Vaga na AGU terá disputa de apadrinhamentos de candidatos e mulheres entre favoritas

Política
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A oficialização da saída de Jorge Messias do comando da Advocacia-Geral da União (AGU) como indicado para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) intensificou, de imediato, uma disputa que ocorria há meses nos bastidores pela sua sucessão na pasta, que é responsável por defender os interesses do governo federal na Justiça. Messias ainda precisa passar por uma sabatina sem data marcada e ser aprovado pelo Senado Federal para se tornar ministro do Supremo.

Como mostrou o Estadão, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que uma mulher deve ser nomeada para ocupar o lugar de Messias na AGU. A decisão do petista seria uma espécie de "medida compensatória" por ter virado as costas para as demandas da sua base nos movimentos negro e feminista que cobravam a indicação de uma mulher, preferencialmente negra, para o STF.

Diante do desgaste de Lula entre seus apoiadores, três servidoras de carreira da AGU, com cargos de destaque na cúpula da pasta, despontam como favoritas: a secretária-geral de Contencioso, Isadora de Arruda, a procuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize de Almeida, e a procuradora-geral Federal, Adriana Veturini.

Arruda desponta como uma das favoritas para a vaga por contar com o apoio de Messias. Outra que tem um padrinho de peso na disputa é Almeida, que tem a predileção do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Já Venturini é vista como uma candidata que "corre por fora", sem apadrinhamentos expressivos, assim como a procuradora-geral da União, Clarice Calixto.

Porém, mesmo com as demandas por mais mulheres no governo e apadrinhamentos relevantes a essas candidatas, alguns homens possuem "candidaturas" igualmente competitivas nessa disputa. É o caso do secretário executivo adjunto do Ministério da Educação, Rodolfo Cabral, um procurador de carreira na AGU que conta com o apoio do ministro Camilo Santana.

No bastidores é dito que uma vantagem de Cabral é contar com apoio do PT e de outros setores do governo não restritos à área jurídica. Além dele, o nome do advogado-geral da União substituto Flávio Roman também circula nos bastidores. Ele, no entanto, contaria apenas com apoio de Messias, sem muito trânsito na área política.

Nessa corrida disputada pela AGU, há ainda mais um nome de peso: o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho.

O envolvimento de tantos ministros na definição do substituto de Messias ocorre porque a AGU é um cargo de extrema confiança do presidente da República pelo potencial de gerar ganhos financeiros ao governo e marcar posição em questões jurídicas relevantes. Além disso, o chefe da AGU é sempre um nome forte para ser indicado o STF, como ocorreu com André Mendonça, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e agora com o próprio Messias.

Caso seja reeleito no ano que vem, Lula poderá indicar mais três ministros para o STF, o que torna o próximo AGU um candidato natural para uma das três vagas, ainda mais com o Ministério da Justiça sendo ocupado atualmente por um ex-ministro da Suprema Corte que não pode retornar ao cargo.

Outro fator que pesa a favor da pessoa que comanda AGU é integrar a equipe que Lula consulta para tomar decisões na área jurídica. O chefe da pasta é sempre consultado para definir indicações a tribunais, por exemplo. Atualmente não há mulheres na equipe que o presidente ouve antes de decidir sobre questões no mundo da Justiça.

Se uma mulher chegar ao topo da AGU, pode estreitar esses laços com Lula a ponto influenciá-lo a indicar mais mulheres a Corte superiores e ainda trilhar ela própria um caminho para ser ministra do STF.

A gestão de Messias abriu espaço para mulheres nos postos de comando. Adriana Venturini atuou na ação que ficou conhecida como "revisão da vida toda". O julgamento no STF resultou em economia relevante aos cofres públicos. No ano passado, foi indicada como membro da Corte Permanente de Arbitragem (CPA), órgão com atribuição de adotar soluções para conflitos entre Estados.

Anelize Almeida tem se destacado com a atuação da PGFN no Supremo. Neste ano, um dos julgamentos que gerou economia à União foi o que fixou um teto para dedução de gastos com educação no Imposto de Renda de Pessoa Física. O tribunal também deu ganho de causa à Fazenda quando considerou constitucional a inclusão do PIS e da Cofins na base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB).

Em seu terceiro mandato, Lula priorizou homens de sua confiança no STF, sem explicar os critérios que fariam dessas figuras confiáveis, e indicou mulheres para alguns cargos em tribunais superiores e em Corte de segunda instância.

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Em coletiva, a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou que, se a Rússia realmente estivesse interessada em acabar com o conflito com a Ucrânia, o país teria aceitado o cessar-fogo incondicional que já estava em andamento.

Kallas avaliou os ataques russos de quarta-feira, 19, que mataram 26 civis ucranianos, como brutal. Na sua visão, a Rússia nunca se comprometeu de verdade com a paz e por isso, a pressão dos demais países devem ser focadas no agressor, e não na vítima.

Diante desse cenário, ela destaca que as sanções contra a Rússia são importantes. Um exemplo desse efeito está no comércio entre as nações, uma vez que a exportação do petróleo russo foi a mais baixa dos últimos meses.

As sanções são também, segundo Kallas, uma forma de responder ao terrorismo de estado praticado pela Rússia. Além disso, essa é uma forma de mostrar ao país que "o tempo não está ao seu lado" e que "apoiar a Ucrânia é uma barganha comparado ao custo da vitória russa".

Kallas chamou a atenção também para o conflito em Gaza e disse que a paz depende de parceiros internacionais. Segundo ela, ministros discutem opções de expansão de monitoramento nas fronteiras e o treinamento da polícia palestina.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, minimizou os efeitos econômicos do recente shutdown parcial recorde do governo, embora admita algum impacto. Segundo ele, a paralisação não ajudou e "pôs um pouco o pé no freio em todas as ótimas notícias econômicas", mas vai causar um pouco de risco que, "no fim, será algo muito, muito pequeno".

Em evento organizado pelo Breitbart em Washington nesta quinta-feira, Vance comemorou o relatório de empregos (payroll) divulgado nesta manhã, que, segundo ele, "mostra que as políticas econômicas de Trump estão funcionando", com criação de 119 mil vagas em setembro, acima do esperado por analistas. A taxa de desemprego, no entanto, subiu para 4,4% no comparativo mensal.

Vance afirmou que os salários continuam a crescer "muito acima da inflação" e disse que, sob o ex-presidente Joe Biden, o trabalhador médio "perdeu cerca de US$ 3 mil" em renda, enquanto o novo governo já teria elevado o ganho anual em US$ 1,2 mil.

O vice-presidente destacou ainda que a geração de vagas tem beneficiado "cidadãos americanos natos", ao contrário do que atribuiu ao governo anterior, quando, segundo ele, quase todo o crescimento líquido do emprego foi para estrangeiros, inclusive imigrantes em situação irregular.

O aliado de Donald Trump pediu "um pouco de paciência" aos eleitores que ainda sentem o custo de vida alto e argumentou que levará tempo para reverter o que chamou de "danos" provocados pela gestão Biden, citando excesso de regulação, impostos e dependência de trabalhadores e cadeias produtivas no exterior.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar ao presidente dos Estados Unidos, país sem delegação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele apenas respondeu: "Estamos esperando por você".

Guterres também disse não ser o momento de falar sobre eventual derrota na COP30, ao ser questionado sobre travas no avanço das negociações. Outra mensagem dele, em coletiva de imprensa, foi reforçar ser essencial a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países que ainda não anunciaram suas novas metas.

Até a última atualização eram 118 NDCs entregues. Atualmente, 198 países participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) , o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).

Em outro tema, o secretário-geral das Nações Unidas reforçou há pouco que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma "necessidade", repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. Ele expressou também apoio a definição de como se dará esse processo:

"Saúdo os pedidos por um mecanismo de transição justa e a crescente coligação pedindo clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis. E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa que esteja alinhada com um mundo com aquecimento limitado a 1,5 graus", declarou.

A fala está alinhada ao posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Cúpula dos Líderes, que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Lula defendeu a superação da dependência dos combustíveis fósseis e, desde então, foi especulado nos corredores um possível "plano de Lula" para tal objetivo.

Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O "como fazer" ou a definição do "mapa do caminho" é o que ainda está pendente. O tema divide as delegações e, se houver avanço, será considerado uma das vitórias da Conferência em Belém (PA).

Assim como para um caminho concreto para transição para longe dos fósseis, Guterres destacou que é necessário um "caminho crível para realizar a meta financeira de Baku". Ele se refere à necessidade de investimento de US$ 1,3 trilhão em soluções para as mudanças climáticas, definida na COP29 na capital do Azerbaijão.

"Todos países desenvolvidos mobilizando pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 e traçando uma rota para alcançarmos o US$ 1,3 trilhão por ano até 2035", afirmou Guterres.