Projeto de Alcolumbre para emendas põe 'cabresto' em consultores de Orçamento, dizem entidades

Política
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O Congresso deve votar nesta quinta-feira, 13, uma resolução que muda regras para as emendas parlamentares. Um esboço do texto ao qual o Estadão teve acesso diminui a fiscalização sobre as emendas ao criar a figura do "Secretário Especial de Orçamento Público".

Indicado pelo presidente do Senado, esse secretário terá controle sobre os consultores de Orçamento da Câmara e do Senado. Hoje, eles têm autonomia e com frequência apontam problemas. No novo modelo, o trabalho deles estará submetido às "políticas e critérios" do novo Secretário Especial, indicado pelo presidente do Senado.

Além disso, entidades que trabalham no tema, como a Transparência Brasil e a Transparência Internacional, fazem críticas ao projeto de resolução, elaborado pela Mesa Diretora do Senado. Para a Transparência Brasil, a submissão dos consultores põe em risco "a integridade do processo de elaboração e aprovação do Orçamento". Já para a Transparência Internacional, o novo regramento mantém os problemas anteriores do orçamento secreto ao impedir a identificação dos congressistas que enviam os recursos.

A votação desta quinta-feira foi marcada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), como resposta às negociações com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em agosto de 2024, Dino suspendeu o pagamento de vários tipos de emendas parlamentares até que o Congresso criasse novas regras para dar mais transparência à aplicação do dinheiro. A reportagem procurou Davi Alcolumbre por meio da assessoria, mas ele não comentará o assunto neste momento.

A minuta ainda não foi protocolada, ou seja, ainda não se trata da versão final.

Além de criar a nova Secretaria Especial de Orçamento Público, a proposta de resolução traz várias inovações no rito das emendas parlamentares. Padroniza, por exemplo, como devem ser as atas para a apresentação das emendas de comissão, além de mudar outros aspectos da elaboração das indicações feitas por senadores e deputados. As emendas parlamentares são modificações feitas por congressistas no Orçamento, de moto a enviar verbas para as localidades onde eles têm votos.

Minuta de resolução sobre emendas

Segundo Dino, o Congresso continuou com a prática do orçamento secreto, revelada pelo Estadão em 2021 e declarada inconstitucional pelo Supremo em dezembro de 2022. Mesmo com os bloqueios impostos por Dino, no ano passado o Congresso destinou R$ 44,9 bilhões em emendas parlamentares. É o maior valor nominal da História. A soma empoderou o Congresso na relação com o governo do presidente Lula (PT) e contribuiu para a vitória acachapante dos partidos do Centrão nas eleições municipais de 2024.

A minuta da resolução é de autoria de Alcolumbre e deverá ter como relator o vice-presidente da Casa, Eduardo Gomes (PL-TO). Como mostrou o Estadão, Eduardo Gomes é mencionado no relatório da operação Emendário, que investiga um suposto esquema de venda de emendas parlamentares por parte de deputados do PL do Maranhão. Um assessor dele atua como "corretor de emendas", prestando consultoria a prefeituras do interior do Tocantins.

"Submeter a atuação das consultorias de Orçamento a uma secretaria cujo titular está sujeito à influência política coloca em risco a integridade do processo de elaboração do Orçamento no Congresso", diz Marina Atoji, que é diretora da Transparência Brasil.

"O trabalho dessas consultorias é fundamental para o controle social sobre o processo orçamentário, se considerarmos que o trabalho que elas fazem é especializado, público para todos verem, e não está vinculado ao interesse dos parlamentares", avalia ela.

Além disso, a proposta de resolução mantém a possibilidade de ocultar os verdadeiros responsáveis pela indicação das emendas, diz Guilherme France, que é consultor da Transparência Internacional.

"A minuta de resolução reincide no mesmo problema histórico do orçamento secreto: a criação de figuras interpostas - relator, comissões - para impedir a identificação do parlamentar que, de fato, patrocina cada emenda. Ao prever a possibilidade de que o líder da bancada partidária encaminhe emenda para as comissões e, assim, assuma a titularidade de todas as emendas dos parlamentares daquele partido, na prática, está se criando uma nova figura interposta", avalia ele.

"Essa (proposta de) resolução, portanto, cria, indiretamente, a figura da emenda de bancada partidária, que não encontra respaldo na própria Constituição Federal", diz France.

"Estão tentando calar as consultorias técnicas para concentrar poder e manipular informações orçamentárias. Essa mudança atropela a independência do assessoramento técnico e fere o equilíbrio entre as Casas. Querem transformar um processo técnico e transparente em informação controlada pelos donos do poder", diz a líder do Novo na Câmara, a deputada federal Adriana Ventura (SP).

Segundo o Estadão apurou, a proposta de resolução vem gerando insatisfação entre os consultores legislativos das duas Casas. Há a possibilidade de que o texto seja modificado antes de ser protocolado. Para consultores de Orçamento, a nova resolução representa um "retrocesso institucional". As consultorias, dizem os profissionais, foram importantes para denunciar práticas inadequadas na época do orçamento secreto.

A proposta também acaba com a alternância que existe hoje entre as consultorias da Câmara e do Senado. Desde 1993, as consultorias de Orçamento das duas Casas se revezam na coordenação do assessoramento à elaboração do Orçamento. No modelo proposto, essa responsabilidade será do novo secretário indicado pelo presidente do Senado.

O projeto altera a Resolução 01 de 2006, que disciplina o funcionamento da Comissão Mista de Orçamento (CMO). A CMO é a comissão responsável por analisar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), que corresponde ao Orçamento de cada ano. A criação do "Secretário Especial de Orçamento" está prevista no artigo 154 da minuta de resolução.

Segundo a justificativa da minuta, o objetivo da criação da nova Secretaria Orçamentária Especial é realizar a "padronização de orientações, durante o processo orçamentário e sobre a execução de emendas, e dos procedimentos das bancadas partidárias e das comissões permanentes".

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O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira, 12, a expulsão de um diplomata russo e de seu cônjuge, em represália à expulsão de dois funcionários da embaixada britânica em Moscou no início desta semana.

O Ministério das Relações Exteriores britânico convocou o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, para comunicá-lo sobre as expulsões, após o que descreveu como uma "campanha crescente e coordenada de assédio contra diplomatas britânicos". Algo que, segundo Londres, visa forçar o fechamento da embaixada britânica em Moscou.

"Não toleraremos a campanha implacável e inaceitável de intimidação do Kremlin, nem suas tentativas repetidas de ameaçar a segurança do Reino Unido", afirmou o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, na rede social X.

Ainda não foi informado um prazo para a saída dos diplomatas expulsos.

Na segunda-feira, 10, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) afirmou que os dois diplomatas britânicos expulsos haviam fornecido dados pessoais falsos ao solicitar permissão para entrar no país e estavam envolvidos em atividades de inteligência e subversão que ameaçavam a segurança da Rússia. Não foram apresentadas evidências que comprovassem tais alegações.

"O alcance das ações da Rússia só pode ser enfrentado com força", disse o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. "Este incidente está encerrado, e exigimos que a Rússia faça o mesmo. Qualquer ação adicional por parte da Rússia será considerada uma escalada, e responderemos de acordo."

As expulsões de diplomatas - tanto de enviados ocidentais trabalhando na Rússia quanto de russos no Ocidente - tornaram-se cada vez mais frequentes desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022.

No entanto, as expulsões entre o Reino Unido e a Rússia são tensas há mais tempo. As relações entre os dois países pioraram drasticamente em março de 2018, quando o ex-agente de inteligência russo Sergei Skripal e sua filha foram envenenados na cidade inglesa de Salisbury, em uma tentativa de assassinato atribuída pelas autoridades britânicas à Moscou, uma acusação que o Kremlin descreveu como absurda.

Um diplomata dos Emirados Árabes, anteriormente identificado por Teerã como portador de uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, para reiniciar as negociações sobre o programa nuclear do Irã, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores iraniano nesta quarta-feira.

Não está claro como o Irã reagirá à carta, que Trump revelou durante uma entrevista televisiva na semana passada. Seu destinatário, o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, disse que não está interessado em negociações com um "governo abusivo".

No entanto, o país árabe enfrenta problemas econômicos exacerbados pelas sanções sobre seu programa nuclear e Trump impôs mais sanções desde que assumiu o cargo em janeiro. Essa pressão, aliada à turbulência interna do país e aos recentes ataques diretos de Israel, coloca Teerã em uma das posições mais precárias que sua teocracia já enfrentou desde a Revolução Islâmica de 1979.

Após vencer as eleições parlamentares da Groenlândia da terça-feira, 11, o Partido Demokraatit, de centro-direita, rejeitou nesta quarta, 12, as recentes pressões feitas pelo presidente americano, Donald Trump, para assumir o controle da ilha, que é um território autônomo da Dinamarca. Favorável a uma independência gradual de Copenhague, a legenda declarou que a Groenlândia não está a venda.

"Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. Queremos ser groenlandeses. E queremos nossa própria independência no futuro. E queremos construir nosso próprio país por nós mesmos, não com a esperança dele", disse o líder do partido Jens-Friederik Nielsen, à Sky News.

Trump tem mencionado abertamente o seu desejo de anexar a Groenlândia. Durante uma sessão conjunta no Congresso no dia 4 de março, o presidente americano afirmou que acreditava que Washington iria conseguir a anexação "de uma forma ou de outra".

Independência

Uma ruptura com a Dinamarca não estava na cédula, mas estava na mente de todos. A Groenlândia foi colonizada há 300 anos pela Dinamarca, que ainda exerce controle sobre a política externa e de defesa do país.

A ilha de 56 mil pessoas, a maioria de origem indígena, está caminhando para a independência desde pelo menos 2009, e os 31 legisladores eleitos moldarão o futuro da ilha enquanto o território debate se chegou a hora de declarar independência.

Quatro dos cinco principais partidos na corrida defendem a independência, mas discordaram sobre quando e como.

A legenda Naleraq ficou em segundo nas eleições. O partido deseja um processo mais rápido de independência, enquanto o Demokraatit favorece um ritmo mais moderado de mudança.

Uma vitória surpreendente

O Demokraatit ganhou quase 30% dos votos, em comparação com apenas 9% na eleição de quatro anos atrás, segundo a Greenlandic Broadcasting Corporation, enquanto Naleraq ficou em segundo lugar com quase 25%, acima dos quase 12% em 2021.

A vitória surpreendente do Demokraatit sobre partidos que governaram o território por anos indicou que muitos na Groenlândia se importam tanto com políticas sociais, como saúde e educação, quanto com geopolítica.

Nielsen, de 33 anos, pareceu surpreso com os ganhos de seu partido, com fotos mostrando-o ostentando um sorriso enorme e aplaudindo na festa eleitoral.

A emissora dinamarquesa DR relatou que Nielsen disse que seu partido entraria em contato com todos os outros partidos para negociar o futuro curso político para a Groenlândia.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen parabenizou o Demokraatit e afirmou que o governo dinamarquês aguardaria os resultados das negociações de coalizão.

União

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Bourup Egede convocou a votação em fevereiro, dizendo que o país precisava se unir durante um "momento sério" diferente de tudo que a Groenlândia já vivenciou.

Depois que os resultados foram conhecidos, Egede agradeceu aos eleitores em uma postagem no Facebook por comparecerem e disse que os partidos estavam prontos para recorrer às negociações para formar um governo.

Seu partido, o Inuit Ataqatigiit, ou United Inuit, recebeu 21% dos votos. Este é um declínio significativo em relação à última eleição, quando a legenda teve 36% dos votos, de acordo com a KNR TV.

O Inuit Ataqatigiit era amplamente esperado para vencer, seguido pelo Siumut. Os dois partidos dominaram a política da Groenlândia nos últimos anos.

O Siumut ficou em quarto lugar com 14% dos votos. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)