Moraes: prisão de Silveira foi 'marco no combate ao extremismo antidemocrático'

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse nesta segunda-feira, 22, que a confirmação da ordem de prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) nos plenários da própria Corte e da Câmara dos Deputados foi um "marco no combate ao extremismo antidemocrático". "O incentivo a dar surras em ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo a agressões contra a saúde e vida de ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo à ditadura e ao AI-5 que fecha o Supremo Tribunal Federal não são críticas, são atentados contra a democracia", disse.

Relator dos inquéritos das fake news, aberto para apurar notícias falsas, ofensas e ameaças dirigidas aos integrantes do Tribunal, e dos atos antidemocráticos, que investiga a organização, o financiamento e a divulgação de manifestações contra a democracia, além de próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro participou do seminário virtual Eleições 2022 e desinformação no Brasil, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Nós não podemos mais deixar que as redes sociais sejam terra de ninguém. Porque os discursos de ódio e antidemocráticos vêm manipulando as pessoas", afirmou na transmissão. "Com essas milícias digitais, nós estamos sofrendo o mais pesado, mais forte e mais vil ataque às instituições e ao estado democrático de direito", acrescentou.

Na avaliação do ministro, as empresas de tecnologia devem ser responsabilizadas pelos conteúdos publicados em suas plataformas. A ideia, segundo ele, é garantir que "respostas firmes" possam ser cobradas dessas companhias. Desde que assumiu investigações sensíveis aos aliados e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, Moraes expediu uma série de ordens para a derrubada de perfis bolsonaristas nas redes socais. As plataformas, no entanto, demonstram resistência em tirar as contas do ar.

"Ao serem classificadas como empresas de tecnologia, as plataformas digitais simplesmente lavam as mãos sobre a terra de ninguém que elas proporcionam. Sendo que hoje essas pseudo empresas de tecnologia são as mais poderosas e fortes empresas de mídia do mercado mundial", defendeu o ministro.

Durante sua apresentação, Moraes também voltou a criticar o uso do direito da liberdade de expressão para justificar ataques antidemocráticos. "Por mais ácidas que sejam as críticas, elas fazem parte da democracia. Não são críticas. São atentados contra a democracia, atentados contra o estado de direito, atentados contra autoridades, que precisam ser combatidos", observou. "A utilização da liberdade de expressão como verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, isso não é permitido pela Constituição."

Já falando sobre as eleições do ano que vem, o ministro classificou como um "desafio muito grande" impedir que as "milícias digitais" influenciem o pleito. Ele lembrou que a produção de notícias falsas deixou de ser amadora e passou a integrar uma "indústria de monetização".

"Antes se utilizavam muito de robôs, quando começamos a investigar e pegar esse caminho. Agora na verdade usam pessoas replicando várias vezes até tentar chegar às notícias mais divulgadas de forma artificial. Então há o núcleo produtor, o núcleo difusor e o núcleo político. Ou seja, após a produção, uma difusão artificialmente realizada para chegar nas notícias mais divulgadas, aparece o núcleo político: políticos dizendo "olha o que o povo quer", repetindo essas ideias contra a democracia, a favor da ditadura, a favor do AI-5, com discursos de ódio, como se não fossem deles as ideias, como se estivessem representando o povo que se manifestou nas redes. E atrás desses três núcleos, de produção, de difusão e o núcleo político, há o núcleo de financiamento - empresários que financiam essas redes, obviamente com intuitos ideológicos, políticos, inclusive intuitos eleitorais", explicou Moraes.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.