'Vou atrás do pino para não deixar a granada explodir', diz relator sobre indicação de Messias

Política
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O relator da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Weverton Rocha (PDT-MA), afirmou nesta quinta-feira, 27, que vai trabalhar para desanuviar o clima no Senado para facilitar a vida do escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Advogado-geral da União, Messias enfrenta uma insatisfação de parte do Senado pela recusa de Lula em acolher a indicação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), para a vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. O presidente rechaçou a sugestão pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Mais cedo, Weverton afirmou ao jornal O Globo, antes de uma reunião com Messias em seu gabinete, que "jogaram uma granada sem pino" no colo dele, em tom de brincadeira. Depois do encontro, que durou cerca de uma hora e meia, ele afirmou ter se referido à dificuldade da tarefa.

"Quando eu disse que jogaram uma granada sem pino, eu percebi que há um movimento forte... que não vai ser fácil. As últimas indicações não foram fáceis. Se pegarem (de exemplo) André Mendonça e Flávio Dino, eles passaram com poucos votos de diferença (na votação no Senado). O PGR, a mesma coisa", declarou Weverton, referindo-se ao procurador-geral da República, cuja nomeação ou recondução também depende de aprovação no Senado.

"Agora vou atrás do pino para não deixar essa granada explodir", disse em seguida. Ele voltou de uma viagem a Roma na noite de quarta-feira, 26, e disse que precisa se "inteirar" da situação, conversar com Alcolumbre e, depois, procurar os demais líderes do Senado.

Weverton afirmou ter ficado "honrado" com a missão de relatar a indicação, mas que ela é difícil "até pelo clima". Como mostrou o Estadão, Alcolumbre não atendeu nem retornou às ligações de Messias desde que foi indicado por Lula - num gesto que foi lido tanto como indelicadeza como quanto um sinal de que o senador vai trabalhar para dificultar a vida do AGU.

"Estamos num ano que está praticamente em calendário eleitoral. Com isso, acaba repercutindo em muitos movimentos. Cada momento aqui do Congresso tem que ser devidamente respeitado. Vou entender como está o ambiente da Casa e vamos trabalhar, preparar meu relatório e levar para a comissão, conversar com meus colegas", disse ele.

Na quarta-feira, quando começou o périplo por gabinetes do Senado para conversar com os responsáveis por sua eventual aprovação, Messias disse a jornalistas que esperava ser atendido por Alcolumbre em algum momento, e que trabalhava para isso.

A sabatina foi marcada para 10 de dezembro por Alcolumbre. O prazo é considerado curto, uma vez que Messias precisa reunir 41 votos favoráveis entre os 81 senadores para ser aprovado em plenário.

Levantamento realizado pelo Estadão em consulta aos 27 membros da CCJ mostra que Messias não começa com vantagem na disputa. O placar da terça-feira, 25, contabiliza seis votos contrários ao ministro no STF, cinco favoráveis e quatro indecisos. Outros dois senadores não quiseram responder e dez não retornaram. O placar será atualizado sempre que novas respostas surgirem.

O que intriga senadores é que Lula ainda não formalizou em mensagem a indicação de seu AGU, o que pode atrasar a sabatina - e favorecer a missão de Messias. A ala governista diz acreditar que, sem essa formalidade, a sabatina não pode ocorrer.

Para uma ala mais próxima a Alcolumbre, no entanto, a oficialização da indicação, assinada por Lula e publicada em no Diário Oficial da União (DOU), já garante a realização da sabatina.

"Eu não sabia disso (da não formalização). Até onde eu sei, o DOU já é um comunicado, regimentalmente não tem mensagem para correr prazo, é na verdade pro forma. Não acho que o governo esteja tratando isso como estratégia, porque, se fosse, não devia nem publicar em DOU. Deveria primeiro organizar tudo e depois publicar", disse Weverton.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) e as autoridades ucranianas chegaram a um acordo preliminar ontem sobre um conjunto de políticas macroeconômicas para um novo arranjo de US$ 8,1 bilhões em 48 meses sob o Mecanismo de Financiamento Ampliado (EFF,a sigla em inglês).

Segundo comunicado divulgado na quarta-feira, a instituição mantém seu compromisso de engajamento com a Ucrânia, e um novo programa pode ser submetido ao Conselho Executivo para aprovação, após a conclusão das ações prévias. "O FMI acolhe todos os esforços para garantir uma paz duradoura, e o programa será recalibrado conforme necessário em cada revisão, dependendo do progresso em direção a uma resolução da guerra", acrescentou.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiha, pediu aos parceiros da União Europeia (UE) que aprovem uma decisão para usar ativos russos congelados, visando apoiar 140 bilhões de euros em empréstimos à Kiev.

"É importante para nós receber um resultado positivo em relação ao empréstimo de reparação, ou seja, o uso efetivo dos ativos russos congelados", disse Sybiha a repórteres, segundo a Reuters.

Em paralelo, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, anunciou nesta quinta que delegações de seu país e dos Estados Unidos se reunirão esta semana para avançar as negociações em Genebra, visando trazer paz e fornecer garantias de segurança para Kiev, também conforme a Reuters.

Um ataque a tiros em Washington, próximo à Casa Branca, deixou dois soldados da Guarda Nacional gravemente feridos na quarta-feira, 26. Um cidadão do Afeganistão é apontado como o principal suspeito do crime.

Pouco após o ataque, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que "o animal" responsável pelos disparos "pagará um preço muito alto". Veja a seguir o que se sabe sobre o ataque.

Quem é o suspeito?

A procuradora do Distrito de Columbia, Jeanine Pirro, afirmou que o atirador é o afegão Rahmanullah Lakanwal, de 29 anos. Ele chegou aos EUA em 2021, após a retirada das forças americanas do Afeganistão e o retorno do Taleban ao poder.

Lakanwal chegou ao país por meio de um programa conhecido como "Operação Aliados Bem-Vindos", desenvolvido em 2021, durante o governo de Joe Biden, para permitir a entrada de afegãos nos EUA com concessões de permanência temporária de dois anos, mas sem nenhum tipo de status de imigração permanente.

O suspeito morava na cidade de Bellingham, no estado de Washington, com a esposa e cinco filhos.

Como ocorreu o ataque?

Segundo Jeanine, Lakanwal cruzou os EUA de carro para chegar à capital americana. Câmeras de segurança registraram que o homem virou a esquina da rua onde os guardas estavam parados e começou a atirar.

Pelo menos um agente da Guarda Nacional revidou, de acordo com uma autoridade que teve a identidade preservada. O chefe assistente executivo do Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, Jeffery Carroll, no entanto, disse que não está claro se o agente que baleou o suspeito era integrante da Guarda Nacional ou de outra força de segurança pública.

Na sequência, os soldados correram na direção de Lakanwal e o imobilizaram.

Quem são as vítimas?

Os soldados da Guarda Nacional baleados foram identificados como a especialista Sarah Beckstrom, de 20 anos, e o sargento Andrew Wolfe, de 24. Eles estão internados em estado crítico.

A dupla faz parte da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, que enviou soldados para Washington para apoiar uma operação contra o crime deflagrada por Trump.

O governador da Virgínia Ocidental, Patrick Morrisey, chegou a dizer que ambos tinham morrido. No entanto, a informação foi corrigida. Morrisey afirmou que estava "recebendo informações conflitantes" e não deu mais detalhes sobre o caso.

O que aconteceu com o suspeito?

Após ser imobilizado durante o ataque, o suspeito está sob custódia. Trump chegou a dizer que ele estava gravemente ferido. No entanto, autoridades ouvidas pela Associated Press afirmaram que ele não corre risco de morte.

Como está a investigação?

O diretor do FBI, Kash Patel, disse nesta quinta-feira, 27, que o ataque é investigado como um ato de terrorismo. "Trata-se de uma investigação em curso por terrorismo", disse Patel em entrevista coletiva.

Até o momento, as autoridades acreditam que Lakanwal agiu sozinho.

O que Trump falou sobre o ataque?

Trump se referiu a Lakanwal como "animal" e disse que ele pagaria "um preço muito alto". "Deus abençoe nossa Grande Guarda Nacional e todas as nossas Forças Armadas e Órgãos de Aplicação da Lei. Essas são pessoas verdadeiramente ótimas", afirmou.

O republicano também determinou o envio de mais 500 soldados da Guarda Nacional para Washington, mas sem deixar claro de onde viriam essas tropas.

*Com informações das agências internacionais.

Em sua primeira viagem internacional, o papa Leão XIV fez um apelo pela paz e pediu ao presidente da Turquia, onde desembarcou nesta quinta-feira, 26, que desempenhe um papel "estabilizador" em um contexto mundial "fortemente conflituoso".

O pontífice chegou a Ancara pouco depois do meio-dia. Ele foi recebido no palácio presidencial pelo chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, com a execução dos hinos do Vaticano e da Turquia e salvas de canhão. "Senhor presidente [Erdogan], que a Turquia seja um fator de estabilidade e aproximação entre os povos, a serviço de uma paz justa e duradoura", afirmou o pontífice.

"Hoje, mais do que nunca, precisamos de pessoas que promovam o diálogo e o pratiquem com firmeza e paciência. Depois da época da construção das grandes organizações internacionais, que se seguiu às tragédias das duas guerras mundiais, estamos atravessando uma fase de grande conflito a nível global, em que prevalecem estratégias de poder econômico e militar", alimentando o que o papa Francisco chamou de "terceira guerra mundial em pedaços" - ou seja, aos poucos, de forma fragmentada.

A viagem ocorre em meio a tensões no Oriente Médio e forte atenção da mídia dos Estados Unidos, já que ele é o primeiro papa americano. Na Turquia, Leão participa das comemorações dos 1.700 anos do Concílio de Niceia, rezará com o patriarca ecumênico Bartolomeu e assinará uma declaração conjunta como gesto de unidade entre católicos e ortodoxos.

Ao chegar, o papa cruzou uma capital tomada pelas forças de segurança até o mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk (1881-1938), fundador da Turquia moderna e símbolo da República laica.

Nos últimos anos, o status laico do país tem sido questionado pelo aumento do nacionalismo religioso e pela politização de símbolos como a basílica de Santa Sofia, em Istambul, transformada em mesquita em 2020. Apesar disso, o Vaticano busca manter o diálogo com Ancara, que considera fundamental para a paz na região.

A Santa Sé reconhece o esforço feito pela Turquia para acolher em seu território mais de 2,5 milhões de refugiados, em sua grande maioria sírios, segundo as autoridades. Nesse sentido, o líder dos católicos seguiu os passos de seu antecessor, Francisco, ao criticar recentemente o tratamento "extremamente desrespeitoso" dirigido aos migrantes pela administração americana de Donald Trump.

No Líbano, buscará apoiar cristãos e outras comunidades afetadas pela crise, além de rezar no local da explosão do porto de Beirute, em 2020. O papa falará em inglês na Turquia e em inglês e francês no Líbano, abandonando o italiano. O Vaticano diz que não houve medidas extras de segurança, embora a região viva novo aumento de tensão após ataques recentes.

Leão também deverá tratar de paz regional, relações inter-religiosas e migração. Líderes locais esperam que ele cobre justiça por uma explosão no porto de Beirute, em 2020, e ofereça apoio aos jovens libaneses diante da crise econômica.