Salles é alvo de pedidos de investigação criminal após testar positivo para covid

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, passou a ser alvo de duas ações com pedido de investigação criminal apresentadas nesta quarta-feira, 24, por ter circulado em ambientes onde houve aglomerações apenas oito dias depois de ter testado positivo para covid-19, quando as determinações impostas pelo Ministério da Saúde apontam que este afastamento deve ser de 14 dias, devido a riscos de propagação do vírus.

Os dois pedidos enviados à Procuradoria-Geral da República se baseiam em reportagem publicada nesta terça-feira, 23, pelo Estadão. O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) pediu a "instauração de procedimento de investigação criminal" de Salles, para apurar a conduta do ministro.

Em sua representação, o deputado menciona a Lei 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que trata das medidas de segurança e prevenção para o enfrentamento da emergência de saúde pública. "É importante destacar que a lei deve valer para todos, máxime no caso de autoridades de primeiro escalão da República como o representado", afirma Padilha, na ação.

"Além de querer passar a boiada na destruição das leis ambientais, o ministro Ricardo Salles parece querer passar covid-19 para todos que encontra, crime sanitário explicito que precisa ser impedido", disse Padilha.

O deputado federal Elias Vaz de Andrade (PSB-GO) apresentou uma "notícia crime" contra Salles. Na ação, o parlamentar menciona o que determina a portaria conjunta nº 20, de 18 de junho de 2020, dos Ministérios da Saúde e Economia, que orienta o afastamento de qualquer trabalhador das atividades presenciais pelo prazo de 14 dias, a fim de evitar o contato e a disseminação da doença, que, como é sabido, é de fácil transmissão e letalidade considerável.

Andrade também menciona artigos previstos no Código Penal, como crime de perigo à vida de outra pessoa. "A quebra do período de isolamento e exposição a possibilidade de transmissão dos participantes do ato público no estado de convalescência do representando ao novo coronavírus tipifica perfeitamente o crime descrito no Código Penal", afirma o deputado, em sua ação. "Não resta dúvida que o representado os praticou as condutas típicas e antijurídicas previstas no Código Penal, mais especificamente as correspondentes a de Perigo para a Vida ou saúde de outrem (art. 132 do CP), Infração de medida sanitária preventiva (art. 268 do CP)."

Conforme mostrou a reportagem do Estadão, Ricardo Salles deixou o isolamento social e participou de uma série de encontros presenciais nesta terça-feira, 23, em Brasília. Em um deles, discursou sem máscara.

Salles testou positivo para o vírus em 16 de fevereiro e sentiu sintomas, como febre. O ministro ficou em isolamento em sua casa, conforme informou à reportagem, naquela data. Essas informações também foram repassadas pela assessoria de comunicação do ministério, na ocasião. "O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, testou positivo para a Covid-19 nesta terça-feira (16). Apresentou leve febre, mas passa bem. Manterá isolamento, conforme orientação médica", informou a assessoria do MMA.

Na terça, oito dias depois, Salles participou de um almoço com deputados da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), onde havia cerca de 60 pessoas. Sem máscara, fez discurso em uma mesa, rodeado por integrantes do grupo. Depois, seguiu para um evento com que reuniu dezenas de prefeitos no Palácio do Planalto. No local, chegou a cumprimentar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem 71 anos e faz parte do grupo de risco da doença.

Procurada pela reportagem, a FPA informou que não tinha conhecimento do quadro de saúde de Salles. Após a publicação desta reportagem, a FPA divulgou nota para informar que alertou a todos os presentes que monitorem sintomas e saúde.

"Tomamos conhecimento há pouco que o Ministro Ricardo Salles (MMA) testou positivo para Covid-19 há 10 dias, 5 deles sem sintomas, segundo a assessoria do Ministério", declarou a frente parlamentar. "A Frente Parlamentar da Agropecuária informa que não tinha conhecimento sobre o quadro acima e pede que os convidados da reunião desta terça-feira (23/02) monitorem quaisquer sintomas. Pedimos desculpas por qualquer transtorno e seguimos à disposição para qualquer esclarecimento."

Questionado sobre o protocolo mínimo de isolamento, Salles disse que, na realidade, teria ficado dez dias sem sair de casa, dos quais em cinco não teria apresentado mais sintomas. "Fui liberado pela equipe médica", afirmou o ministro ao Estadão.

A reportagem questionou qual foi a equipe médica que o liberou, e por qual razão, mas não obteve informações a respeito. Sua assessoria de comunicação informou que não seria possível precisar o dia exato em que o ministro contraiu o vírus, e sim o dia de sua confirmação após fazer o exame.

Em outra categoria

O Hamas alertou nesta segunda-feira, 8, que a expansão das operações militares de Israel na Cidade de Gaza e o deslocamento de milhares de residentes poderiam ter "repercussões desastrosas" nas negociações que visam um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses.

O grupo militante disse num comunicado que o seu principal líder político, Ismail Haniyeh, alertou os mediadores sobre o "colapso" das negociações, dizendo que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o exército do país assumiriam "total responsabilidade".

A declaração foi feita dias depois de os dois lados parecerem ter reduzido as lacunas nas negociações de longa data que visam interromper os combates nove meses após o início da guerra em Gaza. Esperava-se que as negociações sobre um cessar-fogo fossem retomadas esta semana. O Hamas quer um acordo que garanta a saída total das tropas israelenses de Gaza e que a guerra termine.

Israel diz que não pode parar a guerra antes que o grupo militante palestino seja eliminado. O governo pós-guerra e o controle da segurança do enclave também têm sido questões controversas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 8, esperar que o grupo político do presidente francês, Emmanuel Macron, e as forças de esquerda do país europeu possam chegar a um acordo para governar.

O segundo turno das eleições legislativas francesas foram realizadas neste domingo. Os blocos de esquerda e de Macron conseguiram ficar à frente da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, mas nenhum dos dois grupos conseguiu maioria absoluta das vagas em disputa.

"Espero que o meu amigo Macron, que meu amigo Mélenchon Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa, que meu amigo François Hollande e tantos outros companheiros na França se coloquem de acordo para montar um governo que possa atender aos interesses do povo francês", declarou o presidente brasileiro.

Há o temor de que o país europeu fique ingovernável com o Legislativo dividido em três grandes blocos. Esquerda e centro fizeram acordos eleitorais para barrar o avanço da extrema-direita, mas têm muitas divergências programáticas.

Lula mencionou a união contra o grupo de Le Pen. "Quando parecia que tudo estava confuso, tudo estava dando errado, o povo se manifesta, vai para a rua e diz 'queremos que os setores democráticos continuem governando a França'", comentou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 8, que a única pessoa que sabe se Joe Biden tem condições de concorrer à reeleição para a presidência dos Estados Unidos é o próprio Biden. O americano está sendo pressionado a deixar a corrida eleitoral por ter demonstrado fragilidades contra Donald Trump, seu adversário.

"É muito difícil um cidadão de outro país dar palpite sobre a candidatura de outro presidente de outro país. Somente o Biden tem o direito de tomar uma posição sobre ele. Somente ele se conhece perfeitamente bem, sabe o que ele tem, o que ele não tem, se ele pode ou não pode", disse Lula.

O presidente brasileiro deu as declarações a jornalistas em Assunção, no Paraguai, onde foi participar de reunião com os demais líderes do Mercosul.