'Quem o patife vai culpar pela inflação?', ataca Bolsonaro, sem citar Doria

Política
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O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira, 16, que os produtos alimentícios podem sofrer nova alta nos preços com a continuidade de medidas de restrições de combate à pandemia da covid-19. Sem citar diretamente o nome de seu adversário político João Doria (PSDB), Bolsonaro questionou apoiadores sobre quem o governador de São Paulo culparia em caso de inflação. "Quem o patife vai culpar pela inflação?", disse.

Em conversa com simpatizantes no período da manhã, o chefe do Executivo federal disse ter se encontrado na quinta-feira com Ricardo Mello Araújo, presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), e conversado sobre a queda na plantação de hortaliças. O motivo seriam as medidas de fechamento adotadas por causa da pandemia.

"Estão deixando de plantar porque bares e restaurantes, o comércio (está) fechado em grande parte, e não tem saída (demanda). Quando voltarem a plantar, vai demorar algum tempo para voltar à normalidade. Para onde é que vai o preço? Vai lá para cima", disse o presidente. "Quem o patife vai culpar pela inflação? Não vou falar quem é o patife aí. Já tivemos uma alta bastante robusta nos produtos alimentícios do ano passado para cá", afirmou.

Em outro momento, também sem citar Doria, Bolsonaro repetiu: "Quando voltar o consumo novamente, o preço da banana vai lá para cima, daí o patife vai dizer que a inflação é culpa minha. Não fala quem é o patife aqui não, tá. Se olhar no dicionário, até que não é tão pejorativo assim, não."

Segundo Bolsonaro, por causa de medidas de restrição, "produtos de primeira necessidade podem aumentar de preço".

A inflação de alimentos, contudo, tem relação com o preço alto do dólar ante ao real e aos volumes exportados. Em março, a inflação oficial foi de 0,93%, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor foi puxado pelos aumentos nos preços dos combustíveis, enquanto os alimentos subiram menos no mês passado.

Além disso, de acordo com o 4º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado na quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços das principais hortaliças (alface, cenoura, batata, cebola e tomate), comercializadas no atacado, em março, registraram queda.

Na conversa com apoiadores, ainda ao comentar os efeitos do fechamento de estabelecimentos na economia, Bolsonaro também comentou que Mello Araújo estava em "missão" nesta sexta de envio de mantimentos para duas comunidades indígenas, localizadas a 100 quilômetros da capital do Estado. "Os índios viviam de artesanato. Graças àquela figura lá em São Paulo, esse pessoal está na miséria. Então, (Mello Araújo) está levando vários caminhões para lá levando mantimentos. O governador que devia fazer isso, já que ele quer fechar, ele devia fazer isso", disse.

Bolsonaro também voltou a dizer que a Ceagesp era alvo de corrupção e que agora "passou a ser referência" com a gestão de seu indicado.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.