Declaração conjunta do P20 defende 'reforma da governança global' e 'nova ordem financeira'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Em uma declaração conjunta divulgada nesta sexta-feira, 8, parlamentares da 10ª Cúpula dos Parlamentos do G20 defenderam uma "reforma da governança global" e uma "nova ordem financeira". O documento é intitulado "Parlamentos por um Mundo Justo e um Planeta Sustentável".

Dos integrantes do G20, participaram do evento: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Canadá, China, França, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana. Apenas a Argentina se desvinculou da declaração.

"Reafirmamos a necessidade de reformas abrangentes para tornar as instituições de governança global mais transparentes, responsáveis, eficazes, eficientes, inclusivas, democráticas e representativas, refletindo as realidades e demandas do século XXI", dizem.

O documento continua: "O Pacto para o Futuro, adotado em setembro de 2024, é uma importante contribuição para a reforma das Nações Unidas, inclusive revigorando a Assembleia Geral, reformando o Conselho de Segurança, fortalecendo o Conselho Econômico e Social e a Comissão para Consolidação da Paz".

No texto, os parlamentares endossaram o "Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global", da 2ª Reunião dos Ministros de Relações Exteriores realizada em setembro deste ano, sob a presidência do Brasil.

"Reconhecemos que os membros do G20 devem desempenhar um papel fundamental na construção de uma arquitetura financeira internacional mais estável, eficaz, representativa e equilibrada que atenda à necessidade de elevar a voz dos países em desenvolvimento no processo decisório, refletindo o mundo do século XXI", diz a declaração.

O texto prossegue: "A nova ordem financeira global deve fortalecer a resiliência e a transparência das instituições financeiras em nível nacional, regional e global, tornando-as mais sensíveis às necessidades reais das populações".

Os parlamentares também defendem uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC): "Enfatizamos a necessidade de integrar a dimensão do desenvolvimento da OMC, especialmente por meio do processo de reforma da OMC e de fazer com que o princípio do tratamento especial e diferenciado atenda melhor às necessidades dos membros e desenvolvimento, incluindo os países menos desenvolvidos".

Outro ponto é a defesa da criação de novos bancos multilaterais e de padrões internacionais sobre o uso de novas tecnologias. Há ainda manifestações sobre a necessidade de financiar "transições energéticas justas" e de implementar planos de ação para o combate à fome e à desigualdade de gênero.

Aos participantes do P20, foi entregue a Carta de Alagoas, elaborada em julho por deputadas e senadoras de 26 países, após um encontro em Maceió. O documento trata de recomendações para a igualdade entre homens e mulheres.

O P20 antecedeu a reunião do G20, marcada para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. O evento terá a participação dos chefes de Estado dos países que integram o grupo.

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à CNN americana divulgada nesta sexta-feira, 8, que haveria desconforto no G20 caso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participasse. O motivo é a invasão da Ucrânia pelos russos. Putin tem um mandado de prisão emitido por um Tribunal Penal Internacional, mas Lula afirmou que esse seria um problema pequeno.

"O problema não é apenas proteger o Putin para não ser preso no Brasil. Isso é a coisa mais fácil de fazer. O problema é que tem no G20 vários presidentes da República que não ficariam na sala se o Putin entrasse na sala. Todos os países europeus que participam do G20, mais os Estados Unidos, o que seria uma coisa muito desconfortável", declarou o petista.

O presidente russo será representado por seu chanceler, Serguei Lavrov. Lula disse que é necessário acabar com a guerra para que Putin possa voltar a "andar no mundo e participar dos eventos".

"As coisas do Putin vão ser resolvidas quando acabar a guerra da Ucrânia. Aí ele pode participar de uma reunião do G20, como pode participar o [presidente ucraniano, Volodmir] Zelenski. O Zelenski poderia ser convidado. Acontece que eu não quero discutir a guerra da Ucrânia e da Rússia no G20", declarou o presidente brasileiro.

O mandado de prisão, emitido em março do ano passado, tem como causa acusações de transferência e deportação ilegal de crianças durante o confronto na Ucrânia, iniciado por determinação de Putin.

Na Cúpula do G20 do ano passado, Lula foi questionado se recepcionaria Putin no Brasil e disse que o russo entraria no País "tranquilamente" e que tentar prendê-lo seria um "desrespeito". Ele havia dito, no entanto, que esperava que a guerra na Ucrânia tivesse acabado a essa altura, o que não ocorreu.

Por causa da ordem do TPI, Putin não compareceu à Cúpula do Brics na África do Sul no ano passado. Assim como o Brasil, o país africano é signatário da Corte, e houve o temor de desgaste político em tê-lo presente e não o prender. Em setembro desse ano, no entanto, o russo viajou até a Mongólia, que é signatária da Corte, e expôs a fragilidade do pedido.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "vingança desumana" a resposta de Israel aos ataques do Hamas na Faixa de Gaza. Ele deu a declaração em entrevista à CNN internacional divulgada nesta sexta-feira, 8.

"O que não é correto é a gente ver um Estado forte como Israel acabar com o povo que mora na Faixa de Gaza", disse o presidente brasileiro. "Nós condenamos o Hamas quando ele invadiu Tel-Aviv. E ao mesmo tempo condenamos Israel contra essa vingança desumana que fez na Faixa de Gaza. Lamentavelmente a ONU está enfraquecida, não pode tomar decisões", declarou o petista.

O bilionário Elon Musk participou de uma ligação entre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em que o líder ucraniano mandou seus parabéns pela vitória do republicano na disputa pela presidência americana. Segundo a Axios, a participação não foi planejada antecipadamente e Musk e Zelensky trocaram apenas cumprimentos.

A ligação, do ponto de vista dos ucranianos, foi vista como positiva e um sinal que os Estados Unidos não iriam imediatamente suspender o suporte para a Ucrânia. Trump prometeu encerrar a guerra antes de sua inauguração.