Barroso: 'inquérito das fake news é atípico e demorado, mas decisivo para salvar democracia'

Política
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reconheceu que o inquérito das fake news, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, "está demorando" para ser concluído, mas ponderou que os fatos que justificam a investigação "têm se multiplicado".

"O inquérito, com todas as singularidades que, reconheço, ocorreram, foi decisivo para salvar a democracia no Brasil. Nós estávamos indo para um abismo", afirmou na noite desta segunda-feira, 9, em conversa com jornalistas. "Foi atípico, mas olhando em perspectiva, foi necessário e acho que foi indispensável para nós enfrentarmos o extremismo no Brasil. O inquérito está demorando porque os fatos se multiplicaram no decorrer do tempo", completou.

O magistrado fez menção às invasões golpistas de 8 de janeiro e ao inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado do País como alguns dos fatores que justificaram a manutenção do processo. "É fato que o inquérito está demorando, mas os fatos têm se multiplicado", justificou.

O inquérito das fake news ultrapassou a marca de cinco anos de duração, sob sigilo, e ainda não há previsão de conclusão. Barroso disse ter conversado com Moraes no mês passado sobre o encerramento definitivo do caso. Segundo o presidente do STF, a expectativa naquele momento era de que todo material fosse enviado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, neste ano "com a perspectiva de no início do ano isso chegar ao fim".

Barroso, porém, não confirmou se o relator do caso garantiu o encerramento das investigações nos próximos meses. "Ainda vamos ter um ano lidando, talvez não mais com o inquérito, mas com as ações penais decorrentes desses inquéritos", afirmou.

Ao defender o inquérito, o presidente disse que esse instrumento evitou que o País vivesse o padrão de sociedade do "parlamentar que xingou ministros e incitou invadir o Supremo" ou do "blogueiro que está fugido nos Estados Unidos", em alusão a Daniel Silveira e Alan dos Santos".

"Foi atípico, mas olhando em perspectiva, foi necessário e acho que foi indispensável para nós enfrentarmos o extremismo no Brasil. O inquérito está demorando porque os fatos se multiplicaram no decorrer do tempo", completou.

A investigação foi aberta de ofício - ou seja, sem provocação do Ministério Público - em março de 2019. A ordem partiu do então presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para apurar "a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações (...) que atingem a honorabilidade do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares".

O ministro se amparou no artigo do regimento interno da Corte que autoriza a instauração de inquérito pelo presidente em caso de "infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal".

O inquérito duradouro deriva dos sucessivos pedidos de diligências feitos pelo ministro relator Alexandre de Moraes, que, por consequência, fazem com que os agentes da Polícia Federal (PF) solicitem mais prazo para cumprir as demandas.

A PF argumenta que "trata-se de um inquérito judicial conduzido pelo próprio magistrado, conforme previsto em lei" e que apenas cumpre "diligências específicas autorizadas ou requisitadas pelo ministro relator, para as quais eventualmente se solicita prazo para a conclusão, considerando sua complexidade".

Como o caso tramita em sigilo, é impossível identificar todos os investigados, nem as medidas já tomadas até aqui. Tampouco é possível conhecer os argumentos apresentados pela PF ao pedir o prolongamento do tempo de apuração.

Além da opacidade e do prazo ilimitado, o inquérito segue há cinco anos sem corrigir o suposto vício de origem apontado por juristas críticos ao caso: permitir que uma das supostas vítimas, o próprio ministro Alexandre de Moraes, figure como juiz titular da ação.

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Ele voltou a dizer que as tarifas impostas em 2 de abril serão recíprocas de países que tiram vantagem dos EUA e que seus antecessores presidenciais deixaram "o país na mão".

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que vai solicitar a ajuda do Exército brasileiro, dos Estados Unidos e de países europeus para combater o crime organizado no país, considerado o mais violento da América Latina em 2024. A declaração foi dada em entrevista ao jornal britânico BBC nesta terça-feira, 18.

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Fontes do Exército brasileiro ouvidas pelo Estadão disseram que é improvável que tropas sejam enviadas. A atuação de forças estrangeiras costuma ser utilizado como recurso extremo em países com crises e tende a ser abordado no âmbito da ONU, que aprovam, por exemplo, as missões de paz. O Brasil liderou uma dessas missões no passado, no Haiti, mas esse não é o caso do Equador.

Noboa, que disputa o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata Luisa González no dia 13, afirmou que também quer que o presidente dos EUA, Donald Trump, passe a considerar as organizações criminosas do país como terroristas, a exemplo do que fez contra os cartéis de drogas do México.

Desde que assumiu o cargo em novembro de 2023, o governo Noboa enfrenta uma crise de segurança que o levou a declarar conflito armado interno em janeiro do ano passado e a alterar a legislação para endurecer as leis. O decreto autorizou o Exército equatoriano a atuar nas ruas do país.

Apesar disso, a violência no Equador continua em alta. Em janeiro, a polícia do Equador registrou o janeiro mais violento da história. Foram 600 homicídios, contra 479 no ano passado. Nos primeiros 50 dias deste ano, 1,3 mil homicídios foram registrados - uma média de um assassinato a cada hora.

Os homicídios estão relacionados, em sua maioria, ao narcotráfico. O Equador se tornou um dos principais exportadores de cocaína para os Estados Unidos nos últimos anos. O fluxo fortaleceu diferentes facções criminosas, que disputam territórios entre si e atuam em diversos negócios ilícitos além do narcotráfico, como mineração ilegal e tráfico de armas.

Segundo um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional Organizado de 2024, uma das facções presentes no Equador é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Facções da Albânia, México e Itália também atuam no país, além de grupos locais como Los Choneros e Los Lobos.

Segundo a BBC, Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores busque acordos de cooperação com "nações aliadas" para apoiar a polícia e o exército do Equador e quer mudar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras no país.

Críticos do presidente afirmam que o plano, no entanto, tem um caráter eleitoral. Com a permanência da violência, esse é o tema de maior preocupação entre os equatorianos, de acordo com as pesquisas eleitorais. No primeiro turno, Noboa, que era o favorito, ficou à frente da adversária Luisa González, do Movimento pela Revolução Cidadã, por 0,5%.

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Também hoje, as Nações Unidas declararam que um de seus funcionários foi morto em Gaza e outros cinco ficaram feridos em um aparente ataque a uma casa de hóspedes. Não ficou imediatamente claro quem estava por trás do ataque, de acordo com a ONU.