'Nem terminou o processo e já querem anistia', diz Lula sobre investigados pelos atos de 8/1

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 5, o pleito de investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro por anistia. Com ironia, disse que as pessoas pedem o perdão da pena, muitas vezes sem a condenação em si.

"As pessoas são muito interessantes. Nem terminou o processo e já querem anistia. Eles não acreditam que são inocentes? Eles deveriam acreditar que são inocentes e não ficar pedindo anistia antes de o juiz determinar a punição", disse.

Lula deu entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, na manhã desta quarta.

"Quando as pessoas nem foram condenadas e pedem anistia, eles estão se condenando, eles acham que fizeram aquilo que a Justiça está dizendo que eles fizeram", afirmou.

Sobre uma possível disputa com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse que, se a Justiça entender que ele pode ser candidato em 2026, que assim seja, mas disse que, se ele, Lula, for candidato, Bolsonaro "vai perder outra vez".

"Esperem o julgamento, se defendam, vai ter condenação ou não, haverá o direito de defesa que nunca houve para mim, se a Justiça entender que ele (Jair Bolsonaro) pode concorrer, ele pode concorrer. E se for comigo, vai perder outra vez", disse.

Lula não respondeu, porém, sobre a discussão no Congresso sobre uma alteração no prazo de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa. Bolsonaro está atualmente inelegível e não pode ser candidato em 2026. Caso o prazo seja reduzido, o ex-presidente poderia ser candidato.

O petista criticou Bolsonaro e insinuou que o ex-presidente viajou aos Estados Unidos no fim de 2022 porque teria medo de ser preso. Também afirmou que "quem tentou dar um golpe, articulou inclusive a morte do presidente, vice-presidente e presidente do TSE, não merece absolvição, eu acho" e disse que, "por menos do que eles fizeram, muita gente do Partido Comunista foi morta".

"A verdade só o Bolsonaro sabe, se ele sabe que quis dar golpe, ele sabe que quis dar, por isso fugiu para Miami. Se ele fosse um homem que não tivesse preparado toda aquela podridão de comportamentos, ele teria ficado, dado posse, como qualquer ser humano civilizado faria", afirmou.

Em outra categoria

Em reunião nesta terça, 4, com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs a retirada permanente dos palestinos da Faixa de Gaza, em razão da devastação causada pela guerra de Israel contra o Hamas, após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Ele sugeriu que eles criassem um Estado em outro lugar.

A declaração de ontem marcou a primeira vez que Trump - ou qualquer presidente americano - fala publicamente sobre a realocação permanente dos palestinos da Faixa de Gaza. Ao lado de Netanyahu, ele disse que o território "não é um lugar para as pessoas viverem", e afirmou que os moradores "não deveriam voltar para lá".

"Gaza não é um lugar para as pessoas viverem", disse o presidente americano. "Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar, porque eles não experimentaram nada além de morte e destruição. Precisamos de outro local. Acho que deveria ser um local que deixasse as pessoas felizes."

Trump sugeriu ainda que há interessados em participar da reconstrução de Gaza, sem citar nomes. O republicano disse que "consegue imaginar uma bela área para reassentar pessoas de forma permanente, em boas casas e onde elas possam ser felizes e não ser baleadas, mortas ou esfaqueadas até a morte".

Críticas

A ideia de Trump é que, enquanto não for encontrada uma nova pátria para os palestinos, Egito e Jordânia fiquem com os refugiados. Embora ele tenha apresentado a solução como um imperativo humanitário, a sugestão não tem apoio entre os países árabes do Oriente Médio.

Egito e Jordânia rejeitam receber um grande número de refugiados, devido ao fardo socioeconômico e aos temores de instabilidade. Os habitantes de Gaza também não mostram interesse em sair do enclave, que passaram anos defendendo, apesar da destruição.

Juristas e diplomatas dizem que forçar a retirada dos 2,2 milhões de moradores do enclave configura crime de limpeza étnica, de acordo com as Convenções de Genebra. Em novembro, a Human Rights Watch afirmou que os deslocamentos forçados internos de palestinos, ordenados por Israel, dentro da Faixa de Gaza eram um crime de guerra.

O Hamas, que governou Gaza nas últimas duas décadas, também rejeitou a ideia. Sami Abu Zuhri, uma autoridade de alto escalão do grupo, afirmou que a sugestão de Trump era "uma receita para criar caos e tensão na região".

Os chanceleres de Jordânia, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Catar e Egito, além de um representante da Autoridade Palestina, enviaram uma carta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, rejeitando a ideia de reassentar os palestinos em qualquer outro lugar.

Netanyahu

O premiê de Israel não comentou a sugestão de Trump, embora integrantes de sua coalizão, especialmente os aliados de extrema direita, como Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, desejem aproveitar o apoio da Casa Branca para anexar o enclave.

Outro objetivo de Netanyahu ontem na Casa Branca era discutir a segunda fase do acordo de cessar-fogo com o Hamas. "Vamos tentar", respondeu o premiê, sobre a perspectiva de manter a trégua.

O primeiro-ministro é pressionado pelas famílias dos reféns do Hamas a manter o acordo, enquanto parte da coalizão de extrema direita exige que Israel retome a guerra o mais breve possível, o que poderia derrubar o governo de Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que relatos de que o país estaria trabalhando em conjunto com Israel para "explodir o Irã em pedacinhos" são muito exagerados, em publicação nesta manhã em seu perfil na Truth Social. Na postagem, o republicano afirma que deseja que o Irã seja um país "grande e bem-sucedido", mas que não pode ter armas nucleares.

"Eu preferiria muito mais um Acordo de Paz Nuclear Verificado, que deixaria o Irã crescer e prosperar pacificamente", escreveu. De acordo com Trump, é preciso começar a trabalhar em uma proposta imediatamente e promover uma "grande celebração" no Oriente Médio quando um acordo for concluído e assinado.

Na terça-feira, 4, Trump assinou um decreto que impõe pressão máxima sobre o governo do Irã, visando impedir o desenvolvimento de armas nucleares, além da imposição de sanções econômicas. "Como presidente, minha maior prioridade é garantir a segurança dos Estados Unidos e do povo americano", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 5, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realiza "bravatas" e que ele está isolando os EUA do mundo. A declaração foi dada, em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais.

"Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim. Tomou posse e já anunciou ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá, mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, reocupar o Canal do Panamá. Sinceramente, nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo todo o tempo", disse. "Os Estados Unidos estão se isolando do mundo", afirmou.

O petista reiterou que o Brasil vai taxar os produtos dos EUA: "É lógico. É o mínimo de decência um governo utilizar a reciprocidade".

Segundo Lula, a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite a taxação de até 35% para qualquer produto. "Para nós, o que seria importante seria os EUA baixar a taxação e nós abaixarmos a taxação, mas se ele ou qualquer país aumentar a taxação do Brasil, usaremos a reciprocidade e vamos taxar eles também", declarou.

Lula defendeu que os Brics tenham o direito de discutir uma eventual troca da moeda comum para as negociações, sem usar o dólar.

"Os Brics significa praticamente metade da população mundial, metade do comércio exterior do mundo. Nós temos o direito de discutir a criação de uma forma de comercialização que a gente não dependa só do dólar. Não foi o mundo ou a ONU que decidiu que o dólar seria a moeda, foi os EUA", afirmou.

O presidente disse que o mundo não pode ter "preocupação com as bravatas do Trump" e que os Estados Unidos precisam do mundo mais do que o mundo precisa dos Estados Unidos.

"É importante que a gente não tenha preocupação com as bravatas do Trump, que a gente discuta o que é importante para nós e para o mundo. Não é o mundo que precisa dos EUA, os EUA também precisam do mundo, precisam conviver harmonicamente com Brasil, México, China. Ninguém pode viver de bravata a vida inteira", declarou.

"Ele (EUA) não pode agora mudar do país que vendia a ideia da paz para o país que vende a ideia da provocação, da discordância", afirmou Lula.