PF relata preocupação de investigados com conteúdo da delação premiada de Mauro Cid

Política
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O relatório da Polícia Federal sobre o plano de golpe de Estado orquestrado após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022, indica que os integrantes da organização criminosa investigada estavam preocupados com o que foi dito pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, em acordo de colaboração premiada.

Segundo a PF, documentos apreendidos no decorrer das diligências confirmam "que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo" da delação e citam, nominalmente, o ex-ministro Walter Braga Netto, como um dos interessados.

"Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração", diz a PF.

Uma das provas do interesse de Braga Netto e do grupo com as revelações de Mauro Cid em delação foi encontrada pela PF na sede do Partido Liberal, em Brasília, em fevereiro deste ano, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma das fases da investigação.

O documento encontrado na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, "descreve perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada" firmado por Mauro Cid com a PF.

"O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado. Relembre-se que o documento foi encontrado em uma pasta na mesa do assessor de Braga Netto, um dos investigados no presente procedimento", diz o relatório.

A PF cita três perguntas e respostas encontradas no documento: o que foi delatado sobre as reuniões entre os investigados, sobre a existência da minuto do golpe e o que foi dito sobre fatos e pessoas identificadas na investigação sobre a tentativa de golpe.

Para os investigadores, o contexto do documento é "grave" e revela "que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração", "as quais foram respondidas pelo próprio".

Em outro trecho do documento, segundo a PF, há uma espécie de considerações pessoais, que seriam informações expressas pelo próprio Mauro Cid.

"Nesse ponto, é descrito que "Perguntaram muito do Gen. Mario", referindo-se ao general Mario Fernandes, também investigado na trama golpista. Além disso, ressalta que "Não falou nada sobre os Gen. Heleno e BN", tratando-se possivelmente de General Heleno e Braga Netto e ainda enfatiza que teria feito uma defesa de BRAGA NETTO ao afirmar: "GBN não é golpista, estava pensamento democrático de transparência das urnas", detalha a PF.

Os agentes da PF ressaltam ainda que o documento estava na mesa do coronel Peregrino, assessor de Braga Netto, "figura central nos atos que tinham o objetivo de subverter o regime democrático no Brasil logo, pessoa interessada em saber o conteúdo do que fora revelado pelo colaborador".

Pais de Mauro Cid ligaram para Braga Netto e Augusto Heleno

Outra evidência da preocupação do grupo com a delação de Cid citada pela PF foram mensagens entre general da reserva do Exército e ex-secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência, Mário Fernandes, e o coronel reformado Jorge Luiz Kormann. No diálogo, Fernandes relata que os pais de Cid ligaram para os generais Braga Netto e Augusto Heleno informando que "é tudo mentira", "possivelmente sobre as matérias divulgadas pela imprensa sobre o acordo de colaboração".

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A matéria publicada anteriormente tinha um equívoco no primeiro parágrafo. O líder do partido União Democrática Cristã (CDU), Friedrich Merz, é o provável próximo chanceler da Alemanha. Seu partido foi o mais votado na eleição deste domingo e, portanto, deve ocupar a liderança do país num governo de coalizão. Segue a nota corrigida:

O líder do partido União Democrática Cristã (CDU) e provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou que espera convencer os representantes dos Estados Unidos de que há um interesse mútuo ter boas relações transatlânticas, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 24. Na ocasião, ele disse que conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, no domingo, 23, e os líderes discutiram o que será conversado com o presidente americano, Donald Trump.

"Temos que considerar o pior cenário possível para as relações com os Estados Unidos", defendeu.

Merz também disse que será "chanceler de toda a Alemanha" e não apenas para os eleitores de seu partido, e que quer construir uma coligação com o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz, que ficou em terceiro lugar após a apuração, atrás do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita.

O chanceler conservador eleito na Alemanha, Friedrich Merz, do partido União Democrática Cristã (CDU), afirmou que espera convencer os representantes dos Estados Unidos de que há um interesse mútuo em ter boas relações transatlânticas, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 24. Na ocasião, ele disse que conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, no domingo, 23, e os líderes discutiram o que será conversado com o presidente americano, Donald Trump.

"Temos que considerar o pior cenário possível para as relações com os Estados Unidos", defendeu.

Merz também disse que será "chanceler de toda a Alemanha" e não apenas para os eleitores de seu partido, e que quer construir uma coligação com o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz, que ficou em terceiro lugar após a apuração, atrás do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentou Friedrich Merz e a União Democrática Cristã (CDU), partido conservador tradicional, pela vitória no pleito eleitoral de domingo, 23, na Alemanha. Em nota divulgada na manhã desta segunda-feira, 26, Lula disse estar "convencido" de que Brasil e Alemanha seguirão trabalhando juntos para ampliar convergências e complementaridades. Friedrich Merz é o provável próximo chanceler da Alemanha

"Quero cumprimentar Friedrich Merz e seu partido pela vitória no pleito eleitoral de ontem. Sua eleição ocorre em momento de grande sensibilidade geopolítica e geoeconômica global, mas também em momento de grandes esperanças e oportunidades de ganhos conjuntos", disse Lula em nota.

O brasileiro disse que a Alemanha é um "país amigo e parceiro crucial do Brasil" na defesa da democracia e do multilateralismo, na promoção do desenvolvimento sustentável e na proteção dos direitos humanos. "Nossos países têm forte histórico de atuação conjunta por reformas na governança global", citou.

"Estou convencido de que seguiremos trabalhando juntos para ampliar as convergências e complementaridades em prol de uma inserção internacional cada vez mais competitiva de ambos", afirmou. O petista citou que a implementação do Acordo entre o Mercosul e a União Europeia e a realização da COP 30 no Brasil são "caminhos facilitadores desse processo".

Em segundo lugar no pleito de ontem, ficou o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), e o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz, ficou em terceiro. Com isso, a AfD alcançou o melhor resultado para a extrema direita alemã desde a 2ª Guerra Mundial.

A grande fatia de votos recebida pelo Alternativa para a Alemanha deve prejudicar as negociações para a formação de um governo, já que todos os principais partidos do país se recusam a formar uma coalizão com a AfD - uma estratégia criada desde o fim da 2ª Guerra para impedir o retorno de extremistas ao poder após a derrota do nazismo. Apesar de descartar formar um governo com a AfD, Merz já mostrou que pode dialogar com o partido.