'A Justiça precisa ser mais rápida e os prazos devem ser mais razoáveis', diz ministro Fachin

Política
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O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, enfatizou a necessidade de maior celeridade processual no sistema judiciário brasileiro, durante participação da 9ª edição do Seminário Caminhos Contra a Corrupção, realizado pelo Estadão em parceria com o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac). Fachin afirmou que a Justiça deve "ser mais rápida" e os prazos "devem ser mais razoáveis" para que se garanta a eficiência e a efetividade do curso processual.

"Não raro, as investigações processuais no Brasil são lentas e falhas. Há muitas dificuldades em identificar as condutas criminosas, especialmente os chamados crimes do colarinho branco, perdendo-se a oportunidade de colher provas robustas e que se enfraquecem ao decorrer dos anos, quando não ocorre até mesmo a prescrição. A justiça, portanto, precisa ser mais rápida, e os prazos mais razoáveis, conforme determina a Constituição" ressaltou o ministro.

Para Fachin, apesar de o Brasil ter uma legislação avançada para o enfrentamento e combate à corrupção, o País ainda não alcançou a eficiência e efetividade necessária na aplicação. "Leis são imprescindíveis, mas o texto da lei, por si só, não é suficiente. É fundamental contar com instituições e pessoas à altura dos desafios para dar efetividade às leis", destacou.

O ministro também enalteceu a garantia do devido processo legal e da ampla defesa, destacando o sistema recursal presente na legislação brasileira que oferece uma ampla gama de recursos e meios de impugnação, permitindo que um caso criminal se prolongue por anos e passe por praticamente quatro instâncias até que seja dada uma resposta definitiva.

Apesar disso, Fachin apontou de forma crítica a existência de uma celeridade processual seletiva, que se reflete na composição da população carcerária, onde os mais pobres são majoritariamente afetados. Ele também mencionou as disparidades nas capacidades institucionais de órgãos como a Justiça Federal e a Justiça Eleitoral, que recebem recursos desiguais e ressaltou a necessidade de manter investimentos públicos contínuos para fortalecer as estruturas de controle.

"Parlamentares erram, mas o Poder Legislativo é essencial; juízes erram, mas o Poder Judiciário é essencial; gestores erram, mas a administração pública é essencial", pontuou.

'No Brasil a corrupção é mesmo uma ferida profunda de difícil cicatrização', diz ministro

O ministro relembrou crises políticas, como a renúncia e o impeachment de presidentes, além de escândalos como o esquema PC Farias, os Anões do Orçamento e a Operação Lava Jato. Ele afirmou ser necessário tirar lições institucionais dos erros e acertos para avançar em desafios que não são exclusivos do Brasil. "No Brasil, a corrupção é mesmo uma ferida profunda de difícil cicatrização", disse.

O enfrentamento à corrupção, segundo o ministro, deve ir além de soluções paliativas. Ele acredita que é possível promover uma política voltada ao combate das injustiças sociais e econômicas sem recorrer a práticas ilícitas. Fachin alertou para uma nova onda autocrática que se manifesta na região, salientando que uma república corrompida significa uma democracia enfraquecida.

Para ele, a solução está na educação, inclusão social e promoção de valores éticos e democráticos, que devem ser implementados na cultura brasileira, fortalecidos nas escolas e nas relações familiares. "Quando um povo é educado em valores éticos e íntegros, os atos de corrupção são rapidamente identificados e rejeitados pela sociedade, que reage prontamente", afirmou.

Apesar das dificuldades no enfrentamento à corrupção, o ministro destacou conquistas e avanços legais no País, como a Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), que regula a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas, a Lei Complementar 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e a Lei 12.527 (Lei de Acesso à Informação), as quais classificou como instrumentos que promovem transparência e acesso à informação pública, fundamentais para o combate à corrupção.

O Seminário Caminhos Contra a Corrupção se consolidou como um dos principais espaços de debate nacional sobre transparência, integridade, compliance, ESG e o universo anticorrupção. Quase 80 mil pessoas acompanharam as duas últimas edições, em 2022 e 2023. Os painéis e conferências deste ano serão transmitidos ao vivo no site do Estadão.

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O Ministério das Relações Exteriores afirmou, na noite de ontem, que o governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, do ataque ocorrido ontem contra o mercado de Natal em Magdeburg, capital do estado alemão de Saxônia-Anhalt.

"Ao reiterar seu firme repúdio a qualquer ato de violência, cometido sob qualquer pretexto, o governo brasileiro expressa sua solidariedade às famílias das vítimas, bem como ao povo e ao governo alemães", diz em nota o ministério.

Ontem, um carro avançou e atropelou pessoas em um mercado de Natal na cidade que fica no leste da Alemanha. Segundo as autoridades locais, duas pessoas morreram e mais de 60 pessoas ficaram feridas.

Um motorista em um carro avançou e atropelou um grande grupo de pessoas nesta sexta-feira, 20, em um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, no leste da Alemanha. Segundo a imprensa local, 2 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas, incluindo muitas em estado grave. O motorista foi preso. Polícia e autoridades que investigam o caso não descartaram a possibilidade de um atentado terrorista.

A cidade de Magdeburg, que fica a oeste de Berlim, é capital do Estado de Saxônia-Anhalt e tem cerca de 240 mil habitantes. "Este é um evento terrível, particularmente agora nos dias que antecedem o Natal", disse o governador do Estado, Reiner Haseloff.

No fim da noite, o governador confirmou que o motorista foi preso. Ele foi identificado como um médico saudita de 50 anos, que chegou à Alemanha em 2006. O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse ontem que a pessoa detida agiu sozinha.

O porta-voz da prefeitura de Magdeburg, Michael Reif, disse que suspeitava que o atropelamento tivesse sido um ato deliberado, acrescentando que havia "muitos feridos" e as "imagens eram terríveis". "Minhas informações são de que um carro atingiu os visitantes do mercado de Natal, mas ainda não posso dizer de que direção e a que distância", afirmou.

O mercado foi fechado enquanto serviços de emergência trabalhavam no local. Fotos e vídeos nas redes sociais mostraram cenas caóticas em Magdeburg. Imagens de uma parte isolada do mercado mostraram destroços espalhados pelo chão.

Repetição

O atropelamento ocorreu um dia após o oitavo aniversário de um ataque semelhante a um mercado de Natal em Berlim. Em 19 de dezembro de 2016, um extremista islâmico atropelou uma multidão de frequentadores com um caminhão, deixando 13 mortos e ferindo dezenas de pessoas. O homem fugiu, mas foi morto dias depois em uma troca de tiros na Itália.

A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, disse no fim do mês passado que não havia indícios concretos de perigo para os mercados de Natal este ano, mas era sensato ficar vigilante.

O chanceler alemão afirmou na rede X que "as notícias de Magdeburg sugeriam o pior". "Meus pensamentos estão com as vítimas e seus entes queridos. Estamos ao lado delas e de todos os moradores de Magdeburg. Meus agradecimentos a todos os serviços de emergência nessas horas difíceis", escreveu Scholz, que também agradeceu os socorristas que trabalhavam no local.

Friedrich Merz, o candidato a chanceler pelo partido conservador União Democrata-Cristã (CDU), favorito para substituir Scholz depois de um voto de desconfiança, na semana passada, disse estar triste com as notícias de Magdeburg. "Meus pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Gostaria de agradecer a todos os serviços de emergência que cuidaram dos feridos no local", disse.

Pânico

Logo após o atropelamento em Magdeburg, a emissora alemã MDR informou que outro mercado de Natal na cidade de Erfurt, na região central da Alemanha, teve de ser esvaziado às pressas. Eles informam que a decisão havia sido uma medida de precaução e não haveria ainda "nenhuma evidência concreta de qualquer perigo" aos frequentadores. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pouco mais de duas semanas de sua posse para mais um mandato presidencial na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro anunciou nesta sexta-feira, 20, uma reforma constitucional para "consolidar a soberania popular". A decisão mostra a direção que o chavismo pretende tomar pelo menos pelos próximos seis anos.

"Formei uma equipe com grandes analistas internacionais e nacionais para pensar, junto com o nosso povo, em uma grande reforma constitucional que democratize ainda mais a sociedade venezuelana", afirmou Maduro, em uma mensagem transmitida pela TV.

O ditador venezuelano não detalhou a proposta, mas suas ações parecem centradas em garantir sua perpetuação no poder. Não é a primeira vez que ele recorre a esse tipo de medida em meio a uma crise de popularidade.

Reincidência

Em 2017, Maduro convocou uma Assembleia Constituinte para "pacificar" o país, então tomado por protestos que exigiam sua saída e denunciavam o cerco às forças opositoras na Assembleia Nacional.

Em 2025, deverão ser realizadas eleições parlamentares e regionais, mas o chavismo está enfrentando seu pior momento político. Denúncias de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho colocaram Maduro no centro de uma crise de legitimidade, mesmo com seus esforços para se manter no poder.

Maduro indicou que as próximas eleições devem ser realizadas rapidamente, entre fevereiro e março do próximo ano. O Parlamento dominado pelo chavismo aprovou, em novembro, uma reforma da lei das comunas.

O regime mudou também as leis eleitorais e impôs severas restrições às ONGs e à dissidência, aprovando leis como a Simón Bolívar, que prevê inabilitações políticas de até 60 anos, prisão e confisco de bens de venezuelanos que apoiem as sanções dos EUA.

Asilo

Enquanto o chavismo apertou o cerco aos opositores na Venezuela, a Espanha anunciou ontem que concedeu asilo político ao ex-diplomata González Urrutia, candidato da oposição que enfrentou Maduro nas últimas eleições presidenciais. A oficialização do asilo foi informada pelo chanceler espanhol, José Manuel Albares.

A concessão era tida como certa desde que o opositor chegou a Madri em um avião militar espanhol, em 8 de setembro, depois de se refugiar na Embaixada da Holanda em Caracas e denunciar perseguição política após a votação de 28 de julho, que ele diz ter sido fraudada. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.