rússia, não há qualquer intenção de dar um passo real para encerrar a guerra - o único interesse é obter uma cobertura favorável na mídia", escreveu ele.

Zelenski afirmou que a Rússia deve cumprir integralmente as condições do cessar-fogo e reiterou a proposta da Ucrânia de estender a trégua por 30 dias, a partir da meia-noite de domingo.

Ele disse que a proposta "permanece sobre a mesa" e acrescentou: "Agiremos de acordo com a situação real no terreno".

Zelenski declarou, na noite de sábado, que algumas áreas estavam mais calmas desde o anúncio do cessar-fogo, o que, segundo ele, demonstra que Putin é a "verdadeira causa" da guerra.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

"Assim que Putin deu a ordem para reduzir os ataques, a intensidade dos bombardeios e das mortes diminuiu. A única fonte desta guerra e de sua continuidade está na Rússia", escreveu ele na rede X.

Autoridades nomeadas pela Rússia na região ucraniana parcialmente ocupada de Kherson afirmaram que as forças ucranianas continuaram os ataques.

Poucas horas após anunciar o cessar-fogo, o presidente Vladimir Putin participou na noite de sábado de uma missa de Páscoa na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, conduzida pelo Patriarca Kirill - líder da Igreja Ortodoxa Russa e defensor declarado de Putin e da guerra na Ucrânia.

Segundo o Kremlin, o cessar-fogo terá duração das 18h de sábado, no horário de Moscou, até a meia-noite após o domingo de Páscoa.

Putin não forneceu detalhes sobre como o cessar-fogo seria monitorado nem se ele se aplicaria a ataques aéreos ou aos combates terrestres que continuam sem interrupção.

O anúncio foi feito após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar na sexta-feira que as negociações entre Ucrânia e Rússia estão "chegando a um ponto decisivo" e insistir que nenhum dos lados está "jogando com ele" em sua tentativa de pôr fim à guerra, que já dura três anos.