Câmara aprova reajuste de 2,6% a servidores municipais sob protestos e tumulto

Política
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A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em primeiro turno o projeto do Executivo que concede reajuste salarial de 2,6% aos servidores públicos municipais. A votação ocorreu sob protestos e após uma manobra regimental da base do governo, nesta quarta-feira, 22. O texto foi aprovado por 31 votos contra 15.

Antes de ser encaminhado para sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o texto ainda precisa ser aprovado em segundo turno, previsto para ocorrer na próxima terça-feira, 29, após a realização de uma audiência pública convocada pelo vereador Jilmar Tatto (PT).

O projeto, encaminhado pelo Executivo em abril, prevê um aumento de 2,6% a partir de maio deste ano e outro de 2,55% em 2026. O reajuste ficou abaixo da inflação acumulada, que teve uma variação de 5,16%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo (IPC-Fipe) .

Na semana passada, a vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL) havia pedido vista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o que adiou a tramitação. Como o prazo de 48 horas passou a correr apenas após o feriado, o texto ainda não havia sido analisado pela CCJ.

A base do governo articulou a abertura de um congresso de comissões para liberar a votação em plenário. A manobra regimental permite que os presidentes das comissões discutam a proposta em plenário, acelerando o processo.

Servidores públicos marcaram presença em protesto em frente à Câmara, reivindicando o aumento de 12,9% no salário.

A sessão foi marcada por tensão e tumulto. Durante as falas dos integrantes das comissões, o vereador Celso Giannazi (PSOL) foi interrompido por Zoe Martinez (PL). Zoe chegou a insultar os servidores presentes e foi orientada a retirar sua fala. Ela é alvo de uma representação no Ministério Público, protocolada pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP), por ter chamado de "vagabundos" professores que protestavam em frente à Câmara.

A oposição criticou o valor do reajuste, que será pago em duas etapas e, segundo os vereadores, estará defasado quando for concluído. A vereadora Luana Alves (PSOL) também mencionou o reajuste de 37% nos salários dos próprios vereadores, além de aumentos para servidores da Câmara e do Tribunal de Contas do Município.

A base governista defendeu que o reajuste proposto é justo considerando o salário dos funcionários. O vereador Lucas Pavanato (PL) criticou a ampliação do percentual, citando o salário dos professores municipais, que receberam um reajuste de 45%. Pavanato chamou a greve dos servidores de "vagabundagem" e recebeu vaias e gritos vindos da galeria. O presidente Ricardo Teixeira (União Brasil) ameaçou esvaziar a tribuna em meio ao tumulto.

Ainda houve mais tumulto no fim das discussões, quando a vereadora Keit Lima (PSOL) criticou a fala da vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil) que se opôs à greve dos professores. As vereadoras se aproximaram durante o bate-boca, sendo apartadas pelos parlamentares.

A oposição apresentará um substitutivo na próxima semana propondo o reajuste mínimo de 12,9%. Para que isso ocorra, o texto precisará passar novamente por congresso de comissões antes de seguir ao plenário.

Outras duas emendas protocoladas pela vereadora Janaina Paschoal (PP) propõe que o vale-alimentação e o vale-refeição recebam o reajuste em parcela única em maio, e a parcela seguinte seja adiantada para novembro deste ano, foram rejeitadas pela Casa.

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O ex-chanceler colombiano Álvaro Leyva acusou o presidente do país, Gustavo Petro, de ser viciado em drogas. Em carta publicada no X nesta terça-feira, 22, ele pintou um quadro sombrio dos hábitos do presidente, incluindo o relato de que Petro teria desaparecido por dois dias durante uma viagem oficial a Paris, em 2023. Na mesma rede social, o presidente negou as acusações e disse que aproveitou viagem à França para passar um tempo com a família.

Leyva, de 82 anos, é um dinossauro da política colombiana. Com mais de 40 anos de carreira, foi deputado, senador e serviu em vários governos conservadores em diferentes cargos. Ele se tornou chanceler de Petro logo após sua vitória na eleição de 2022, posto que ocupou por quase dois anos.

Em janeiro de 2024, ele foi destituído pela procuradoria-geral por irregularidades na licitação para a emissão de passaportes. Na carta, Leyva afirmou que tinha grandes esperanças em Petro, mas que testemunhou cenas que lhe causaram "desconforto e perplexidade", citando a suposta falta de pontualidade, declarações incoerentes e algumas viagens "sem sentido".

A declaração mais assombrosa, no entanto, foi sobre as supostas aventuras de Petro na capital francesa. "Foi em Paris que tive certeza que você tinha um problema de dependência de drogas", escreveu Leyva. Na ocasião, a volta da comitiva presidencial para a Colômbia atrasou de fato dois dias, sem nenhuma explicação.

O presidente rejeitou as acusações e rebateu seu ex-chanceler. No X, ele disse que tinha mais o que fazer do que perder tempo com seu ministro durante a viagem à França. "Paris não está cheia de parques, museus e livrarias, mais interessantes do que o autor da carta, para passar dois dias? Quase tudo em Paris é mais interessante", escreveu Petro.

O presidente colombiano afirmou ainda que o "sumiço" em Paris foi para passar um tempo com a família, que vive na França. Ontem, Andrea Petro, filha do presidente, declarou que passou dois dias com o pai e os netos em Paris.

Em 2023, após acusações parecidas de um jornalista colombiano, o presidente respondeu: "A única coisa em que sou viciado é um café logo cedo". No início do ano, Petro afirmou que a cocaína "não era pior do que o uísque" e só era ilegal porque era produzida na América Latina.

A carta de Leyva provocou uma tempestade política na Colômbia, com diários e revistas estampando o caso nas capas. De acordo com o jornal El Tiempo, de Bogotá, o estopim para a publicação da carta teria sido a volta ao governo de dois desafetos de Leyva: de Armando Benedetti, como ministro do Interior, e Laura Sarabia, que ocupa a chancelaria. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O site da moeda meme $TRUMP disse que os 220 maiores detentores do ativo digital serão convidados para um jantar privado com o presidente no Trump National Golf Club, perto de Washington. Os 25 maiores detentores de moedas meme serão convidados para uma recepção antes do jantar e para um tour pela Casa Branca.

O jantar previsto para 22 de maio é o mais recente movimento desafiador das normas de Trump, misturando política com criação de riqueza pessoal. Antes cético em relação às criptomoedas, Trump cortejou fortemente o setor, enquanto sua família agiu agressivamente para construir um império de negócios de criptomoedas.

O presidente e a primeira-dama Melania Trump lançaram moedas meme - uma espécie de item colecionável digital sem valor real - pouco antes de assumir o cargo no início deste ano. A iniciativa foi criticada por ser uma forma indecorosa de arrecadar dinheiro, que prejudica o esforço de legitimar ativos digitais.

A moeda oficial do presidente subiu na quarta-feira, mas ainda está mais de 80% abaixo de sua máxima histórica.

A Índia fechou a passagem na fronteira, suspendeu o tratado para o compartilhamento de águas e rebaixou as relações diplomáticas com o Paquistão, que acusa de apoiar o terrorismo. As medidas são uma retaliação ao atentado na parte indiana da Caxemira - uma região instável, disputada por rivais com armas nucleares.

A Índia afirmou, sem apresentar provas, que o ataque tem vínculos com o Paquistão e anunciou uma série de medidas retaliatórias após reunião especial convocada pelo primeiro-ministro Narendra Modi. O governo paquistanês promete resposta.

O secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, anunciou que a principal passagem terrestre entre os países seria fechada com efeito imediato, mas as pessoas com vistos válidos podem atravessá-la até 1º de maio. A partir dessa data, também deve entrar em vigor a redução do corpo diplomático.

Misri afirmou ainda que o tratado para o compartilhamento de águas será suspenso "até que o Paquistão renuncie de forma confiável e irrevogável ao seu apoio ao terrorismo transfronteiriço". O acordo, mediado pelo Banco Mundial em 1960, é particularmente importante para a agricultura paquistanesa e sobreviveu a duas guerras entre os vizinhos.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, disse que a resposta será discutida em reunião convocada pelo primeiro-ministro Shehbaz Sharif na quinta-feira, 24.

Cessar-fogo sob risco

A Índia e o Paquistão, rivais com armas nucleares, estão agora em uma encruzilhada perigosa após anos de estagnação diplomática, dizem analistas.

"Estávamos em uma situação ruim e não estávamos piorando ativamente", disse Srinath Raghavan, historiador e analista de segurança da Universidade Ashoka, na Índia. "Agora, a situação vai piorar ativamente."

O ataque a tiros contra turistas que deixou 26 mortos em Pahalgam, na Caxemira indiana, foi considerado o pior dos últimos anos. E coloca em risco o frágil cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão.

O acordo, de 2021, interrompeu as trocas de tiros diárias ao longo da Linha de Controle, a fronteira que separa a Caxemira entre a Índia e o Paquistão. A região é dividida entre os países desde a independência do Reino Unido, mas os dois lados reivindicam o território - disputa que levou a três guerras.

"Esse é o último fio que resta em um relacionamento que, de outra forma, seria muito esquelético", disse Happymon Jacob, professor de estudos internacionais da Universidade Jawaharlal Nehru. "Se isso for danificado e rompido, tudo estará perdido."

O ataque em Pahalgam foi reivindicado nas redes sociais por um grupo até então desconhecido, chamado Kashmir Resistance. As mensagens, que não puderam ser verificadas de modo independente, afirmam que os alvos não eram "turistas comuns", mas estavam "vinculados e afiliados a agências de segurança indianas."

A polícia classificou o ataque como um "ato terrorista" e culpou militantes que lutam contra o domínio indiano. Milhares de agentes foram mobilizados para a caçada aos atiradores enquanto o ministro da Defesa Rajnath Singh promete "não apenas localizar os perpetradores do ataque, mas também aqueles que conspiraram para cometer esse ato nefasto."

O poderoso ministro do Interior da Índia, Amit Shah, também prometeu "punir severamente os perpetradores com as consequências mais duras." Ele visitou o local do ataque a participou da cerimônia de homenagem às vítimas.

Histórico de disputas

A região, de maioria muçulmana, é foco de disputa há décadas. Os insurgentes na parte controlada pela Índia tem lutado contra o domínio de Nova Délhi desde 1989. O governo indiano considera o movimento como terrorismo apoiado pelo Paquistão. Islamabad nega.

Muitos muçulmanos da Caxemira apoiam o objetivo dos rebeldes de unir o território, seja sob o domínio paquistanês ou como um país independente.

Nos últimos anos, a Caxemira tem visto uma onda de ataques contra hindus, incluindo trabalhadores vindos de outras regiões da Índia, desde que Nova Délhi acabou com a autonomia parcial da região, restringindo a dissidência, as liberdades civis e a liberdade de imprensa.

Organizações dos direitos humanos denunciam que a Índia tem usado táticas duras para manter o controle sobre a Caxemira. Isso inclui conceder às forças armadas amplos poderes para prender, torturar e executar suspeitos sumariamente. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)