'Hediondo' e 'crime de pensamento': deputados governistas e da oposição divergem sobre golpe

Política
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O relatório da Polícia Federal (PF) que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de liderar um plano de golpe de Estado provocou debate entre congressistas nesta terça-feira, 26. Com o sigilo do documento retirado pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deputados da base governista e da oposição se posicionaram sobre a trama golpista no plenário da Câmara.

Entre os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou o caso é o "episódio mais hediondo da história recente do Brasil", ressaltando que o uso de recursos públicos para financiar a ação é especialmente grave. "O relatório da Polícia Federal tem detalhes estarrecedores, que revelam o plano feito com frieza, tão minucioso que incluía tocaias e até as armas que seriam usadas para matar - coisa de Comando Vermelho, coisa de PCC, coisa de milícia", disse.

Para a deputada Gleisi Hoffman (PR), presidente do PT, o ex-presidente tinha total ciência do esquema. "Tem focinho de porco, orelhinha de porco, rabinho de porco e não é porco? Claro que é. Bolsonaro sabia, foi o grande mentor desse plano todo." A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também repudiou o caso, destacando que se tratou de uma "trama ardilosa, violenta, inconstitucional, criminosa". A parlamentar ainda criticou qualquer possibilidade de anistia aos envolvidos, mencionando o Projeto de Lei 2858/22, que aborda o tema.

O deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), vice-líder do governo, reforçou a gravidade das descobertas da PF e criticou a proposta de anistia, afirmando que o texto "não faz sentido nenhum". Para ele, a tentativa de golpe foi um ataque direto não apenas à democracia, mas também ao Parlamento brasileiro.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) destacou a robustez das provas - o relatório da PF soma mais de 800 páginas. "Hoje é um dia histórico, porque é o primeiro de sessão plenária depois dessas apurações de tratativas de golpe de Estado, inclusive com oficiais militares, generais, coronéis, 37 indiciados, entre os quais o ex-presidente Bolsonaro."

Na oposição, os parlamentares minimizaram o conteúdo do relatório. O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) afirmou que o documento não passa de uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção de medidas impopulares do governo. Ele ironizou as conclusões da PF: "Acreditar que não aconteceu um golpe porque um oficial das Forças Especiais não conseguiu pegar um táxi, achar que um padre merece ser indiciado, pois está conspirando contra a República? Tenham a santa paciência."

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) descreveu o relatório como uma "tentativa de golpe fake". Em tom de sarcasmo, afirmou: "Bolsonaro estava tramando um golpe para depois sofrer um golpe pelos golpistas. Ou poderia falar a respeito da tentativa de golpe que não deu certo porque não havia um táxi." O deputado Luiz Lima (PL-RJ), por sua vez, disse que o documento não apresenta fundamentos materiais e sugeriu que se trata de um "crime de pensamento". "Eu faço um desafio: se o STF, a PF e o governo federal forem condenar qualquer brasileiro que desejou mal a Lula ou a Bolsonaro, metade da população brasileira tinha que estar em cana."

O deputado David Soares (União-SP) criticou a atuação de Alexandre de Moraes no inquérito: "Um ministro que é o acusador, que é acusado, que é a vítima, que é o julgador, como é que fica nisso aí?".

Indiciamentos

Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As revelações incluem planos detalhados, desde armamentos até emboscadas. O ex-presidente nega uma trama golpista, mas diz que estudou "todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas" para impedir a posse de Lula.

A investigação mostrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a PF, "planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade".

PGR

O caso agora está com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode oferecer ou não uma denúncia ou ainda solicitar novas diligências.

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O papa Leão XIV, amante da equitação, foi presenteado com um cavalo árabe puro-sangue por um fiel proprietário de um haras na Polônia, informou o Vaticano nesta quarta-feira, 15. O animal, de 12 anos de idade e pelagem clara, foi entregue ao líder da Igreja Católica com o objetivo de ser leiloado para fins beneficentes.

As imagens divulgadas pelo Vaticano mostram Leão XIV caminhando ao lado do cavalo, segurando-o pelas rédeas, visivelmente à vontade, antes de posar ao seu lado durante sua audiência geral na sede da Igreja Católica.

Antes de ser eleito papa, Robert Francis Prevost costumava montar a cavalo regularmente no Peru, onde foi missionário por cerca de 20 anos.

"Quando vi as fotos do futuro papa a cavalo no Peru, surgiu a ideia de lhe oferecer um belo cavalo árabe, que seria digno dele, porque o branco lembra a batina branca papal", disse Andrzej Michalski, presidente da Criação de Cavalos Michalski de Kolobrzeg-Budzistów, na Polônia.

O cavalo se chama Proton e nasceu no vilarejo de Janów Podlaski. Michalski o comprou quando era potro e o criou na própria fazenda. "Se move magnificamente, é muito bonito", afirmou o criador.

Além do presente, Michalski leu uma carta para o papa, fazendo referências à primeira exortação apostólica assinada por Leão XIV, publicada no dia 9 de outubro, e pedindo para que o presente continue a servir às atividades de Vossa Santidade.

O cavalo será levado para Castel Gandolfo, uma comuna italiana localizada na província de Roma.

O local onde Michalski cria seus cavalos também funciona como um espaço de estudo sobre os equinos, é sede de competições equestres e auxilia pessoas com deficiência que se submetem ao tratamento por meio da hipoterapia.

Na carta lida ao papa, o criador explicou as atividades realizadas no centro que administra e pediu uma bênção para o local, que completará 30 anos de fundação em 2026.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou que usa tarifas como uma maneira de parar guerras, ao discursar em jantar na Casa Branca, nesta quarta-feira, 14. O republicano não forneceu mais detalhes, mas disse que os EUA estão "ganhando muito dinheiro" com as tarifas.

"Estamos indo bem no comércio", acrescentou. Na ocasião, Trump voltou a lamentar o fato de não ter vencido o Prêmio Nobel da Paz. "Parei guerras, mas ganhei o Nobel? Não, eu não ganhei."

O Hamas afirmou nesta quarta-feira, 15, que "cumpriu o que foi acordado" no cessar-fogo com Israel, ao entregar "todos os prisioneiros vivos" e os corpos aos quais "conseguiu ter acesso". Em comunicado, as Brigadas Al-Qassam, braço armado do grupo, disseram que os corpos restantes "precisam de grandes esforços e equipamentos especiais para serem localizados e recuperados" e que estão "fazendo um grande esforço para encerrar esta etapa".

A declaração ocorre após o Exército israelense informar que um dos corpos entregues pelo Hamas na véspera não corresponde a nenhum dos reféns mantidos em Gaza, o que elevou a tensão sobre a trégua mediada pelos Estados Unidos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, exigiu que o grupo "cumpra os termos do acordo" e devolva todos os corpos, afirmando que Israel "não vai abrir mão disso e não cessará seus esforços até que o último refém morto seja devolvido".

Nos últimos dois dias, o Hamas entregou oito corpos à Cruz Vermelha, enquanto Israel acusa o grupo de atrasar as devoluções. O governo israelense reduziu o envio de ajuda a Gaza e manteve fechada a passagem de Rafah até que todos os restos mortais sejam entregues. Segundo o Hamas, a demora ocorre devido às dificuldades de localizar cadáveres sob os escombros após dois anos de guerra.