No Rio, 'palanque duplo' para a oposição em 2022

Política
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Devastado nos últimos anos por escândalos de corrupção e crises econômicas, o Rio pode ver antigos adversários políticos compondo a mesma aliança na eleição estadual do ano que vem. Berço do bolsonarismo e comandado hoje pelo interino Cláudio Castro (PSC), aliado do presidente Jair Bolsonaro, o Estado é visto como peça-chave pela oposição. Até um "palanque duplo" para os projetos presidenciais de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), por exemplo, é considerado.

A ideia é agrupar a esquerda e o centro em torno de um nome. O mais cotado, hoje, é o de Marcelo Freixo (PSOL). Em gesto impensável até pouco tempo atrás, o deputado federal tem construído pontes à sua direita. Mira aproximação com o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), que deve migrar para o MDB, e o prefeito carioca Eduardo Paes (DEM), cuja situação partidária ainda tem um futuro incerto.

A movimentação de seu principal quadro gera reação interna no PSOL, historicamente avesso a alianças com o centro. A saída de Freixo do partido é considerada inevitável por alguns políticos, caso o projeto de candidatura a governador nessa composição se concretize. Nomes importantes da legenda, por outro lado, buscam esfriar o conflito e pedem mais diálogo interno.

Participam das conversas outras figuras importantes da política local. Pelo PSB, fala o deputado federal Alessandro Molon. Representa o PT seu vice-presidente nacional do partido e ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá. O PDT tem voz pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, e pelo ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, que deixou o cargo com cerca de 80% de aprovação no ano passado.

Quem também está sempre presente nas discussões é o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que encerra o mandato à frente da Ordem no início do ano que vem. Cortejado pelo PSDB, o advogado já foi filiado ao PT quando era mais jovem. Também é amigo de longa data de Eduardo Paes, cujo destino político-partidário deve ser decisivo para o do aliado.

Vários nomes, incluindo o de Santa Cruz e o de Rodrigo Neves, são cotados como possíveis candidatos ao governo estadual. Hoje, porém, o projeto Freixo é o que mais empolga, dado o histórico recente de bons sufrágios do psolista. Para consolidá-lo, no entanto, uma série de fatores será considerada.

O deputado já avisou - inclusive em entrevista ao Estadão - que só sairá candidato se compor uma aliança robusta, que vá além da esquerda. É aqui que entra a importância de nomes como Paes e Maia, avaliam Freixo e outros que abraçam a causa.

A iniciativa desses quadros da política para 2022 busca elaborar um discurso de reconstrução do Rio. Ao mesmo tempo, tenta construir um palanque para dois dos principais nomes da centro-esquerda na eleição presidencial: Lula e Ciro. O caso do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), em 2018, é tido como referência para essa possibilidade. O mandatário cearense é aliado do clã Gomes no âmbito local.

"Penso que temos que partir de trás para frente. Primeiro, pensar num segundo turno, garantir que quem chegar lá receberá o apoio para derrotar Bolsonaro", avalia o petista Quaquá. Por orientação de Lula, o PT deve seguir o caminho de abrir mão de protagonismo nos Estados em troca de apoios ao ex-presidente na sua tentativa de voltar ao Planalto.

Um dos gestos recentes dos petistas em aceno aos demais partidos de esquerda se deu na Câmara - e beneficiou dois cariocas. Freixo foi nomeado líder da minoria na Casa; Molon, da oposição. Por ter a maior bancada, o PT poderia reivindicar para si os cargos, mas preferiu afagar PSOL e PSB, duas legendas na mira para a aliança que Lula planeja construir.

No PDT, que vê a possibilidade de lançar nomes considerados fortes em pelo menos oito Estados, a avaliação é de que o palanque nacional puxará os estaduais. "Não abriremos mão do nosso palanque (para Ciro Gomes). Pode ser palanque duplo? Pode", aponta Carlos Lupi.

Vaga no Senado

Dentro dessa configuração para o governo do Estado, a vaga que será aberta no Senado também é discutida. Santa Cruz já foi citado como uma possibilidade, assim como Molon.

Até hoje ameaçado por ter presidido a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio, Freixo sempre pensa com cuidado antes de disputar uma eleição em que uma derrota o deixaria sem direito à escolta que o protege desde então. Ou seja, só trocará a garantida reeleição para a Câmara dos Deputados, onde se sente confortável atualmente, se tiver grandes chances de vitória no Rio.

Quadros importantes do PSOL pedem calma ao deputado em relação ao debate sobre 2022, já que o cenário no Rio ainda é muito indefinido. Eles avaliam que talvez não seja necessário ir além da centro-esquerda para derrotar o bolsonarismo no Estado. Temas como a Segurança Pública e a manutenção da Cedae, empresa pública de saneamento, como estatal, são centrais para o discurso psolista.

"Não estou convencido de que seja o melhor caminho (se aliar a antigos adversários, como Paes e Maia). Não encontra eco na maioria do partido. Mas o Marcelo tem o direito de disputar o partido com essa ideia, tentar ganhá-lo com essa concepção. O que peço é um pouco mais de calma", diz o vereador mais votado do Rio, Tarcísio Motta, que ficou em terceiro na eleição para governador em 2018. Ele defende que o correligionário e a sigla busquem o diálogo e evitem criar um cenário de rompimento.

Caso precise sair do PSOL, Freixo terá que escolher uma nova casa. PT, PDT e PSB evitam falar em "convite". Discretamente, mantêm portas abertas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite deste domingo, 20, esperar que Rússia e Ucrânia farão um acordo "nesta semana". "Ambos começarão a fazer grandes negócios com os Estados Unidos, que está prosperando, e farão uma fortuna", escreveu na rede social Truth Social.

A declaração foi feita em meio a um cessar-fogo de Páscoa marcado por acusações de violação de ambos os lados.

Ainda na rede social, o republicano citou o "Dia da Libertação", como batizou 2 de abril que foi a data em que anunciou uma série de tarifas.

Segundo ele, muitos líderes mundiais e executivos de empresas pediram alívio das imposições tarifárias desde a ocasião. "É bom ver que o mundo sabe que estamos falando sério, porque ESTAMOS! Eles devem corrigir os erros de décadas de abuso, mas isso não será fácil para eles", reforçou ao chamar quem quiser "o caminho mais fácil" para "construir na América".

Ele classificou como "traição não tarifária" questões que chamou de "manipulação cambial", subsídios para exportação, padrões agrícolas protecionista citando como exemplo a proibição de milho geneticamente modificado na União Europeia, entre outros.

Trump também voltou a criticar a discussão a respeito da deportação de Kilmar Armando Abrego Garcia, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador.

Embora o governo do republicano tenha admitido um "erro administrativo", o republicano disse que Garcia está sendo tratado como uma "pessoa muito doce e inocente, o que é uma mentira total, flagrante e perigosa", voltando a citar sua ligação com a gangue MS-13. Os advogados de Garcia negam.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou o ataque feito à usina hidrelétrica Rucalhue, que está sendo construída no rio Biobío, na região centro-sul do país, na madrugada deste domingo, 20, quando 52 veículos foram incendiados no local.

"Assim como fizemos em outros casos, perseguiremos e encontraremos os responsáveis que deverão responder perante a justiça. Continuaremos trabalhando sem recuar para erradicar todas as formas de violência", disse o mandatário em publicação na rede social X.

De acordo com o adido de Polícia do Chile, Renzo Miccono, indivíduos armados invadiram a localidade por volta das 2h30 da madrugada, ameaçaram quatro guardas de segurança e depois atearam fogo a máquinas.

O empreendimento terá 90 megawatts (MW) de capacidade e enfrenta resistência de povos originários locais e de ambientalistas. No último dia 03 de abril, a Corte de Apelações de Concepción negou dois recursos que pediam a paralisação das obras.

De acordo com a Associated Press, a região do Biobío já havia sido palco de outro ataque incendiário no último dia 7 de abril, quando duas residências e um galpão foram destruídos. Segundo autoridades, o ataque foi reivindicado pela Resistência Mapuche Lafkenche (RML).

A empresa responsável pelo projeto, Rucalhue Energía SpA, controlada da China International Water & Electric Corp (CWE), afirmou que está colaborando com as autoridades para encontrar os responsáveis e reforçar as medidas de segurança.

"Por sorte, não houve feridos graves. No entanto, os danos materiais são significativos. Uma avaliação completa das perdas está sendo feita", disse a companhia em comunicado, acrescentando que o projeto segue toda a regulamentação ambiental, social e técnica.

*Com informações da Associated Press.

O Exército de Israel afirmou que errou ao matar 15 socorristas na Faixa de Gaza. De acordo com relatório sobre o incidente, que ocorreu em 23 de março, foram identificadas "várias falhas profissionais, violações de ordens e uma falha em relatar completamente o incidente", informou a autoridade militar neste domingo, 20.

Na ocasião, uma ambulância em busca de pessoas feridas por um ataque aéreo israelense foi alvo de tiros em um bairro na cidade de Rafah, que fica na fronteira com o Egito. Quando outras ambulâncias chegaram para procurar a equipe desaparecida, também foram alvo de tiros.

"A investigação determinou que o fogo nos dois primeiros incidentes resultou de um mal-entendido operacional pelas tropas, que acreditavam enfrentar uma ameaça tangível por parte das forças inimigas", disse o exército israelense em referência a um possível veículo policial do Hamas.

Israel disse que demitiu o comandante adjunto do Batalhão de Reconhecimento Golani, por fornecer "um relatório incompleto e impreciso durante o debriefing" e repreendeu o oficial comandante da 14ª Brigada, citando sua responsabilidade geral.

Para Jonathan Whittall, chefe do escritório humanitário das Nações Unidas em Gaza e na Cisjordânia, a investigação militar israelense careceu de responsabilização. "Corremos o risco de continuar assistindo a atrocidades se desenrolarem, e as normas destinadas a nos proteger, se erodindo". Fonte: Dow Jones Newswires.