Reeleito, Nunes Não descarta aumentar a tarifa de ônibus e mantém Enel no alvo

Política
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Reeleito para mais quatro anos à frente da Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) admitiu nesta segunda-feira, 28, que o preço na tarifa dos ônibus municipais da capital paulista poderá ser reajustado para 2025. Ele também manteve a artilharia sobre a distribuidora de energia Enel, afirmando que no seu novo governo "vai ser pau para cima" da concessionária italiana.

O prefeito disse que a decisão sobre a tarifa do transporte municipal será tomada e anunciada em dezembro, quando serão analisados os dados referentes aos dissídios de funcionários, o valor do combustível (diesel) e o funcionamento da política pública de mobilidade da cidade. O valor hoje é R$ 4,40, mantido desde janeiro de 2020.

"Em dezembro, eu sento com a minha equipe para tomar uma decisão. Se a gente consegue manter - é a minha vontade - ou se não consegue manter e explicar o motivo de não manter", afirmou Nunes em entrevista ao programa Bom Dia SP, da TV Globo.

Conforme a Prefeitura, o número de passageiros que usam os ônibus municipais na capital diminuiu de 9 milhões, em 2019, para os atuais 7 milhões. "Não dá para ver a tarifa como uma planilha. Preciso incentivar o transporte coletivo, desincentivar o transporte individual", acrescentou Nunes.

O preço da passagem está atrelado ao subsídio repassado pela administração municipal, que paga uma parte do valor da tarifa às companhias que operam o serviço na cidade. Neste ano, além de manter a passagem congelada, a Prefeitura tornou gratuito o uso dos ônibus aos domingos.

"Minha ideia é manter (a tarifa a R$ 4,40), mas eu não poderia ser irresponsável sem antes olhar todos os dados, dissídios de funcionários, valor do diesel, todo o custo, para saber se a gente pode manter. Porque eu não posso tirar da saúde, da educação, da habitação. Eu preciso governar mantendo todas as pastas equilibradas", declarou o prefeito.

No dia seguinte à reeleição - quando venceu o segundo turno da disputa municipal obtendo 59,35% dos votos válidos, ante 40,65% de seu rival, Guilherme Boulos (PSOL) -, Nunes voltou a um tema que ganhou destaque na campanha. Disse que ele e o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não querem a Enel na capital paulista.

'Força política'

Nunes sofreu fortes críticas na campanha pela atuação nos apagões que atingiram São Paulo e deixaram milhares de pessoas sem energia. "Agora reeleito, evidentemente, obviamente, a força política que eu exerço é maior. Uma votação dessa, uma vitória muito expressiva, não tenha dúvida de que vai ser pau para cima da Enel", afirmou o prefeito em entrevista à CNN Brasil. "Eu e Tarcísio já falamos e agora a gente vai reforçar ainda mais que nós não queremos essa empresa aqui."

Durante a entrevista, Nunes voltou a responsabilizar o governo federal pela crise com a Enel. "O contrato da Enel é concessão federal, regulação federal, fiscalização federal. Só depende do governo federal para tirar a Enel daqui", disse ele. "Se fosse da Prefeitura, (eu) já tinha tirado."

O emedebista, que adotou na campanha o slogan "cria da periferia", planeja dar ênfase a iniciativas na área social neste segundo mandato. O intuito é tirar do papel novas propostas que foram apresentadas na campanha, como a concessão de gratuidade no transporte público para mães levarem seus filhos a creches municipais. Além disso, ele deve ampliar programas já existentes, como o Armazém Solidário, um mercado que vende produtos a preços mais baixos do que os praticados no comércio convencional para pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).

Nunes prevê inaugurar mais dez armazéns durante seu próximo mandato, além de um ainda este ano. Atualmente, o site da Prefeitura de São Paulo indica seis unidades em operação, distribuídas igualmente entre as zonas leste e norte da cidade.

Também na área de segurança alimentar, o prefeito se comprometeu a abrir mais 40 "Cozinhas Escola". Lançado em julho do ano passado, o programa funciona em parceria com organizações da sociedade civil, oferecendo, diariamente, pelo menos 400 refeições gratuitas em diversos pontos da cidade, principalmente para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Rua

O apoio às pessoas em situação de rua deve compor ainda os esforços do novo governo na área social. O censo elaborado pela Prefeitura em 2021 indica um universo de cerca de 32 mil pessoas em situação de rua na cidade.

No entanto, de acordo com o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no mês passado, a Prefeitura registrou e informou ao governo federal, para o repasse de recursos relativos à gestão do CadÚnico, a existência de 86.344 sem-teto.

Também há a expectativa de intensificar medidas para a revitalização do centro em parceria com o governo estadual.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."