PT indica mote da campanha de Lula em propaganda cheia de verde-amarelo e discurso de soberania

Política
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O PT vai vestir as cores da Bandeira do Brasil e "desavermelhar" sua imagem, ainda que de forma suave. Na segunda leva de inserções do partido na TV, prevista para outubro, os petistas aproveitarão a reviravolta política dos últimos dias e a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 80.ª Assembleia-Geral da ONU para resgatar o verde e amarelo.

"As manifestações de rua em protesto ao projeto da anistia e à PEC da Blindagem, além das articulações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, contra o Brasil, tiraram da extrema-direita o monopólio dos símbolos nacionais", disse o novo secretário de Comunicação do PT, Éden Valadares.

Na prática, a propaganda do partido começa a indicar a linha da campanha de Lula à reeleição, em 2026. Desta vez, os comerciais ficaram a cargo da agência Leiaute, que já foi comandada pelo publicitário Sidônio Palmeira, hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Sidônio assinou os programas eleitorais da campanha petista em 2022 e deverá ter a mesma tarefa no ano que vem.

A imagem da enorme Bandeira do Brasil estendida na Avenida Paulista durante a manifestação do domingo 21, em contraponto à dos Estados Unidos - aberta por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, no ato de 7 de Setembro -, também aparecerá nas inserções do PT.

"Quando eu vi aquela bandeira dos EUA no 7 de Setembro, achei que fosse montagem. Como é que pode?", indagou Valadares. "Não poderíamos perder isso. Nosso programa terá muito verde, amarelo, azul e branco. Vamos mostrar as cores e as caras do Brasil, com a Amazônia, o sertão, os pampas e os grandes centros urbanos", completou o secretário de Comunicação do PT.

O destaque dos filmes será Lula na ONU dez dias depois da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Assuntos como a morte da proposta de emenda à Constituição que impedia a abertura de processos criminais contra parlamentares, sem autorização do Congresso, entrarão nas inserções comerciais de forma genérica.

Na Câmara, 12 deputados do PT chegaram a se posicionar a favor da PEC da Blindagem e oito aprovaram a manobra para que houvesse voto secreto nas sessões destinadas a autorizar processos criminais contra parlamentares.

O episódio abriu uma crise no PT, que resolveu enquadrar suas bancadas no Congresso. Antes mesmo de a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado derrubar a proposta, que ficou conhecida como "PEC da Bandidagem", o partido divulgou uma resolução política, seguindo orientação de Lula, contra "qualquer redução de pena para quem planejou golpe de Estado e tentativa de assassinato do presidente da República, vice-presidente e presidente do Tribunal Superior Eleitoral".

O documento também determinava que os senadores do partido rejeitassem a PEC "que reestabelece as prerrogativas parlamentares". A proposta não foi chamada ali de "PEC da Blindagem" ou "da Bandidagem", fato que provocou críticas da esquerda petista.

Na primeira leva de comerciais na TV, que já está no ar, o PT deu destaque às mulheres com jornada dupla - aquelas que trabalham e cuidam dos filhos - para defender uma das propostas do governo: o fim da escala 6 por 1. "Nós saímos das palavras de ordem para os vídeos com emoção", observou Valadares.

As últimas inserções autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devem ocorrer no fim de outubro e mostrarão as bandeiras do PT e do governo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação BBB (bilionários, bancos e bets).

A estratégia em curso, que também será usada na campanha de 2026, consiste em substituir o "nós contra eles" pelo conceito de "justiça tributária".

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O presidente dos EUA, Donald Trump, e o Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, finalizaram uma série de acordos para aprofundar a parceria estratégica entre os países, segundo comunicado da Casa Branca desta terça-feira, 18.

Mohammed bin Salman prometeu que a Arábia Saudita aumentará seus compromissos de investimento nos EUA para quase US$ 1 trilhão. No âmbito de defesa, Trump aprovou um grande pacote de futuras entregas de jatos F-35 e garantiu que a Arábia Saudita comprará quase 300 tanques americanos, disse a Casa Branca.

"As principais conquistas incluem ainda o Acordo de Cooperação Nuclear Civil, avanços na cooperação em minerais críticos e um Memorando de Entendimento sobre Inteligência Artificial - todos os quais destacam o compromisso dos Estados Unidos em garantir acordos que beneficiem diretamente o povo americano", acrescentou o governo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 18, que a regulamentação excessiva de inteligência artificial por estados americanos está ameaçando minar esse "grande motor de crescimento".

"Alguns estados estão até tentando incorporar a ideologia de diversidade em modelos de IA", escreveu ele na rede Truth. "Devemos ter um padrão federal único em vez de um mosaico de 50 regimes regulatórios estaduais. Se não o fizermos, a China nos alcançará facilmente na corrida pela IA", acrescentou.

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira, 18, por unanimidade, um projeto de lei que obriga as autoridades a tornar públicos arquivos do caso do falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, horas depois de a proposta ter passado pela Câmara dos Representantes.

Os senadores utilizaram um procedimento especial para que o texto fosse considerado aprovado de forma automática, sem debates e sem emendas. A proposta de lei será enviada ao gabinete de Donald Trump para sua promulgação.

O presidente americano está preparado para assinar o projeto de lei sobre os arquivos de Epstein assim que ele chegar à sua mesa, disse um funcionário da Casa Branca.

Jeffrey Epstein era um magnata e criminoso sexual que se suicidou em sua cela em agosto de 2019, antes de enfrentar um julgamento federal por uma série de escândalos ligados à sua rede de menores de idade abusadas sexualmente por ele e alguns de seus convidados, em muitos casos personalidades mundiais.

A lei aprovada pelo Congresso dos EUA obriga o Departamento de Justiça a publicar documentos não confidenciais da investigação sobre o financista e sua morte na prisão.

A medida foi tomada depois que os democratas, acompanhados por um pequeno grupo de dissidentes republicanos, conseguiram levar a legislação à votação na Câmara, apesar da veemente oposição de Trump e dos líderes do Partido Republicano. Isso refletiu como o caso Epstein e a forma como o presidente lidou fragmentaram a coalizão política de Trump e sugeriram uma fragilidade em seu controle absoluto sobre o partido.

A moção para levar o projeto ao plenário ficou parada por meses na Câmara e precisava de mais uma assinatura para avançar. O destino do projeto mudou na semana passada depois da reabertura do governo federal, que possibilitou a posse da deputada Adelia Grijalva. A democrata deu a última assinatura à moção.

Em paralelo, a divulgação de e-mails de Epstein obtidos por meio de liminar pelo Comitê de Supervisão da Câmara, também na semana passada, aumentou a pressão sobre Trump e os republicanos.

Nos mais de 20 mil arquivos, o presidente é citado mais de 1,6 mil vezes, e em alguns e-mails Epstein diz que Trump sabia de seus crimes e passou horas com uma das vítimas. O republicano nega qualquer conduta criminosa e considera o assunto uma "farsa".

Na segunda-feira, Trump disse que assinaria o projeto de lei se ele fosse aprovado por ambas as casas do Congresso, acrescentando: "Deixem o Senado analisá-lo".

A votação desta terça reforça as exigências para que o Departamento de Justiça divulgue os arquivos do caso de Epstein, um empresário influente que se suicidou em uma prisão de Manhattan enquanto aguardava julgamento em 2019, acusado de abuso sexual e tráfico de menores.

Trump muda de posição

Trump afirmou ter rompido relações com Epstein há anos, mas tentou durante meses contornar as pressões pela divulgação dos documentos. Na segunda-feira, ele disse a repórteres que Epstein tinha ligações mais com democratas e que não queria que os arquivos de Epstein "prejudicassem o grande sucesso do Partido Republicano".

Ainda assim, muitos na base republicana continuam a exigir a divulgação dos arquivos. Para aumentar essa pressão, várias sobreviventes dos abusos de Epstein comparecerão ao Capitólio nesta terça para pressionar pela divulgação dos arquivos. Elas também se reuniram com Johnson e protestaram em frente ao Capitólio em setembro, mas tiveram que esperar dois meses pela votação.

Isso porque Johnson manteve a Câmara fechada para atividades legislativas por quase dois meses e também se recusou a empossar a deputada democrata Adelita Grijalva, do Arizona, durante a paralisação do governo.

Após vencer uma eleição suplementar em 23 de setembro, Grijalva havia prometido fornecer o voto crucial de número 218 para a petição referente ao projeto de lei sobre os arquivos de Epstein. Mas somente depois de tomar posse na semana passada ela pôde assinar a petição de desobstrução, garantindo a maioria necessária na Câmara, composta por 435 membros.

Rapidamente ficou evidente que o projeto de lei seria aprovado, e tanto Johnson quanto Trump começaram a ceder. No domingo, Trump disse que os republicanos deveriam votar a favor do projeto.

O deputado Thomas Massie, republicano do Kentucky e autor do projeto de lei juntamente com o deputado democrata Ro Khanna, disse que Trump "cansou de me ver ganhar. Ele queria se juntar a nós."

Mesmo com todos votando a favor da divulgação dos arquivos, os líderes republicanos descartaram a medida como uma "votação política para inglês ver", orquestrada por democratas que apenas fingiam interesse no caso Epstein na esperança de prejudicar politicamente Trump. E embora o presidente tenha afirmado que sancionaria o projeto de lei caso chegasse à sua mesa, seus defensores questionaram se o Departamento de Justiça de fato divulgaria os arquivos.

*Com informações de agências internacionais.