Mandatos coletivos tentam virar frente e forçar lobby no TSE

Política
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Em 2020, três meses após a eleição do mandato "A Coletiva", do PT de Belo Horizonte, a titular da chapa renunciou. Como não há regulamentação da "co-vereância", a suplência foi para outro mandato do PT. Segundo Rubinho Giaquinto, que foi co-vereador por menos de três meses, "a diversidade é um combustível fantástico, mas pode detonar o grupo".

Com um manifesto lançado no último dia 23, a Frente Nacional de Mandatas e Mandatos Coletivos busca segurança jurídica e articulação para compartilhar experiências de dividir uma cadeira legislativa em três ou mais pessoas. O texto foi assinado por dois mandatos de Assembleias Estaduais eleitos em 2018 e 26 mandatos eleitos para Câmaras Municipais no ano passado.

Embora na campanha eleitoral seja anunciado um mandato coletivo, na hora da votação só aparece a foto de uma pessoa nas urnas - o candidato oficial, se eleito, é quem pode votar em projetos, falar em plenário e ser remunerado pelo cargo, de acordo com a atual legislação.

Os mandatos coletivos eleitos em 2020 estão distribuídos em nove partidos diferentes (PSOL, PT, PCdoB, PV, PSB, Rede, PDT, Cidadania e Avante). Estão em 24 cidades de dez Estados, sete em capitais. Mais de 70% deles estão distribuídos entre PSOL, PT e PCdoB.

Só na Câmara Municipal de São Paulo há dois mandatos do tipo: a Bancada Feminista e o Quilombo Periférico. Em um deles, também já houve atritos. No início deste ano, após a saída de Erika Hilton da Bancada Ativista para assumir um mandato não coletivo na Câmara, outra integrante decidiu sair do mandato. Hoje a Bancada Ativista segue atuando coletivamente, mas com dois integrantes a menos do que o proposto em 2018 aos eleitores.

Um dos argumentos da Frente é o de que os mandatos coletivos permitem maior diversidade nos espaços legislativos. Segundo levantamento da própria Frente, na última eleição municipal, entre os mandatos coletivos eleitos em 2020, 85% são representados por mulheres e 60% por negros, médias muito superiores à representação geral de ambos grupos minoritários nos parlamentos brasileiros.

Marina Caixeta, co-vereadora do mandato Coletiva Bem Viver, de Florianópolis, avalia que o grupo tem como objetivo a definição de uma legislação como primeiro desafio. Ela defende que "garantir a diversidade de participação em comissões desmistifica o personalismo na política institucional" e que "a legislação é necessária para organizar estatutos partidários ou mesmo regimentos parlamentares".

Robeyonce é co-deputada estadual em Pernambuco pelo mandato Juntas, um dos principais articuladores da Frente. Segundo ela, em 2020, foi observada "uma explosão de mandatos coletivos", e, a partir desse diagnóstico, foi percebida uma responsabilidade política de fazer uma articulação. "Vamos aproveitar que somos uma frente ampla nacional para ampliar a nossa voz que ecoe pelo reconhecimento jurídico e vamos procurar formas de apoiar as candidaturas coletivas em 2022", afirmou.

'Modismo'

Bruno Bolognesi, cientista político e coordenador do Laboratório de Partidos e Sistemas Partidários na Universidade Federal do Paraná (UFPR), vê o movimento como um "modismo passageiro" da esquerda dos últimos tempos. "É muito fácil falar em mandato coletivo quando isso está claramente atrelado a uma pauta de esquerda, de partidos pequenos, para se promover eleitoralmente", disse.

"Como você garante que as decisões coletivas são melhores do que as individuais? Sou um defensor de que o partido tenha mais força no caso do Brasil, mas a dimensão da representação individual continua sendo importante. Não vislumbro segurança jurídica, institucional no horizonte para essa experiência. A relação de representação no Brasil do voto continua sendo no partido e no candidato", resume o cientista político.

Alex Barcellos, co-vereador do Quilombo Periférico, discorda. "O não entendimento do processo do mandato coletivo muitas vezes vem de pessoas que vem de outro lugar, de muito mais privilégio", argumentou. "Viemos de movimentos sociais que trouxeram esse acúmulo para trabalhar colaborativamente com práticas já bem estabelecidas".

A primeira proponente da regulamentação dos mandatos coletivos, a deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP), disse em live com a Frente no último dia 25 que o tema será abordado na próxima reforma eleitoral.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de 2017, de autoria da deputada, está parada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Neste ano, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou uma outra PEC que regulamenta o formato. A Frente apoia ambas.

Procurado, o Tribunal Superior Eleitoral afirma que "a atual legislação eleitoral não dá a possibilidade de candidaturas coletivas e não as reconhece como tal" e que "qualquer alteração na Lei atual tem que ser feita pelo Poder Legislativo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Donald Trump quer restringir a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de pelo menos 43 países. O plano tem uma lista preliminar com o veto total de entrada a cidadãos de 11 países: Afeganistão, Butão, Cuba, Irã, Líbia, Coreia do Norte, Somália, Sudão, Síria, Venezuela e Iêmen. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grande parte da população de Cuba ficou sem energia entre sexta-feira, 14 e sábado, dia 15, após a ilha sofrer o quarto apagão em seis meses. Autoridades informaram que a queda foi provocada por uma avaria em uma subestação em Havana. O fornecimento começou a ser restabelecido lentamente no sábado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, defendeu neste sábado, 15, manter a pressão para que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceite um cessar-fogo na Ucrânia. O premiê promoveu uma reunião virtual com 25 líderes dispostos a garantir uma eventual trégua no conflito.

Starmer reafirmou o compromisso de apoiar a Ucrânia na luta contra invasão russa e assegurar o cumprimento de um cessar-fogo, que tem sido negociado pelos EUA. Céticos sobre qualquer promessa de Putin, os europeus têm discutido como garantir a segurança dos ucranianos no cenário de trégua, mas os russos apresentam resistências.

PRESSÃO

"Concordamos em continuar a pressão sobre a Rússia, manter a ajuda militar para a Ucrânia e continuar a restringir a economia russa, para enfraquecer a máquina de guerra de Putin e levá-lo à mesa de negociações", disse o premiê.

Starmer convocou o encontro virtual após afirmar que o Putin "não leva a paz a sério". A Ucrânia aceitou uma proposta de trégua dos EUA, mas a Rússia disse que era preciso discutir os termos do acordo e exigiu um série de concessões ucranianas.

"A ideia, em si, é correta, e certamente a apoiamos. Mas há questões que precisamos discutir", disse Putin. A resposta foi interpretada como uma forma de atrasar o cessar-fogo, sem desagradar Donald Trump.

O encontro de sábado reuniu líderes de 25 países da Europa, além de Comissão Europeia, Canadá Austrália, Nova Zelândia e Ucrânia. A ideia, segundo Londres é criar uma coalizão disposta a apoiar uma "paz justa e duradoura".

"Minha sensação é que, mais cedo ou mais tarde, Putin terá de sentar à mesa e negociar", disse Starmer. "Se Putin não negociar, devemos fazer todo o possível para aumentar a pressão sobre a Rússia, para que ela acabe com esta guerra."

MACRON

Starmer e o presidente francês, Emmanuel Macron, lideram os esforços por garantias de segurança para Ucrânia desde que Trump abriu negociações diretas com a Rússia, no mês passado. As primeiras conversas, sem a participação dos ucranianos, acenderam o alerta na Europa, preocupada com a guinada na política externa americana.

Sob Trump, os EUA votaram com a Rússia contra uma resolução da ONU que condenava a guerra. O presidente americano repetiu falsas alegações de Putin sobre o conflito e chegou a suspender o apoio militar e o compartilhamento de informações da inteligência americana com a Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse que discutiu com Macron os aspectos técnicos sobre como o cessar-fogo poderia ser aplicado. "Nossas equipes continuam trabalhando em garantias de segurança claras, e estarão prontas em breve", afirmou Zelenski.

Starmer e Macron, que conversaram por telefone na véspera da reunião virtual deste sábado, expressaram a disposição de enviar tropas britânicas e francesas à Ucrânia, mas não está claro se outros países estão dispostos a fazer o mesmo e, mais importante, se Putin aceitará. (Com agências internacionais).