Fachin diz que situação da violência policial no Rio é contrária à Constituição

Política
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Relator de uma ação do Partido Socialista Brasileiro (PSB) que pede a intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) na elaboração de um plano de redução da letalidade e da violência policial no Rio de Janeiro, o ministro Edson Fachin disse nesta sexta-feira, 16, na abertura da audiência pública que começa a debater o tema, que objetivo da iniciativa é 'mudar uma cultura'.

"Esta arguição tem, na realidade, objetivo de mudar uma cultura, que como o tribunal já afirmou no julgamento da medida cautelar decorre de um estado de coisas complemente contrário à Constituição", disse o ministro.

Fachin afirmou ainda que o tribunal está 'sensível' ao debate e pretende 'contribuir e orientar' o governo do Rio a cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direito Humanos que, desde 2017, estabelece a necessidade de um plano de metas e políticas para a Segurança Pública.

A ideia é o que o programa tenha medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos necessários para sua implementação.

O PLANO DEVE BUSCAR SOLUÇÕES PARA TRÊS PONTOS PRINCIPAIS:

- Melhoria do treinamento dos policiais;

- Enfrentamento do racismo estrutural;

- Protocolos para uso da força de modo proporcional e progressivo e em conformidade com a Constituição e com os parâmetros internacionais.

"O plano, evidentemente, deverá contar com a participação da sociedade civil e, para o seu sucesso, é indispensável que haja colaboração efetiva dos órgãos federais, notadamente a Procuradoria Geral da República", defendeu Fachin.

O ministro Gilmar Mendes, presidente da Segunda Turma do tribunal, também participa da audiência, convocada para subsidiar tanto o plano pelo governo do Rio de Janeiro quanto os procedimentos para a fiscalização da atuação policial e dos órgãos do Ministério Público do Estado.

"Todos nós sabemos que neste caso há uma patologia e que nós precisamos de um instrumento de cura", afirmou. "É difícil dizer que o valor que uma ação como esta tem e, oxalá, a partir desta audiência pública, nós consigamos trazer elementos para os autos que contribuam para essa mudança que todos almejam."

Em agosto do ano passado, o Supremo referendou uma liminar concedida por Fachin e restringiu operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro até o fim da pandemia do coronavírus. Gilmar lembrou que a decisão produziu uma redução nos casos de letalidade.

"Quem está legitimado a usar a força, não pode usar a força em qualquer tempo e não pode fazê-lo de maneira desproporcional", defendeu. "No caso do Rio de Janeiro, isso tem aparecido em vários diagnósticos, inclusive internacionais, se fala também dos problemas do racismo estrutural, que pode de alguma forma contaminar as ações da polícia", acrescentou.

Na avaliação do ministro, a discussão pode abrir caminho para uma nova política de Segurança para além dos limites fluminense. "[A ação] está focada, pela gravidade da situação, no Rio de Janeiro, mas oxalá possa vir a constituir uma base, talvez, de uma Lei de Segurança Pública", disse.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou há pouco que o exército russo está acumulando tropas ao longo da fronteira leste do país. Isso, segundo ele, "indica que Moscou pretende continuar ignorando a diplomacia" e tem a intenção de atacar a região de Sumy.

"Está claro que a Rússia está prolongando a guerra. Estamos prontos para fornecer aos nossos parceiros todas as informações reais sobre a situação no front, na região de Kursk e ao longo de nossa fronteira", disse Zelensky, em publicação na rede social X.

A publicação também afirma que a situação na direção da cidade de Pokrovsk foi estabilizada, e que as tropas ucranianas continuam retendo agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk.

Segundo Zelensky, o programa de mísseis da Ucrânia teve "resultados tangíveis", com o míssil longo Neptune testado e usado "com sucesso" em combate.

O presidente também disse que o Ministério de Defesa da Ucrânia apresentou um relatório sobre novos pacotes de apoio de outros países. "Sou grato a todos os parceiros que estão ajudando", acrescenta.

O Hamas disse neste sábado que só libertará um refém americano-israelense e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade, que morreram em cativeiro, se Israel implementar o atual acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A organização chamou a proposta de um "acordo excepcional" destinado a colocar a trégua de volta nos trilhos.

Um alto oficial do Hamas disse que as conversas há muito adiadas sobre a segunda fase do cessar-fogo precisariam começar no dia da liberação de reféns e não ultrapassar uma duração de 50 dias. Israel também precisaria parar de barrar a entrada de ajuda humanitária e se retirar de um corredor estratégico ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.

O refém americano-israelense Edan Alexander, 21 anos, cresceu em Nova Jersey, nos EUA, e foi raptado da sua base militar durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. Ele é o último cidadão americano vivo detido em Gaza.

O Hamas também exige a liberação de mais prisioneiros palestinos em troca dos reféns, disse o oficial, que falou sob condição de anonimato.

Não houve comentários imediatos de Israel, onde os escritórios do governo estavam fechados para o Sabbath (descanso) semanal. O escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas na sexta-feira de "manipulação e guerra psicológica" quando a oferta foi inicialmente feita, antes de o Hamas detalhar as condições.

A Rússia e a Ucrânia trocaram intensos ataques aéreos na madrugada deste sábado, com ambos os lados reportando mais de 100 drones inimigos sobre seus respectivos territórios.

O ataque ocorre menos de 24 horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, encontrar-se com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, para discutir detalhes da proposta americana de um cessar-fogo de 30 dias na guerra com a Ucrânia.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que derrubou 126 drones ucranianos, 64 dos quais foram destruídos sobre a região de Volgogrado. Drones também foram abatidos sobre as regiões de Voronezh, Belgorod, Bryansk, Rostov e Kursk, disseram autoridades.

Já a força aérea da Ucrânia disse que a Rússia lançou uma enxurrada de 178 drones e dois mísseis balísticos sobre o país durante a noite.

A Rússia atacou instalações de energia nas regiões de Dnipropetrovsk e Odessa, causando danos significativos, disse a empresa privada de energia da Ucrânia DTEK