Siglas de oposição, sim, pero no mucho

Política
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Líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR) se encontrou recentemente nos corredores da Casa com o colega de partido Eduardo Girão (CE) e fez um alerta: "Você precisa tirar esse carimbo de governista que lhe deram."

Embora seja de uma sigla que faz oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro, Girão é visto pelos pares como integrante da "tropa de choque" governista na CPI da Covid no Senado.

O senador cearense defendeu que a CPI se estendesse aos governadores e prefeitos, assinou o mandado de segurança pela retirada de Renan Calheiros (MDB) da relatoria da comissão e é favorável ao uso da cloroquina no tratamento da covid, "em nome da autonomia médica".

São pautas que atendem aos interesses do presidente Jair Bolsonaro. "Ficou esse rótulo (de governista), mas meus votos mostram que tenho independência", disse ele.

Na Câmara, o Podemos convive com um deputado que é abertamente bolsonarista: José Medeiros (MT). A atuação dele pró-Planalto constrangeu o partido, que organizou uma reunião para tratar do tema.

Foi ventilada, na ocasião, a possibilidade de liberar os parlamentares governistas para mudarem de legenda antes da janela partidária - ou seja, sem recorrer à Justiça pelo mandato.

Até o momento, porém, nada foi decidido. "Não fazemos parte da bancada governista. O Medeiros tem uma posição bolsonarista incompatível com o que prega o partido", disse Alvaro Dias.

Procurados, Girão, Medeiros e a presidente da sigla, deputada Renata Abreu (SP), não se manifestaram.

O caso do Podemos não é o único. O PSDB adotou discurso de oposição, mas o senador Izalci Lucas (DF), líder da sigla, era, até pouco tempo, o vice-líder do governo no Senado.

Na Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB) chegou à presidência da Comissão de Relações Internacionais da Casa com apoio do Palácio do Planalto.

Pressão

A executiva tucana não tomou providências para orientar a bancada, mas o governador de São Paulo, João Doria, pressiona nos bastidores para que o PSDB enquadre os tucano "governistas". "O PSDB no Congresso sempre votou favorável ao que é importante para o País", disse Izalci.

Procurado, o presidente do partido, Bruno Araújo, não quis comentar.

O DEM tem dois ministros no governo - Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), eleito com apoio do Planalto, tentou evitar a CPI da Covid.

Ainda assim, a sigla liderada por ACM Neto sustenta formalmente ser oposição e "lançou" o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta como "presidenciável" no grupo Polo Democrático. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Caças britânicos interceptaram duas aeronaves russas voando perto do espaço aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As interceptações marcam o primeiro voo da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) como parte da Operação "CHESSMAN" e ocorrem poucas semanas após o início da defesa britânica, junto à Suécia, do flanco leste da Otan.

O comunicado diz que dois Typhoons da RAF foram enviados da Base Aérea de Malbork, na Polônia, na última terça-feira, dia 15, para interceptar uma aeronave de inteligência russa Ilyushin Il-20M "Coot-A" que sobrevoava o Mar Báltico.

Depois, na quinta-feira, dia 17, outros dois Typhoons partiram da base para interceptar uma aeronave desconhecida que deixava o espaço aéreo de Kaliningrado e se aproximava do espaço aéreo da Otan.

Ainda segundo o documento, a medida segue o compromisso do governo britânico de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O Reino Unido é inabalável em seu compromisso com a Otan. Com a crescente agressão russa e o aumento das ameaças à segurança, estamos nos mobilizando para tranquilizar nossos Aliados, dissuadir adversários e proteger nossa segurança nacional por meio do nosso Plano para a Mudança", disse o ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, em nota.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 21, que o Brasil é o País da paz e que por isso continuará tentando ajudar no diálogo pelo fim das guerras, como a que ocorre na faixa de Gaza. Alckmin foi questionado em entrevista à CNN Brasil sobre o resultado de esforços de lideranças como o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira, 21, para pacificar regiões.

"O Brasil é o país da paz, e exatamente por não ter litígio com ninguém, ele pode ajudar, ajudar nesse diálogo. É mais demorado infelizmente, mas o Brasil é sempre um protagonista importante, e o presidente Lula é um protagonista importante da paz e do diálogo, vamos continuar nesse trabalho", disse o vice-presidente.

Alckmin contou também que ainda conversará com Lula sobre a presença do Brasil no enterro do pontífice, e lembrou que o presidente já decretou luto oficial de sete dias pela morte do papa. "Para nós católicos, nosso líder, o Papa, sua santidade. Para toda a humanidade, a figura maravilhosa da paz, da concórdia, do diálogo entre as religiões, da inclusão, do respeito, é uma vida de exemplos que fica para todos nós. E o Brasil tinha um enorme carinho com o Papa", disse Alckmin sobre o papa Francisco.

O ministro também foi perguntado sobre a agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que encontrou o líder da igreja católica em audiência reservada no ano passado, no contexto de conversas sobre a agenda de tributação de super-ricos - que atualmente é a proposta de compensação fiscal para o governo ampliar a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Sobre o tema, Alckmin disse ser importante que o País tenha boas políticas públicas para ajudar a vida dos que mais necessitam. "E levar essa verdadeira mensagem de fraternidade, de diálogo, não de prepotência, de força, mas do diálogo e da compaixão", afirmou.

"Amar ao próximo não é discurso. Amar ao próximo são atitudes, são propostas, são ações, que a fé sem obras é morta", disse o vice-presidente.

A China irá impor sanções a algumas autoridades dos Estados Unidos e chefes de organizações não governamentais (ONGs) por comportamentos flagrantes relacionados a Hong Kong, informou o Ministério das Relações Exteriores. As sanções são uma resposta às penalidades impostas pelos Estados Unidos em março contra seis autoridades chinesas e de Hong Kong, afirmou o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 21.

Pequim irá impor sanções a vários membros do Congresso americano, autoridades governamentais e chefes de ONGs por terem "se comportado mal em questões relacionadas a Hong Kong", disse Jiakun, sem revelar os nomes.

O porta-voz alertou que os Estados Unidos não têm permissão para interferir nos assuntos de Hong Kong. Pequim considera Hong Kong uma parte inalienável da China. "Quaisquer ações equivocadas tomadas pelos EUA em questões relacionadas a Hong Kong serão respondidas com firmes contra-ataques e medidas recíprocas da China", disse Guo.

A medida ocorre semanas após o Departamento de Estado dos EUA impor sanções a autoridades chinesas e de Hong Kong, citando a repressão política contínua em Hong Kong - e os esforços para estender essa repressão a cidadãos dos EUA - e as restrições ao acesso ao Tibete.

As seis autoridades citadas pelos EUA incluem Raymond Siu, comissário de polícia de Hong Kong, e Paul Lam, secretário de Justiça da cidade. Fonte: Dow Jones Newswires