Na CPI do Pancadão, vereadores investigam bailes funk nas periferias de SP

Política
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A Câmara Municipal de São Paulo instaurou nesta terça-feira, 13, a primeira Comissão Parlamentar de Inquérito de 2025, a CPI do Pancadão, que irá investigar possíveis omissões de órgãos públicos na fiscalização da perturbação do sossego gerada por festas clandestinas na cidade. A proposta, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), foi aprovada em plenário no dia 15 de abril.

Segundo Rubinho Nunes, a CPI foi apresentada por conta do grande número de reclamações de perturbação de sossego recebidas em seu gabinete. O vereador justificou que essas reclamações estão atreladas a festas promovidas pelo tráfico de drogas e crime organizado: "um verdadeiro inferno se estabelece naqueles locais".

Em publicação em suas redes sociais, Rubinho Nunes escreve: "Protocolei a Comissão Parlamentar de Inquérito pra investigar todos os responsáveis por essas 'festas' ilegais, um a um! Os moradores terão paz nas comunidades".

Além de Nunes, a reunião de instalação da CPI contou com a presença do vice-presidente da comissão, vereador Kenji Ito (Podemos), e os vereadores Lucas Pavanato (PL), Luna Zarattini (PT), Marcelo Messias (MDB) e Sargento Nantes (PP).

Kneji Ito afirmou durante a reunião que a comissão não é contra o entretenimento da comunidade ou do trabalhador que quer se divertir, mas sim contra a forma como as festas são promovidas, na irregularidade.

"Essa comissão vai servir exatamente para a gente conseguir coibir esses pancadões irregulares que acabam tirando o sossego do trabalhador na cidade de São Paulo", pontuou Ito.

Líder do PT manifesta preocupação com CPI

A vereadora Luna Zarattini, líder do PT na Câmara, representou o partido na reunião de instalação e levantou preocupações em relação ao foco das investigações. Ela acredita que a CPI precisa buscar soluções dentro das políticas do poder público, e teme que o processo acabe em perseguição dos moradores das periferias de São Paulo.

"O que eu ouvi aqui, dos vereadores, foi uma fiscalização, na verdade, de uma atuação da polícia. E não cabe a nós uma fiscalização sobre a Polícia Militar, sobre a atuação da Guarda Civil Metropolitana. O que cabe a nós é fiscalização de políticas públicas e do poder público", afirmou a vereadora.

Aprovada como a quarta CPI do ano, a comissão será a primeira a sair do papel nesta gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Até o momento, sua instalação estava travada por um impasse político entre base e oposição.

No início de abril, a Câmara aprovou duas outras CPIs - uma para apurar as enchentes recorrentes no Jardim Pantanal, na zona leste, e outra para investigar possíveis fraudes no programa de Habitação de Interesse Social (HIS) -, mas nenhuma delas foi instalada porque os partidos da base não indicaram seus representantes.

Diante da inércia, a oposição recorreu à Justiça para forçar o presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União Brasil), a nomear os membros por ofício. Ele afirmou que só cumpriria a medida mediante decisão judicial, mas o processo ainda aguarda julgamento. Enquanto isso, a base articulou a aprovação de CPIs mais alinhadas ao governo, como a dos Pancadões e a das Íris.

Em resposta, a oposição passou a travar essas novas comissões, também se recusando a indicar seus representantes. Para contornar o impasse, Leite decidiu nomear por conta própria os vereadores que compõe a investigação, o que viabilizou a instalação da CPI dos Pancadões.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quarta, 14, um decreto nomeando a delegação encarregada das negociações de cessar-fogo com a Ucrânia, previstas para esta quinta, 15, na Turquia. O documento, no entanto, não esclarece se o líder russo participará ou não das conversas em Ancara.

Segundo o Kremlin, o chefe da delegação será Vladimir Medinski, assistente de Putin. Também integram a comitiva russa Mikhail Galuzin, vice-ministro das Relações Exteriores; Igor Kostiukov, chefe da Direção Principal do Estado-Maior das Forças Armadas; e Aleksandr Fomin, vice-ministro da Defesa.

A "comissão de especialistas" designada por Putin inclui Aleksei Zorin, primeiro vice-chefe da Direção de Informação do Estado-Maior; Elena Podobreyevskaya, vice-chefe do Departamento de Política Estatal na Esfera Humanitária da Presidência; Aleksei Polishchuk, diretor do Segundo Departamento da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) do Ministério das Relações Exteriores; e Vladimir Shevtsov, vice-chefe da Direção Principal de Cooperação Militar Internacional do Ministério da Defesa.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 14, novas sanções contra seis indivíduos e 12 entidades por envolvimento em "esforços para ajudar o regime iraniano a produzir internamente materiais críticos" para seu programa de mísseis balísticos. Segundo o comunicado oficial, os alvos apoiam suborganizações da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) envolvidas no desenvolvimento de fibras de carbono usadas na fabricação de mísseis intercontinentais.

"O regime iraniano busca, de forma implacável e irresponsável, avançar em sua capacidade balística", afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent. "Os Estados Unidos não podem permitir que o Irã desenvolva mísseis balísticos intercontinentais."

Entre os alvos estão a empresa iraniana Advanced Fiber Development Company (AFDCO) e seu controlador, Mohammad Rezai, que atua em nome da já sancionada Kish Mechatronics. A AFDCO, segundo o Tesouro, fornece fibra de carbono à IRGC e tenta obter equipamentos industriais sensíveis para essa produção.

O Tesouro destacou ainda a atuação de Hamed Dehghan, diretor da AFDCO e da empresa PKGB, também já sancionada. Dehghan estaria coordenando a compra de motores e componentes aplicáveis a mísseis. Já a empresa chinesa Shanghai Tanchain é acusada de ter exportado, desde o início de 2024, "grandes quantidades" de fibra de carbono ao Irã, por meio da empresa iraniana NSMI.

Vários executivos e empresas da China e de Hong Kong foram incluídos na nova rodada de sanções por atuarem direta ou indiretamente em nome da Shanghai Tanchain, incluindo Wang Chao, proprietária da Super Sources e sócia majoritária da Reso Trading, ambas responsáveis por exportações sensíveis ao Irã.

Os países do Brics formalizaram nesta quarta-feira, 14, a criação de um instituto permanente voltado à sustentabilidade e integração da infraestrutura de transportes. A decisão foi oficializada em carta ministerial ao final da reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Transportes. O novo órgão, nomeado como Instituto Brics para Transporte Sustentável, Mobilidade e Logística (BISTML, na sigla em inglês), terá agendas coletivas com todos os membros do bloco.

De acordo com a carta ministerial, o BISTML terá como objetivo "enfrentar os desafios de infraestrutura com soluções inovadoras e integradas, com foco em sistemas de transporte resilientes ao clima, tecnologias limpas e práticas ambientais". Os países também se comprometeram a compartilhar experiências e boas práticas, além de elaborar relatórios técnicos sobre integração de infraestrutura e adaptação climática.

A carta ressalta ainda que os membros se opõem a medidas unilaterais que possam gerar distorções de mercado ou restringir o acesso a tecnologias essenciais à segurança e eficiência no setor. Foi reafirmado o compromisso de respeitar a soberania e as capacidades nacionais de cada Estado-membro, além da rejeição ao protecionismo comercial no setor de transporte e logística.

Em entrevista coletiva, o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, disse que os diálogos estão em curso a partir de experiências concretas. Ele destacou que, mesmo sem tratar diretamente de projetos específicos como a Ferrogrão, polêmico por possíveis impactos ambientais, o debate entre os países tem como pilar a sustentabilidade.

Benevides citou ações já em curso no Brasil, como a inclusão de cláusulas de sustentabilidade nos contratos de conservação junto a concessões de rodovias e ferrovias. Segundo ele, essas cláusulas preveem recursos específicos para transição energética, adaptação da infraestrutura e medidas voltadas a comunidades impactadas. "Hoje, os leilões modelados pela ANTT já trazem compromissos de escuta social e previsão de neutralização de emissões na fase de implantação dos empreendimentos", disse.

A carta do GT também formalizou o apoio à criação da Aliança Internacional de Logística do Brics, prevista para funcionar junto ao grupo de trabalho. A proposta é reunir setor público e privado para promover conectividade, resposta a emergências e resiliência climática. Os países endossaram a coordenação com o Conselho Empresarial do Brics para garantir sinergia entre iniciativas governamentais e empresariais.

A presidência brasileira foi elogiada pelo grupo pela condução dos trabalhos e, ao fim da carta, os membros manifestaram expectativa de continuidade da agenda sob a presidência indiana em 2026.