MPF recomenda manter afastamento de governador do Tocantins por suspeita de lavagem de dinheiro

Política
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O Ministério Público Federal (MPF) manifestou-se contra a concessão de habeas corpus para o governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Ele é investigado por um suposto esquema de desvio de recursos públicos e pagamento de propinas em contratos firmados durante e após a pandemia de Covid-19.

No parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a subprocuradora-geral da República Maria Caetana Cintra Santos destacou que Barbosa teria transformado a máquina estadual em um "verdadeiro balcão de negócios", exigindo altas "taxas de retorno" em contratos custeados com dinheiro público, especialmente no fornecimento de cestas básicas.

Segundo a Polícia Federal, mais de R$ 97 milhões foram pagos em contratos de cestas básicas e frangos congelados, com prejuízo superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos. O desvio teria sido ocultado na construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais.

As investigações também apontam que parte dos valores desviados foi utilizada para o pagamento de despesas pessoais e a construção de um empreendimento de luxo em Taquaruçu, a chamada Pousada Pedra Canga, registrada em nome dos filhos do governador. Há ainda registros de depósitos em espécie, boletos quitados e movimentações financeiras feitas por assessores diretos e operadores ligados ao chefe do Executivo.

"Ao final, como já dito, em consonância com a expressiva quantia de dinheiro em espécie apreendida no gabinete do governador, a indicar a franca continuidade do esquema delitivo, de maneira atual, e com estrita relação com o cargo atualmente desempenhado por WANDERLEI BARBOSA CASTRO, a autoridade policial apresentou complementação à representação inicial, comprovando a canalização de parte substancial do dinheiro desviado para um empreendimento de luxo na serra de Taquaruçu, denominada POUSADA PEDRA CANGA, colocada em nome de seus filhos, em uma clara situação de lavagem de capitais na modalidade dissimulação", descreve trecho da decisão contra pedido de habeas corpus.

Apesar disso, a defesa do governador argumenta que as medidas cautelares imposta, como o afastamento para o 180 dias e a proibição de frequentar prédios públicos do Tocantins , foram implantadas são genéricas e com base em fatos anteriores ao seu mandato. A Procuradoria, no entanto, argumenta que há indícios contemporâneos de continuidade delitiva, inclusive com negociações recentes para novos contratos.

A PGR disse que é contra o pedido da defesa. Agora, o processo está nas mãos do ministro Edson Fachin, que pode decidir sozinho ou levar o caso para ser julgado junto com os outros ministros da Segunda Turma do STF.

Se a posição do MPF prevalecer, Barbosa seguirá afastado do governo enquanto avançam as investigações que apuram crimes de corrupção, peculato, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

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Em coletiva, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou que, se a Rússia realmente estivesse interessada em acabar com o conflito com a Ucrânia, o país teria aceitado o cessar-fogo incondicional que já estava em andamento.

Kallas avaliou os ataques russos de quarta-feira, 19, que mataram 26 civis ucranianos, como brutal. Na sua visão, a Rússia nunca se comprometeu de verdade com a paz e por isso, a pressão dos demais países devem ser focadas no agressor, e não na vítima.

Diante desse cenário, ela destaca que as sanções contra a Rússia são importantes. Um exemplo desse efeito está no comércio entre as nações, uma vez que a exportação do petróleo russo foi a mais baixa dos últimos meses.

As sanções são também, segundo Kallas, uma forma de responder ao terrorismo de estado praticado pela Rússia. Além disso, essa é uma forma de mostrar ao país que "o tempo não está ao seu lado" e que "apoiar a Ucrânia é uma barganha comparado ao custo da vitória russa".

Kallas chamou a atenção também para o conflito em Gaza e disse que a paz depende de parceiros internacionais. Segundo ela, ministros discutem opções de expansão de monitoramento nas fronteiras e o treinamento da polícia palestina.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, minimizou os efeitos econômicos do recente shutdown parcial recorde do governo, embora admita algum impacto. Segundo ele, a paralisação não ajudou e "pôs um pouco o pé no freio em todas as ótimas notícias econômicas", mas vai causar um pouco de risco que, "no fim, será algo muito, muito pequeno".

Em evento organizado pelo Breitbart em Washington nesta quinta-feira, Vance comemorou o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta manhã, que, segundo ele, "mostra que as políticas econômicas de Trump estão funcionando", com criação de 119 mil vagas em setembro, acima do esperado por analistas. A taxa de desemprego, no entanto, subiu para 4,4% no comparativo mensal.

Vance afirmou que os salários continuam a crescer "muito acima da inflação" e disse que, sob o ex-presidente Joe Biden, o trabalhador médio "perdeu cerca de US$ 3 mil" em renda, enquanto o novo governo já teria elevado o ganho anual em US$ 1,2 mil.

O vice-presidente destacou ainda que a geração de vagas tem beneficiado "cidadãos americanos natos", ao contrário do que atribuiu ao governo anterior, quando, segundo ele, quase todo o crescimento líquido do emprego foi para estrangeiros, inclusive imigrantes em situação irregular.

O aliado de Donald Trump pediu "um pouco de paciência" aos eleitores que ainda sentem o custo de vida alto e argumentou que levará tempo para reverter o que chamou de "danos" provocados pela gestão Biden, citando excesso de regulação, impostos e dependência de trabalhadores e cadeias produtivas no exterior.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar ao presidente dos Estados Unidos, país sem delegação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele apenas respondeu: "Estamos esperando por você".

Guterres também disse não ser o momento de falar sobre eventual derrota na COP30, ao ser questionado sobre travas no avanço das negociações. Outra mensagem dele, em coletiva de imprensa, foi reforçar ser essencial a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países que ainda não anunciaram suas novas metas.

Até a última atualização eram 118 NDCs entregues. Atualmente, 198 países participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) , o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).

Em outro tema, o secretário-geral das Nações Unidas reforçou há pouco que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma "necessidade", repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. Ele expressou também apoio a definição de como se dará esse processo:

"Saúdo os pedidos por um mecanismo de transição justa e a crescente coligação pedindo clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis. E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa que esteja alinhada com um mundo com aquecimento limitado a 1,5 graus", declarou.

A fala está alinhada ao posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Cúpula dos Líderes, que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Lula defendeu a superação da dependência dos combustíveis fósseis e, desde então, foi especulado nos corredores um possível "plano de Lula" para tal objetivo.

Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O "como fazer" ou a definição do "mapa do caminho" é o que ainda está pendente. O tema divide as delegações e, se houver avanço, será considerado uma das vitórias da Conferência em Belém (PA).

Assim como para um caminho concreto para transição para longe dos fósseis, Guterres destacou que é necessário um "caminho crível para realizar a meta financeira de Baku". Ele se refere à necessidade de investimento de US$ 1,3 trilhão em soluções para as mudanças climáticas, definida na COP29 na capital do Azerbaijão.

"Todos países desenvolvidos mobilizando pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 e traçando uma rota para alcançarmos o US$ 1,3 trilhão por ano até 2035", afirmou Guterres.