Com Lula, centro fica pressionado a definir nomes, avaliam cientistas políticos

Política
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O eventual retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à disputa eleitoral deve reeditar a polarização entre direita e esquerda no Brasil, pressionar partidos de centro a definir candidatos caso queiram ser competitivos nas eleições do ano que vem e, também, livrar o ex-ministro Sérgio Moro de depoimentos que poderiam desgastá-lo eleitoralmente. É a avaliação de cientistas políticos que analisaram os impactos da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"A decisão do ministro Edson Fachin dá uma mudança brusca e completa no cenário eleitoral. Não que o PT não tivesse colocado antes uma disputa, eventualmente a do Fernando Haddad, mas com a entrada do Lula, ele é um candidato extremamente competitivo", afirmou o professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP) José Álvaro Moisés. Ele cita pesquisa feita pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) e publicada com exclusividade pelo Estadão no último domingo, 7, que colocam o ex-presidente com maior potencial eleitoral do que Jair Bolsonaro.

"Em um certo sentido, essa decisão reconstrói o cenário de uma polarização de uma esquerda de direita, entre a extrema-direita e uma esquerda forte, caracterizada. Desse ponto de vista, todas as questões relativas à polarização, a uma certa ideia de divisão da sociedade, serão recolocadas", avaliou o professor. Para ele, é uma "reordenação completa do cenário eleitoral", e uma "reposição do que foi 2018", com dúvidas sobre os impactos disso para o País.

Para Lula, na avaliação de Moisés, há a possibilidade de que sua apresentação como vítima de perseguições jurídicas possa fortalecer ainda mais sua figura. "Esse é um fator que vai contar como um fator a favor dele, aparecer como uma vítima que foi injustiçada." Já para o presidente Jair Bolsonaro, ainda segundo análise do professor, a presença de Lula como rival poderá aglutinar eleitores que, ao longo do mandato, deixaram de apoiar explicitamente o presidente.

Para os partidos de centro, entretanto, a presença de Lula forçará os partidos que queriam rivalizar contra Bolsonaro a acelerar definições. "Todo aquele esforço que se estava fazendo para a construção de uma frente que ia da centro-esquerda até a centro-direita para ter um candidato forte para derrotar o Bolsonaro em 2022, em um certo sentido, terá de ser alterado porque mudaram as condições em que essa estratégia estava definida", afirma.

"(A decisão) não impede a emergência de um candidato de centro, mas ele terá de ser extremamente competitivo, com capacidade de comunicação e um programa de governo, político e ideológico que seja capaz de se contrapor a essas forças de polarização", complementa.

Já a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Maria do Socorro Braga afirma ser possível que os partidos de centro estivessem esperando um posicionamento do PT para tomarem suas próprias decisões. "Bolsonaro nunca saiu do palanque. Com o retorno do Lula, você tem dois candidatos. E o centro está de fato nesta briga, que se acirra até antes de fevereiro, na escolha dos dois candidatos (para o Congresso). Pelo conjunto de nomes, está muito difícil decidir. Mas eles têm de se antecipar." Nesse contexto, segundo a professora, DEM e PSDB, que saíram chamuscados da eleição no Congresso, devem voltar a se aproximar.

Maria do Socorro destaca outro ponto relacionado ao centro, que é a preservação de Sergio Moro a constrangimentos aos quais eles poderia ter se submetido caso tivesse sua suspeição nos inquéritos de Lula analisada pelo STF. "Esse resultado tem muito a ver com a ação de Fachin em relação à Lava Jato", afirma. Dessa forma, "de repente, pode até ser o candidato do centro democrático, em que pese haver muita gente contra ele", analisa a professora.

Sobre os cenários de uma disputa entre Lula e Bolsonaro, o coordenador da pós-graduação em Ciências Políticas da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp) de São Paulo, Humberto Dantas, destaca, em artigo enviado ao Estadão, que o momento de Bolsonaro, "derretendo em alguns aspectos que impactam na eleição presidencial", é ruim. Dessa forma, "o PT sabe que uma de suas estratégias vencedoras é esperar o País derreter para apresentar uma solução milagrosa". Por outro lado, o governo Dilma Rousseff e seu governo desastroso seriam uma "herança maldita" que o partido teria de explicar em uma disputa contra o presidente.

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China, Rússia e Irã pediram nesta sexta-feira, 14, o fim das sanções dos EUA contra Teerã e a retomada das negociações nucleares. A reunião ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter enviado uma carta ao líder supremo iraniano na tentativa de reabrir o diálogo, enquanto impunha novas sanções ao país.

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Apesar de o Irã afirmar que não negociará sob pressão, suas autoridades enviam sinais contraditórios. O aiatolá Ali Khamenei já ironizou Trump, chamando seu governo de "opressor", mas o país enfrenta dificuldades econômicas devido às sanções e instabilidade política causada por protestos.

China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, participaram do acordo nuclear de 2015 ao lado de França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia. Os EUA saíram do pacto em 2018, intensificando as tensões no Oriente Médio.

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Pequim e Moscou mantêm relações estreitas com Teerã, sobretudo em acordos energéticos. O Irã também fornece drones à Rússia para a guerra na Ucrânia. Além disso, os três países compartilham o interesse em enfraquecer a influência dos EUA e das democracias liberais no cenário global. Fonte: Associated Press.

Dois juízes federais dos Estados Unidos proferiram decisões na quinta-feira, 13, exigindo que a administração do presidente Donald Trump recontrate milhares de trabalhadores do governo que haviam sido desligados após processos de demissões em massa. A avaliação dos juízes é que as demissões de funcionários que estavam em período probatório desrespeitaram a legislação.

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Pelo menos 24 mil funcionários em estágio probatório foram demitidos desde que Trump assumiu o cargo, no dia 20 de janeiro, de acordo com a decisão de Bredar. O governo não confirma o número de dispensas.

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